VII

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Duncan West e Georgiana permanecerem em silêncio enquanto a filha contava o que acontecera no jardim e como James a salvara. Caroline suportara de cabeça erguida os murmúrios e olhares tortos durante o restante do baile. Apesar da coragem, sentiu-se aliviada quando a mãe a chamou para a biblioteca do duque de Rivington. James já os esperava lá. Ele mesmo solicitara ao duque um local adequado para a conversa.
- Serei eternamente grato a você, Reddich.
Duncan falou, visivelmente abalado, quando Caroline terminou seu relato.
- Fiz apenas minha obrigação, West. Peço-lhe desculpas por permitir que fôssemos vistos.
Caroline encarou James, aturdida com as palavras dele.
- Peço que não se culpe por isso, James. Eu estava nervosa e você estava tentando me acalmar, você não poderia prever que alguém iria justo para aquela parte do jardim.
- Eu deveria ter agido mais rápido.
- James contrapôs, com firmeza.
Caroline se lembrou de como ele estava furioso. Se ela estava abalada, ele tampouco estava controlado, contudo, não insistiu no assunto.
- Não creio que haja culpados pelo que aconteceu nesta noite, a não ser o sr Birminghan. Ele obviamente a levou ao jardim com a intenção de fazer-lhe mal. Amanhã descobriremos quem ele é e eu mesma o farei pagar por isso.
Georgiana declarou, as feições marcadas pela raiva mal contida.
- Gostaria de ir para casa agora. - Caroline pediu, dirigiu-se ao conde, segurando as mãos dele entre as suas
– Obrigada, James. Não se preocupe com esses boatos tolos. Amanhã a aristocracia inglesa conseguirá outra coisa para falar.
Caroline desejou que James não se preocupasse, mas se ela fosse honesta consigo mesma saberia que as coisas não seriam tão simples. Ela sabia que a sociedade cobrava um preço muito alto das mulheres
Despediram-se do conde e foram embora.

...

O sol a muito já tinha saído, mas Caroline não desejava levantar. Na noite anterior sua mãe a fizera tomar um pouco de brandy, garantindo que a bebida a ajudaria a relaxar e dormir. Ela tomou, mesmo sabendo que precisaria da garrafa inteira para ter o sono tranquilo.
Pensou que a mãe a repreenderia por não ter falado sobre Birminghan, contudo, Georgiana apenas a abraçou. Caroline sabia que merecia censura, ainda assim ficou aliviada pela compreensão dos pais.
Sentia o coração partido. Não podia negar que estava se apaixonando por Matthew, confiou nele e ele a enganou. Sentia-se envergonhada e muito tola também. Acreditava que era uma moça madura, inteligente. Uma presa fácil, isso sim.
Queria chorar mas a raiva que sentia parecia ser maior que a mágoa e por causa dessa raiva não permitiu que as lágrimas viessem. Aquele canalha não merecia que chorasse por ele. Desejava ansiosamente que Chase conseguisse pegá-lo, ele aprenderia uma bela lição.
Sua criada trouxe-lhe uma bandeja com comida e informou que seus pais saíram tão logo amanheceu o dia. Ela sabia o que aquilo significava. A essa altura Bruno e os outros empregados do anjo já teriam encontrado Birminghan.
Era pouco depois da hora do almoço quando a criada veio chamá-la ao escritório por ordens dos pais. Caroline permitiu que Antónia a ajudasse a se vestir mas dispensou o penteado, apenas amarrou o cabelo num coque baixo.
- Encontraram-no?
Caroline perguntou sem preâmbulos, logo que entrou no escritório dos pais. O casal estava visivelmente cansado. Georgiana tinha olheiras profundas sob os olhos.
- Sente-se querida. Não será tão simples quanto pensamos. - Seu pai falou, o semblante carregado de preocupação.
Caroline obedeceu e se sentou, sentindo no estômago o frio da ansiedade que sempre acompanha as notícias ruins.
- Não conseguimos encontrar Birminghan. O tal primo que você indicou foi localizado e informou a Bruno que o cavalheiro era um primo pobre que vivia fora da Inglaterra e que pedira hospedagem por uns dias. Segundo ele, Birminghan foi embora da Inglaterra à 4 dias.
