Filho?

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Lucas Arriaga

Eu ouvi da primeira vez que a Cris disse que era o carro da Sophia, eu simplesmente não queria acreditar.
Não pode ser possível. Eu não suportaria perder ela.

A ambulância não demorou a chegar. Mas antes disso a angústia era ainda maior. Um homem disse que era médico e que o melhor era deixar que os profissionais efetuassem a retiradas das vítimas, porque quem estiver vivo ainda, pode ter o seu estado agravado por conta de um pequeno descuido.

[..]

Estamos no hospital, o motorista da Sophia, assim como a única pessoa no outro carro infelizmente não sobreviveram.
Ainda não sabemos em que estado a Sophia se encontra. Estou aqui com a Cris e a mãe da Sophia, estamos esperando que algum médico nos fale como ela está.

Depois de muito tempo de angústia, medo e desespero, um médico se aproxima.

— Boa tarde, senhores — ele diz com educação.

— Boa tarde, como a Sophia está? Ela vai ficar bem? —  pergunto preocupado e a Sônia me olha.

— Sim, como ela está? — Sônia pergunta me olhando desconfiada.

— Por incrível que pareça a senhorita Sophia está fora de perigo. Ela quebrou um braço e teve uma perfuração no estômago, mas ela vai fica  bem, e felizmente o bebé também.

Cris, Sônia e eu nos olhamos. Mas picada um está no seu próprio transe. A Sophia está esperando um filho. Esse filho pode ser meu.

— Como assim bebê? A minha filha está grávida é isso? — o médico assente.

— Eu posso ver ela? — pergunto.

— Sim, sigua-me — diz e sai andando em direção ao mesmo corredor de onde ele veio.

— Me espera aqui — digo para a minha filha  antes de seguir o médico.

— O quarto é este. Ela está consciente, então evite qualquer tipo de pressão, não faça perguntas demais. Eu percebi que vocês não sabiam da gravidez da menina, mas evite fazer com que ela fique nervosa por favor.

Abro a porta e vejo a Sophia olhando para o teto. Me aproximo dela, mas fico em silêncio.

Depois de alguns minutos decido quebrar este silêncio que me tortura mais que qualquer outro barulho.

— Oi —  falo,  mas ela não responde.

— Quem é o pai? — eu ouvi tudo o que o médico disse, mas preciso saber, preciso saber se eu sou o pai da criança que a Sophia está carregando no ventre.

— É você.

Nesse momento não sabia ao certo qual sentimento me preenche. Não sei se é a mágoa por ela não ter me contado isso.  Se esse acidente não tivesse acontecido ela não ia me contar isso nunca? Não sei se ela chegou a pensar em fazer um aborto.

Mas por outro lado estou feliz, um filho era tudo que eu estava precisando, estamos em um momento complicado e esse bebé só vai trazer paz.
Eu tive a Cris muito cedo e não pude aproveitar ela, pois tinha que trabalhar, e a mãe dela não ajudava muito, desde que a gente se separou ela só quer me afastar da minha filha, nem sei como ela deixou ela morar comigo.

Acho que a felicidade vence. Mais uma vez eu vou ser pai, vou poder acompanhar cada momento, cada dia, cada ano desse bebê e poder dar todo meu amor pra ele e pra Sophia é claro.

— Sophia, a Cris falou comigo. Ela está arrependida por tudo o que disse, ela se desculpou, nós não precisamos mais ficar distantes — falo pegando na mão dela, mas ela a tira rapidamente.

— Não, não Lucas a gente não pode ficar junto, mesmo que a Cris apoie e também o que ela fez foi horrível não é um simples pedido de desculpas que vai mudar isso, eu sei que é bem pesado saber que seu pai tem um caso com a sua melhor amiga que é da sua idade mas ela não devia ter me chamado de vadia e tudo aquilo.

— Sophia, eu te amo, e sei que você também me ama e eu não vou desistir do nosso amor.

— Me deixa sozinha por favor — quero negar e continuar aqui, mas lembro do que o médico disse.

Suspiro e deixo o quarto vencido.

Na sala de espera eu encontrei a Cris e a Sônia que estava vermelha.

— Como você e a Sophia puderam ter um caso? E agora ela está esperando um filho.

— Nada disso foi propositado, mas eu não vou desistir da Sophia e nem do nosso filho — falo sério.

— Pois bem, fique com eles, pois na minha casa ela não volta muito menos com uma criança  — diz e sai da sala.

— Eu sempre quis ter um irmãozinho mas saber que ele é filho da minha melhor amiga é pesado, mas saiba que eu vou fazer de tudo para não surtar, e amar esse bebé — Cris diz e me abraça e eu claro retribuo.

O Pai da Minha Melhor AmigaWhere stories live. Discover now