Desejos Proibidos

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— Eva, acordem! – O que aconteceu aqui? — Droga! Minha mãe está possessa, Hércules e eu acabamos dormindo no sofá.

— Não aconteceu nada! Porque a senhora sempre pensa o pior de mim? — A essa altura já estou estressada.

— Então se expliquem, assim eu não penso nada.

— Dona Soraia, perdão. A gente estava conversando e acabou pegando no sono, mas dou minha palavra que não passou disso. — Minha mãe confia muito no Hércules e acredita em tudo que ele fala.

Depois do meu amado esclarecer os fatos, ele foi embora e eu me arrumar para ir logo a universidade, não quero me atrasar por nada, hoje é um dia importante.

Estou começando me acostumar a correr para não perder o ônibus, é como dizem, se não pode mudar a situação por enquanto, acostume-se a ela.

Estou totalmente focada na entrevista de hoje, quando um imbecil se senta ao meu lado, arreganhando as pernas, me espremendo.

— Escuta, você está invadindo o meu espaço. Fecha a droga desta perna antes que eu soque a sua cara. – Lugar de predadores sexuais, é na cadeia.

Felizmente o idiota me levou a sério e tratou de se endireitar, após alguns minutos, cheguei.

Nada vai estragar o meu dia, nem mesmo a cara de bunda da Melissa que vem vindo em minha direção, feito uma anaconda prestes a engolir um porco.

— Escuta aqui, vadia suburbana! Que diabos você quer trabalhando com o meu noivo? — Ela está tão próxima que sua saliva me atinge, no mínimo nojento.

— Calma aí, amiga. – Segundo você, eu sou uma morta de fome patética, qual é o motivo desse chilique? — O deboche com certeza é para mim, principalmente com a mão na cintura, sorrindo ironicamente.

— Realmente, você é tudo isso! – Espero mesmo que esteja lá só para conseguir uns trocados para pagar as despesas do barraco que você certamente mora, caso contrário, eu acabo com você! — Ela é boa em meter o dedo na cara dos outros, mas isso não me intimida.

— Você deveria relaxar mais, tanto estresse, vai lhe trazer muitas ruguinhas. —- Faço cocegas nas gordurinhas dessa vaca e saio.

Até que enfim, estou tendo um bom dia de aula, nada de zombarias ou humilhações, ela deve estar histérica demais para me aborrecer.

As horas se passaram e estou pronta para impressionar Valter Fernandez, seu consultório é próximo a universidade, em poucos minutos, cheguei até lá. O lugar é bastante aconchegante, possui lindos lírios brancos, decorando a mesinha de café, cercada por poltronas confortáveis. Vários profissionais atendem no prédio, é bastante comum o fluxo de pessoas classe alta.

A recepcionista, Sandra, muito educada por sinal, me levou até a sala de Valter que estava terminando de atender um paciente.

Minutos depois, entrei e fui recebida com um sorriso caloroso, quanta hospitalidade!

— Boa tarde! Estou feliz que veio, Eva. — Ele aperta minha mão com entusiasmo.

— Não perderia essa oportunidade por nada! — Sorrio enquanto penso em meu único proposito aqui.

— Perfeito! Sua função será: Atender os telefonemas, anotar os recados e marcar as consultas, acha que consegue?

— Pode apostar que sim!

Isso não é nenhum pouco difícil, e com meu empenho, já está no papo. Na medida que o dia passa, sinto saudades do Hércules, não posso deixar de me sentir mal por ele. Temos uma história juntos, são seis anos, é uma pena eu pensar somente em dinheiro e querer jogar tudo para o alto. Estou absolutamente perdida em meus pensamentos, tanto que não percebo Valter falando comigo feito bobo.

— Eva, você está bem? — Ele não demonstra irritabilidade, o que é bom.

— Me perdoe! Estava pensando na minha mãezinha, ela trabalha muito e sempre reclama de dores. — Fico cabisbaixa para comove-lo.

