Abismo De Dor

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A noite passada, com certeza foi a mais marcante da minha vida – foi a despedida do meu amor. Eu me sinto péssima, a pior das mulheres, mas foi a minha escolha. Acordei e Hércules já havia saído para o trabalho, melhor assim, já não tenho cara para olhá-lo nos olhos. Fui para casa - mamãe e Gisele já haviam ido para o trabalho. Tomo banho e me jogo na cama, parece que um pedaço meu foi arrancado e sinto um tremendo vazio, não quero ir para universidade, não quero ver ninguém, só quero que isso acabe logo.

Coloco poucas peças de roupas em minha mala – não vou mais precisar desses molambos. Estou tentando ser forte, mas a verdade é que não será nada fácil, vou renunciar a coisa que mais amo na minha vida e nem tenho total certeza que valerá a pena.

Passei o decorrer do dia chorando, embora pareça um monstro – eu tenho sentimentos, não consegui comer quase nada, mas fiz um enorme esforço por esse bebê que está em meu ventre, o meu filho, fruto do amor que sinto pelo Hércules. Me pergunto, será que realmente o amo? Como posso amá-lo se pretendo deixa-lo sofrendo em um abismo de dor e amargura.

Valter me ligou o dia todo, mandou mensagem, mas não respondi. Por um momento penso em desistir dessa loucura, mas por outro, penso em tudo que posso ter ao seu lado e na vida confortável que poderei dar ao meu bebê. Após dormir o dia todo, acordo com o celular tocando e novamente, é o Valter.

— Alô.

— Eva, porque não me atendeu? Eu liguei o dia todo, você não apareceu – estava preocupado, não me diga que desistiu.

— Só estava cansada.

— Menos mal. Eu já estou com nossas passagens em mãos, podemos partir hoje mesmo. Querida, estou ansioso para começar uma vida com você.

— Daqui a pouco – estarei no seu apartamento. Me mande seu endereço.

— Tudo bem, minha linda. Já falou com a sua mãe ou com ele? Cuidado para ela não se alterar.

— Ainda não! Não se preocupe, irei resolver isso agora. Até mais.

Que sujeito grudento! De qualquer forma, já tomei minha decisão. Pego minha mala, dou uma última olhada para o meu quarto com lágrimas nos olhos e saio. Ao chegar na sala, me deparo com a minha mãe, Gisele e Hércules entrando, ele está segurando um buque de flores. Fico paralisada ao olhar para eles e suas reações não são diferentes da minha.

— Onde vai com essa mala? — Minha mãe está surpresa com a situação.

Demoro alguns minutos para criar coragem e enfim responder.

— Estou indo embora!

— Vai morar com Hércules? — Pergunta Gisele olhando para Hércules que está tão surpreso quanto elas.

— Não Gisele, estou indo embora desta casa e da vida do Hércules. — Neste momento, ele deixa o buque de flores e arregala os olhos – que lacrimejam imediatamente .

— O que você está dizendo?! — Minha mãe se aproxima de mim, feito uma cascavel raivosa e nos encaramos frente a frente.

—- Isso que você ouviu! — Estou cansada dessa vizinhança nojenta e dessa vida miserável, eu vou viver com o Valter! — Neste momento, Hércules se ajoelha, chorando desesperadamente, enquanto minha mãe dá um tapa em meu rosto.

— Que tipo de gente você é. — Ela me sacode, apertando os meus braços. — Você é a maior vergonha da minha vida! — Mamãe me dá outro tapa.

— Pode me bater o quanto quiser, mas nada nesse mundo me fará ficar. — Não sou como você e a trouxa da Gisele que se contentam com essa droga de vida que a gente leva. — A encaro com raiva.

A Perdição de EvaWhere stories live. Discover now