- Acreditou nele?
Caroline quis saber.
- Bruno o convenceu a colaborar.
Georgiana respondeu sombriamente.
– é um idiota tolo, contudo confio nos métodos de Bruno e estou propensa a confiar que Bradley realmente acredita que o primo tenha viajado.
- Bradley não estava no baile ontem à noite. - Duncan completou.
Caroline assentiu. Por que Birminghan mentiria para o primo sobre ir embora?
- Há mais uma coisa Caroline.
Seu pai chamou sua atenção. Ele segurava um jornal nas mãos.
– Há uma nota sobre você e Reddich nesse jornal.
- Que jornal?
Ela franziu o cenho sem entender. Seu pai possuía todos os jornais de Londres.
- Chama-se a Voz da Verdade. É a primeira impressão. Estão espalhados por toda a Londres.
- Eu quero ver.
- Não.
A negativa seca de Duncan surpreendeu Caroline.
- Não adiantará de nada esconder isso dela, Duncan.
Georgiana contrapôs, com desânimo.
Duncan resmungou um palavrão, mas entregou o jornal para Caroline. Na primeira página havia a caricatura de um cavalheiro e uma dama. O cavalheiro fora desenhado com roupas elegantes, enquanto a dama usava um vestido de festa vulgarmente decotado, o rosto tinha uma expressão maliciosa com traços e cores como se ela usasse maquiagem, os cabelos soltos, de quem acabara de sair da cama. O que mais chamava atenção eram os detalhes do ambiente no qual eles se encontravam, a fonte, as plantas, absolutamente tudo desenhado propositalmente para que não restassem quaisquer dúvidas: aquele era o jardim da casa do Duque de Rivington.
"Cuidado nobres cavalheiros de Londres. A caça aos melhores partidos está aberta e há aquelas que não hesitam em usar de todos os artifícios para conseguirem seu prêmio. Elas parecem damas por fora, mas todos sabemos de onde elas vieram"
Caroline sentiu a náusea tomar seu estômago. Todos os convidados que estavam no baile saberiam que a caricatura falava dela e de James. O encontro dos dois fora retratado como uma armadilha dela para fisgar um nobre. Se isso não fosse ruim o suficiente faziam referência ao seu nascimento. Ela fechou os olhos com força, incapaz de encarar os pais.
- Resolveremos isso, querida.
Georgiana a abraçou. Caroline se deixou embalar nos braços da mãe e permitiu que as lágrimas viessem.
- Perdoe-me, mamãe. É tudo culpa minha.
Caroline conseguiu dizer, entre soluços.
– Decepcionei vocês.
- Não diga isso!
Georgiana segurou seu rosto entre as mãos, obrigando Caroline a olhá-la nos olhos.
– Você nos orgulha todos os dias, seu pai e eu te amamos. Você jamais poderá nos decepcionar.
- Enviei empregados de confiança para descobrirem a quem esse jornal pertence. É óbvio que eles tinham conhecimento prévio do que ocorreu ontem. O jornal não poderia estar impresso tão cedo.
Duncan disse, pegando o jornal de volta.
- Acreditamos que Birminghan está por trás disso. Provavelmente ele tentou fazer uma armadilha para você, mas James interveio e atrapalhou os planos.
Georgiana completou.
- Oh meu Deus!
Caroline cobriu o rosto com as mãos. Ela nunca mais poderia olhar o conde nos olhos novamente. Ele a salvara e por esse motivo estava envolvido naquele escândalo terrível.
- Não se preocupe com James, minha querida. Ele é um homem bom e não irá culpá-la pelo o que aconteceu.
Georgiana afirmou, ainda abraçada com a filha.
- Com licença, senhor, senhora. O conde de Reddich deseja falar com o senhor West. - Anunciou o mordomo.
O homem parecia ter sido conjurado pelos pensamentos angustiados de Caroline.
- Iremos recebê-lo aqui no escritório, Bates. Acompanhe-o imediatamente.