— Vamos tomar café na lanchonete aqui do prédio, e você e me fala mais sobre o assunto.

Ele é um cavalheiro! Puxou a cadeira para eu sentar, e disse que eu poderia pedir o que quisesse. Isso é música para os meus ouvidos. O lugar possui uma grande variedade de guloseimas, cardápio diet e light, enfim, para todos os gostos. Pedi uma torta de frango e suco de laranja, ele me acompanhou e pediu o mesmo.

— Então, eu fiquei muito satisfeito com seu empenho. Está oficialmente contratada, bem-vinda ao time! — Não contenho a minha satisfação e o beijo na bochecha por alguns instantes.

— Perdão! Eu fiquei muito feliz com a contratação e acabei me empolgando. — Pego um guardanapo e limpo seu rosto sujo com o meu batom.

Ele não disse uma palavra, está mais interessado nos meus lábios que estão a centímetros do seu, do que em qualquer outra coisa.

Depois desse episódio que certamente me aproximou um pouco mais dele, comemos e falamos sobre coisas aleatórias.

— Você disse que sua mãe não se sente bem, tenho vários amigos que podem atende-la, realizar um check-up, enfim, o que for preciso para ela ficar bem. — Ele realmente demonstra interesse em ajudar a minha mãe, o que me deixa ainda mais convicta de que ele é o que eu preciso.

— Eu não quero incomodá-lo de forma alguma, está fazendo muito em me dar trabalho. – Com este emprego, poderei ajudar nas despesas e ela trabalhar menos quem sabe.

Valter coloca suas mãos sobre as minhas com afeto, soltando um longo suspiro em seguida...

— Não está me incomodando em nada! Fico admirado com o amor que sente por sua mãe e seu jeito meigo de ser, queria que a Melissa fosse assim. — Ah Valter, você tinha que cortar o clima, falando dessa vaca. — Bom, não vou ocupar mais o seu tempo, pode ir para casa. – Eu te espero amanhã. — Valter beija meu rosto mais tempo que o esperado, noto que ele estremece e percebo seu olhar desejando os meus lábios, sei disto porque é desta forma que o Hércules me olha, mas pelo Valter não sinto absolutamente nada.

Me retiro e vou para casa, este personagem está me desgastando muito, mas está me trazendo ótimos frutos. O fato de pegar esses ônibus malditos, não está me incomoda mais, isso acabará em breve.

Cheguei em casa bem de tarde, o pôr do sol estava lindo. Eu queria contar a novidade do trabalho novo e deixar a minha mãe orgulhosa, e aproveitar a folga do Hércules tomando sorvete na praça luz do amor, ele adora quando a gente faz esses programas. Todos os meus planos foram frustrados quando abri a porta e vi minha mãe caída na sala.

— Mamãe!!! – Por Deus, fala comigo! Socorro!!!

Saio desesperada e vou até a casa do Hércules pedir ajuda, passo pela porta feito um furação.

— Hércules, me ajuda! – A mamãe está desmaiada e não acorda. — Será isso um castigo pelo o que estou fazendo?

— Calma princesa, vamos até lá!

Hércules, Antônia e eu, fomos até a minha casa e a minha mãe estava do mesmo jeito. Imediatamente, ele pegou o táxi e fomos para o hospital São Cristóvão. Chegando lá, os médicos rapidamente a atenderam. Após uma espera que para mim durou um milênio, um dos médicos nos comunicou que o hospital não tinha os recursos necessário para atende-la.

— Como que não tem recursos? Então qualquer pessoa que chegar aqui morre, é isto? — Eu estou muito irritada.

— Não é isto, não temos no momento um cardiologista, e sua mãe sofreu um ataque cardíaco. – Recomendo que a levem para o hospital de Guadalupe imediatamente. — Guarde as recomendações doutor, não temos dinheiro para isso.

Coloco as mãos na cabeça sem saber o que fazer, estou no ápice do desespero, até que o rosto de Valter vem em minha mente.

A Perdição de EvaOnde histórias criam vida. Descubra agora