Penúltimo Capítulo Parte 2

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Voltamos o mais rápido possível para casa, eu não via a hora do Hércules parar naquele hospital.

— Acelera esse carro, homem. — Digo ansiosa e nervosa.

— Eu vou na velocidade permitida. Você está grávida e correr só vai provocar mais tragédias.

Por mais que ele esteja certo, eu quero chegar o mais rápido possível e parece que esses sinaleiros estão contra mim.

Passados alguns longos minutos, finalmente chegando. Eu desci que nem um foguete e fui logo dando cara com a minha mãe chorando.

— Mamãe, o que aconteceu? — Pergunto extremamente ansiosa.

— A sua irmã teve uma eclampsia e precisou ser internada imediatamente.

— O que?! Não é possível. E os bebês?

— Ainda não tenho notícias

Isso está parecendo um pesadelo sem fim. De repente, meu coração foi invadido por uma enorme tristeza e eu nem posso contar com a Sarai, ela está viajando com o Heitor e não quero atrapalhar. Todas as enfermeiras que passavam pelo corredor, eu parava em busca de notícias sem sucesso.

— Fica calma, vai acabar passando mal. — Hércules tenta me acalmar em vão.

— Eu não consigo, eu só que... — Minha fala é abafada pela chegada do médico.

— Boa noite! Não tenho boas notícias. Para salvar a vida mãe, precisamos fazer uma cesariana e um dos bebes não resistiu. — O médico fica cabisbaixo e eu não consigo acreditar no que ouvi.

Sai correndo pelo corredor até encontrar o quarto que estava minha irmã. Eu pude ver o corpo desfalecido de seu pequeno menino sem vida, me pus a chorar feito uma criança, porque coisas tão dolorosas – acontecem com pessoas boas e inocentes?

— A senhora não pode ficar.

— Ninguém vai me tirar daqui!

— Venha comigo para colocar um traje adequado.

Eu não posso imaginar a dor da minha irmã quando ela acordar e saber que um de seus filhos não está entre nós. A menina foi para a uti neonatal, com poucas chances de sobreviver.

Fiquei a madrugada inteira ao seu lado, pedindo a Deus pela saúde da minha sobrinha, minha mãe e os outros que aguardavam do lado de fora faziam o mesmo.

Gisele acordou pouco antes depois do almoço, ela parecia agitada e confusa.

— Onde eu estou? Eva? — Gisele iria tocar a barriga, mas eu a impedi.

— Não pode!

— Porque não? — Gisele olha para a barriga e percebe que não está mais grávida. — Cadê os meus filhos?

— Se você prometer que ficara calma, eu te conto tudo. — Gisele concorda com a cabeça.

Eu não sei como dar esta notícia a ela, não encontro as palavras.

— Ontem você teve uma pré-eclâmpsia e foi se complicando a situação... — Gaguejo por alguns minutos, tentando conter o choro. — Para salvar a sua vida, tiveram que fazer um parto prematuro, uma cesárea.

— Então meus filhos estão bem? — Gisele sorri animada e isso me dói muito.

— Olha, fica calma. O menino não sobreviveu e a menina está na uti neonatal se recuperando. Sua filha precisa que você seja forte.

— O que?! — Gisele gritou tão alto que a cidade inteira poderia ouvir.

A abraço com todas as minhas forças, tentando dar conforto, mas a sua dor é maior que qualquer coisa. Eu poderia ter enrolado mais para contar, mas não sabia mais o que dizer.

A Perdição de EvaOnde histórias criam vida. Descubra agora