Nasceu

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Sophia Blanco

A casa está exatamente do mesmo jeito. Não parece que fiquei por três meses fora.
Na verdade, parece que foi ontem que minha melhor amiga me convidou para sua festa na piscina para conhecer o seu pai. Parece que foi ontem que vi pela primeira vez o homem que hoje amo com todo o meu coração.
Mas já passa mais de um ano. Um ano desse amor proibido.

Já se passou uma semana desde que estamos aqui.
Neste momento, Lucas e eu estamos na piscina. Mas estou com algumas contrações.
No último mês tem sido frequente, tenho quase todos os dias, mas hoje estão fortes demais.

Já completei os nove meses de gestação. Então a qualquer momento posso entrar em trabalho de parto.

Decido me levantar e caminhar um pouco para ver se as dores passam.

— Está tudo bem? Você está com dor? — Lucas pergunta preocupado do meu lado.

— Estou, mas é algo normal, eu acho. Vou tentar caminhar para ver se passa.

— Tá, eu vou caminhar com você — Diz e me ajuda a levantar.

Lucas passa a sua mão na minha cintura e eu seguro o ombro dele e ficamos caminhando em volta da piscina.


Lucas Arriaga

Se eu pudesse trocar de lugar com a Sophia, sem dúvidas eu o faria. É de quebrar o coração ver ela se contorcendo de dor.

Estou a ajudando a caminhar em volta da piscina. Supostamente caminhar reduz a dor, mas parece que desta vez não está funcionando.

— Ah — ela diz e para. Continuo segurando ela, mas não dou mais nenhum passo.

Ficamos assim por alguns segundos até que as pernas dela ficam completamente molhadas. O líquido sai lentamente por alguns segundos.

Sophia e eu nos encaramos em silêncio. A bolsa estourou.
Treinei por dias por este momento, mas ainda assim estou nervoso. Quando Cris nasceu eu não presenciei, quando cheguei no hospital ela já estava no berçário.

— Tá, você ainda consegue andar? — pergunto a Sophia que assente.

Caminhamos em direção à garagem e ajudo a Sophia a se ajeitar no banco de trás.

— Eu volto em 1 minuto. Vou vestir uma camiseta e pegar a bolsa da maternidade — ela assente e saio correndo.
.
.
Já estamos na sala de parto. São cerca de seis funcionários fazendo o parto, entre médicos obstetras, anestesista e enfermeiras.

Estou do lado da Sophia, segurando a mão dela. Ela está fazendo força para que nosso bebê possa vir ao mundo.
Seu rosto está completamente molhado, de lágrimas e suor.

— Mais força, ele está chegando — o médico diz. Sophia respira fundo, visivelmente com dor e cansada.

— Vamos meu amor, só mais um pouco. — falo para ela. — Você consegue.

Sophia grita e faz força, sei que está dando o seu máximo.
Continuo segurando sua mão e a encorajando para continuar.

Um som invade a sala, é o choro do meu filho. Sinto lágrimas nos olhos.
Mesmo chorando, Sophia abre um sorriso ao ouvir o choro do nosso bebê.

— Mais um pouco de força mamãe, precisamos tirar o resto do corpo do seu filho — uma das enfermeiras diz para Sophia que continua se esforçando para que nosso filho nasça.

Desta vez não passa muito tempo e o médico já está com Breno nas mãos.

— Parabéns. Seu filho nasceu — Sophia relaxa e se deixa para trás.

— Papai. Faça as honras — a enfermeira diz me entregando uma espécie de tesoura.

Fico nervoso ao perceber que devo cortar o cordão umbilical que ainda mantém Sophia e Breno ligados.
Tenho que deixar a mão de Sophia pela primeira vez, para me aproximar do médico.

Breno chora como se alguém estivesse batendo nele, eu tinha me esquecido de como os bebês são. Sorrio. Ele está coberto de sangue e uma camada branca e gordurosa.
A enfermeira me indica onde devo cortar e o faço.

O Pai da Minha Melhor AmigaDonde viven las historias. Descúbrelo ahora