Caroline se sentou no pequeno sofá e se lembrou de arrumar o cabelo. Tinha esperanças que o conde não se visse na obrigação de lhe fazer uma visita. Obviamente estava errada.
- West, Georgiana.
James cumprimentou assim que entrou no cômodo.
- Reddich.
Duncan cumprimentou o outro cavalheiro com um firme aperto de mãos.
– Imagino que já saiba do jornal.
- Sim.
- Por favor, acomode-se, James. - Georgiana pediu, indicando uma poltrona.
Duncan e ela também se sentaram.
- Confesso que foi uma desagradável surpresa quando recebi o jornal essa manhã. Não era algo que pudéssemos ter previsto.
Duncan falou, sem preâmbulos.
– Nossa preocupação ontem foi tão somente em descobrir o paradeiro de Birmingham, contudo, o problema parece ser bem mais complicado.
- Pelo conteúdo do jornal não me parece precipitado acreditar que o que aconteceu ontem a noite foi premeditado. - James disse.
Ele também parecia cansado e mais sério que de costume.
- Pensamos o mesmo. - Georgiana concordou.
- Eu sinto muito, James.
Caroline finalmente falou, sua voz transmitindo a angústia que sentia. Verdadeiramente sentia. Se apenas ela tivesse que arcar com as consequências daquela situação, seria um pouco mais fácil. O conde simplesmente acenou com a cabeça.
- Ontem à noite vocês se mostraram dispostos a esperar que os boatos encerrassem por eles mesmos, contudo, as circunstâncias mudaram e é por esse motivo que eu estou aqui. Eu pretendia conversar com você primeiro West, mas nada nessa situação está acontecendo como de costume. Eu vim para pedir a mão de Caroline em casamento.
- Perdão? - Caroline perguntou.
Ela sabia que escutara perfeitamente bem, contudo se negava a acreditar que James acabara de pedir sua mão em casamento. Encarou o cavalheiro sentado na poltrona. Ele parecia absolutamente calmo, apesar de ter feito a mais absurda das propostas.
- Não fiz a proposta ontem porque você e seus pais pareciam confiantes que não haveria um escândalo e que a fofoca seria rapidamente esquecida, entretanto, a publicação desse jornal mudou tudo.
- Como assim não fez a proposta ontem? - Caroline praticamente gritou.
James acreditou que devia pedi-la em casamento?
- Era o esperado naquela situação.
Foi a resposta direta do conde.
- James, eu sou grata às suas intenções, mas isso não será necessário. - Caroline retrucou, virou-se para a mãe à procura de apoio, contudo, seus pais permaneceram em silêncio, apenas observando a conversa.
Georgiana não conseguiu disfarçar um pequeno sorriso. Deus do céu! Sua mãe certamente não serviria de apoio, recorreu a Duncan.
– Diga-lhe papai que não é necessário.
- Nós dois concordamos que esse assunto deve ser tratado apenas por vocês dois, em privacidade.
Georgiana interveio antes que o marido tivesse a chance de falar e praticamente arrastou Duncan para fora do escritório, fechando a porta.
James não pareceu incomodado pela privacidade. Caroline se remexeu inquieta no sofá.
- Se nos casássemos estaríamos apenas confirmando o que eles disseram no jornal, que eu o seduzi numa armadilha.
Caroline argumentou, apressadamente.
- Se não nos casarmos seu nome estará arruinado, Caroline.
James contrapôs, encarando-a seriamente.
- Posso permanecer no campo por um tempo, na propriedade do meu tio ou ir...
Quase disse que poderia ir para Yorkshire, no entanto, ela não poderia buscar refúgio na casa de Minerva, não quando o maior benfeitor era o homem do seu escândalo.
James olhou-a com desconfiança indisfarçada, inclinando-se um pouco para ela, com os braços apoiados no joelho. Era a primeira vez que ele assumia uma postura minimamente relaxada diante dela. Ele estava esperando que ela prosseguisse.
- Posso ir para qualquer lugar que eu queira.
Ela concluiu rapidamente, erguendo as mãos num gesto amplo. Sempre fazia isso quando estava inquieta, se expressava melhor com o corpo. Não era algo que as damas deviam fazer
- Eu não preciso de um marido. Meus pais são ricos, tenho meios para me sustentar.
