Medo

12K 741 30
                                    

Lucas Arriaga

Meu Deus, o que eu fiz para merecer isso??
Quase um mês em que esse sofrimento me persegue, meu coração dói, me sinto mal, minha mulher e meu filho estão longe, tiraram eles de mim, não consigo lidar com isso, pra piorar tenho que parecer forte pela Cris.

Tenho medo. Medo pela minha mulher grávida, sem cuidados médicos, talvez sem alimentação adequada. Medo pelo meu filho que ainda está no ventre da mãe mas já é obrigado a passar por isso. Me pergunto todos os dias se ele vai sobreviver.

Estou no quarto tentando me arrumar pra ir para empresa, esse tempo todo não fui e tenho que ir dar uma olhada.
Eu tento sempre espantar os piores pensamentos. Acredito que vou encontrar a Sophia e o meu filho, eles estão bem, estão vivos. Não quero pensar no pior.

— Bom dia filha — falo pra Cris ao passar por ela.

— Bom dia — ela responde sem ânimo.

Cada dia tem sido pior que o anterior. Essa é de longe a pior que já aconteceu comigo. Amo a Sophia mas que a mim mesmo, ela significa um novo começo, uma nova chance de ser um homem feliz, de ter uma mulher para amar.
Apesar de meio mundo achar que estou me aproveitando da inocência dela, o que eu sinto é real. A idade não define o amor, ela é apenas um número, nada mais, o amor por sua vez é algo mágico, que ultrapassa tudo, quer sejam dificuldades, sofrimento, ou pessoas que queiram atrapalhar.
.
.

Estou aqui na empresa a algumas horas , tem muitos documentos por assinar, e preciso ler tudo antes de deixar minha assinatura.
Algumas coisas ficaram paradas com a minha ausência.

Quando estou terminando de assinar mais um documento, escuto meu celular, na tela vejo que é o delegado que está cuidando do caso da Sophia.

— E aí? Alguma novidade? — sou direto.

— Sim, temos fortes suspeitas de que a Sophia está presa em uma casa de praia não muito longe.

— Então? O que estamos esperando? Vamos logo — me levanto e saio do escritório.

— Vamos hoje sim, mas tem que ser pela noite — diz e me irrito, horas podem ser fatais.

— Não, vamos agora.

— Não é vamos nada, deixa a Polícia cuidar disso — fala me irritando mais ainda.

— A minha mulher e meu filho correm o risco de vida e você quer que eu fique de braços cruzados como se nada estivesse acontecendo? — quase grito.

— Ok Sr., fazemos assim, você vai com a gente, mas pela noite — ele diz calmo.

— Não. Vocês não entendem? Ele pode descobrir que sabemos onde está e fugir com ela, tem que ser agora — falo entrando no meu carro.

— Olha sr, nós só vamos pela noite — ele fala e desliga, filho da mãe.

Dirigo rápido até a delegacia que é um pouco distante.
Depois de quase uma hora chego e vou  correndo até à sala do delegado. Entro e ele não está aqui, volto a sair e encontro uma policial.

— Onde ele está? — pergunto e ela não responde.

— Estou aqui — ouço ele atrás de mim e me viro.

— Aqui está o endereço, mas se for saiba que o senhor pode estar colocando a vida de quem ama em risco por esse orgulho e por se achar mais inteligente que quem foi formado para isso.  — ele me dá um cartão com um endereço.

Eu conheço esse lugar, levei a Cris numa festa lá, esse ano mesmo. É a casa de praia da família do tal do Peter. Merda, ele era namorado da Sophia, esse filho da mãe me paga.

— O que foi?

— Eu sei quem está mantendo ela presa.

O Pai da Minha Melhor AmigaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora