A fúria de Eva

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Nublado estava meu primeiro dia na universidade, costumo dizer que dias assim, é sinal que algo desagradável irá acontecer.

Plumária é uma cidade no interior de São Paulo, minha família e eu vivemos no bairro Olinda, o bairro da classe baixa.

Apesar de odiar acordar cedo, eu estava animada para estudar na universidade Marcelino Brandão, finalmente eu estaria onde mereço, junto de pessoas finas e sofisticadas. Abro meu guarda roupa e fico enfurecida por não encontrar algo adequado para um ambiente de primeiro mundo.

Esses molambos, serão o ingrediente principal para eu ser a chacota da turma.

— Bom dia, filha! Está animada para ir? — Minha mãe surge na porta entre aberta do meu quarto sorrindo, é sério mamãe?

— O que você acha? Olha as porcarias que eu tenho para vestir. — Seguro um punhado de roupas e jogo na cama. – Eu não posso ir assim.

— Deixa de bobagem! Além do mais, está indo estudar, não para um concurso de beleza. – O café está na mesa.

Como eu odeio o jeito de ser da minha mãe, realmente ela não se dá conta do mundo lá fora. Visto a minha "melhor roupa", tomo apressadamente meu café e saio, preciso pegar dois ônibus para chegar até o parque das margaridas.

Depois de duas horas nesses ônibus imundos, finalmente cheguei. Minha vontade, voltar para trás e afundar a cabeça no travesseiro de vergonha. Que lugar incrível! Nunca estive em um ambiente tão grande. Como tive coragem de vir até aqui vestida assim, todos estão muito bem trajados, e eu nesse estado decadente. Hesito por alguns minutos e finalmente entro, não rodei duas horas para amarelar.

Percebo muitos olhares de desejo percorrerem meu corpo definido, ao menos a genética é boa, herdei de minha mãe um belo par de coxas grossas e um bumbum arrebitado.

Uma garota sorridente se aproxima de mim eufórica, ela se chama Sophia, filha da patroa da minha mãe, que lindo, não?

— Oi. Você dever ser a Eva, reconheci através de uma fotografia que a dona Soraia me mostrou, sua e de sua irmã. – Prazer Sophia. — Ele estende a mão para um aperto.

— Prazer é meu! — Ela já está me irritando com esse sorriso besta.

Minha mãe sempre falou de nós com bastante orgulho para os patrões, como se adiantasse alguma coisa.

Aproveitei a companhia de Sophia, para sondar o território, quero saber como são os riquinhos mimados daqui.

— Sophia, estou apreensiva. Como pode ver, não tenho o mesmo nível social de vocês, tampouco me visto igual. — As emissoras estão perdendo uma grande atriz, que no caso sou eu.

— Não se preocupe! Ninguém irá lhe maltratar por isso. – Vamos para sala? — Antes de obter resposta, ela me puxa pelo braço como se já fossemos melhores amigas.

Como ela pode saber que não serei maltratada? Creio que nunca experimentou a sensação de ser pobre e ganhar olhares de repulsa de pessoas superiores, pelo simples fato de não pertencer a mesma categoria.

Na sala de aula, eu era o centro das atenções, os meninos interessados no meu corpo e as meninas, preocupadas em zombar da minha penúria. Sentei perto da Sophia e de uma garota chamada Sarai, as duas me trataram muito bem, mas como nem tudo são flores, satanás mandou sua filha para fazer do meu dia um inferno. Melissa Assunção, uma patricinha mimada que não teve a menor pena ao me humilhar.

— Olha só, temos um rostinho bonito na sala. — Essa cobra peçonhenta está prestes a dar o bote, ela para na minha frente, colocando as mãos sobre a minha mesa com um sorriso debochado. — Como se chama?

A Perdição de EvaWhere stories live. Discover now