- Não é tão simples, Caroline. Você sabe disso.
Ele insistiu
- Morgan está apaixonada por você. Você a está cortejando
- Caroline observou, ficando de pé. Precisava ficar em movimento.
O conde também se levantou. Mesmo numa situação como aquela ele parecia cavalheiro demais para esquecer as regras de etiqueta.
- Lady Morgan está apaixonada pela ideia de ser condessa, não por mim. Fiz-lhe duas visitas, dificilmente isso poderia ser chamado de cortejo. - James contrapôs, calmamente.
Caroline sabia que ele estava com a razão, quanto a este assunto, não obstante, era um dos argumentos que tinha para recusar a proposta dele.
- Agradeço de coração sua preocupação e como me salvou ontem à noite. Acredite, jamais esquecerei...
Ela segurou as duas mãos dele dentre as suas e encarou seus olhos castanhos. Teve que erguer um pouco a cabeça, porque ele era mais alto do que ela. Ele não rejeitou seu toque. Pelo contrário, mudou a posição das mãos, cobrindo as pequenas mãos dela com as mãos dele. Caroline desviou os olhos de James, encarando suas mãos juntas e sentiu um forte rubor tomar conta de seu rosto.
Ela pegou as mãos dele num ato impulsivo, só não esperava que ele invertesse os papéis e a tocasse daquele jeito. As coisas entre eles já pareciam muito confusas sem que se permitissem esse tipo de intimidade, ainda que fosse um gesto inocente. Afastou-se, lentamente, não querendo ofendê-lo. Virou-se de costas, fingindo olhar pela janela.
- Caroline, creio que você ainda não compreendeu a seriedade da situação.
James insistiu, sua voz carregada de preocupação.
Ela demorou a responder. Ele estava enganado, ela sabia muito bem, contudo se recusava a deixar que as exigências da sociedade determinassem sua vida. Sua mãe quase desistira da felicidade por causa das tolas expectativas da nobreza inglesa. Caroline desejava um casamento por amor e não um casamento por conveniência, para aplacar às más línguas.
Sabia que James era um nobre até os ossos e que seu senso de dever o levaria a fazer o que fosse necessário em nome da honra. Aparentemente isso significava tomar uma esposa a quem não amava.
Caroline finalmente se virou para ele. James permanecia no mesmo lugar, suas mãos juntas atrás das costas. Absolutamente calmo e composto. Ela inclinou a cabeça, observando-o. Ele era a personificação do cavalheirismo. Seus modos controlados, o tom de voz sério, mas nunca ríspido. Ele fora o marido perfeito para a primeira esposa e certamente seria o marido perfeito para alguém, só não seria o marido perfeito para ela.
Quando Caroline se casasse ela estaria apaixonada. Não seria assim, com o coração decepcionado e desiludido.
- Eu compreendo mais do que você imagina, James.
Ela finalmente respondeu.
Tentou falar com calma, não queria que ele entendesse como uma rejeição pessoal.
– Você não quer realmente se casar comigo. Eu compreendo o seu senso de honra, entretanto, eu o desobrigo.
James permaneceu em silêncio por um momento. Ela temeu que ele continuasse insistindo. Aproximou-se de Caroline, pegou sua mão, depositando um beijo leve nos nós dos dedos.
- Caso mude de ideia, você sabe onde me encontrar. - Disse simplesmente. Fez uma reverência e saiu.
Quando Georgiana entrou no escritório encontrou Caroline ainda de pé de frente à janela.
- Por favor, mãe. Agora não.
Caroline massageou as têmporas com as pontas dos dedos.
- Acredita mesmo que tomou a decisão correta?
Georgiana perguntou, ignorando o pedido da filha.
Caroline sentou pesadamente no sofá e encarou a mãe, com uma expressão cansada.
- O que a senhora imaginou? Que nós ficaríamos a sós aqui e descobriríamos um grande amor?
- Você sempre gostou de surpreender.
Georgiana falou, sorrindo.
Sentando-se no sofá, tomou as mãos da filha entre as suas, apertando-as num gesto afetuoso.
- Seria uma grande surpresa, de fato!
Caroline devolveu a brincadeira, pelo menos poderiam rir um pouco daquela situação.
Encarou o belo rosto da mãe. Quantas vezes buscara esse rosto apenas para olhar para ela? Apenas pela certeza de que ela sempre estava por perto, disposta a derrubar metade do mundo pela felicidade daqueles a quem ela amava. E quando se tratava de Georgiana West derrubar o mundo não era no sentido poético.
- Ainda estou esperando o momento em que você irá me repreender por encontrar-me com um cavalheiro às escondidas.
Georgiana sentou-se mais perto de Caroline, abraçando-a com o braço direito.
- Você não é a primeira jovem nem será a última a quebrar as regras por uma paixonite, querida. Não quero que se culpe pelo o que aconteceu.
Caroline sorriu para a mãe, com os olhos rasos de lágrimas.
Não queria chorar.
- Entretanto, gostaria que tivesse me contado sobre esse cavalheiro, desde o início. Sinto que você não confiou em mim. - Georgiana completou. Não havia censura em sua voz.
As duas se encararam durante um momento antes de Caroline suspirar e responder.
- Fiquei aborrecida por você querer me juntar com James, pensei que... não sei. Estava muito aborrecida. Fui uma grande tola. Perdoe-me mãe.
Georgiana abraçou a filha mais uma vez, beijando-lhe a testa.
- Parece-me que eu também tenho que pedir perdão. Esqueci que você é exatamente como eu e não aceitaria ninguém lhe dizendo o que fazer da sua vida.
As duas permaneceram em silêncio por um momento. Caroline repousou a cabeça no ombro da mãe, enquanto ela lentamente acariciava seus cabelos com os dedos. Caroline fechou os olhos e respirou fundo, aproveitando o regaço acolhedor que Georgiana lhe oferecia.
- Não posso casar com James, mãe.
Georgiana suspirou, arrumando o cabelo da filha. Caroline esperou pelos argumentos que certamente viriam. Precisava que ela compreendesse. Precisava do apoio dela. Ainda tinha esperanças que os boatos se dissipariam apesar da maldita gravura do jornal, mas sabia que se isso não ocorresse, se ela de fato ficasse arruinada, não suportaria enfrentar tudo sozinha, não suportaria não ter a família ao lado dela.
- Quando seu tio descobriu que eu estava grávida ele queria que eu escolhesse um marido. – Georgiana falou, sem desfazer o abraço. – Ele era um duque rico, não seria muito difícil conseguir alguém adequado. Entretanto, eu me recusei. Provavelmente nossas vidas teriam sido bem mais fáceis se eu tivesse simplesmente aceitado. Sei que minha atitude foi egoísta, mas não me arrependo...
- Não foi egoísta! Caroline exclamou com convicção.
Georgiana sorriu, encarando a filha.
- Egoísta ou não, era a minha vida e a minha decisão. Eu escolhi e enfrentei todas as consequências. Se tenho algum arrependimento é que algumas dessas consequências tenham recaído sobre você.
Caroline abraçou Georgiana com força. Os olhos marejados de lágrimas. Aquele parecia ser um dia de muitas lágrimas na Casa West.
- Não recaíram. – Caroline garantiu e não havia nenhuma inverdade no que dissera. Era uma pessoa privilegiada, sempre se considerou assim, por mais que muitos não considerassem isso. Ser uma bastarda nunca foi algo determinante em sua vida. Sabia que tinha sorte.
- Compreendo sua decisão, minha filha, e vou apoiá-la em todos os momentos. Mas confesso que se pudesse escolher, iria preferir que você não tivesse que enfrentar nada disso. Não será fácil.
Caroline apenas assentiu em silêncio.
Georgiana foi chamada por uma criada e deixou a filha sozinha.
Caroline encolheu-se na poltrona. Parte dela queria voltar para a cama e passar o resto dos dias trancada no quarto, mas essa atitude não combinava com ela. Não iria se entregar a auto piedade.
Cometera um erro e agora enfrentaria as consequências.

O lado bom de um escândalo [COMPLETO]Where stories live. Discover now