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Pov Jennie

Aquilo não podia estar acontecendo. Não podia. Lisa sofreu um acidente, mas quase quatro meses já haviam se passado, por quê ela ainda não estava como antes? Como eu vou poder suportar isso? Tem que haver um jeito de fazê-la lembrar. Eu não sei o que fazer, tudo está dando tão errado. Jisoo me disse que ela havia desativado todas as lembranças mais recentes. Agora todos os momentos que nós duas vivemos eram carregados apenas por mim. Aquilo era tão doloroso quanto vê-la machucada depois do acidente. Eu não sabia como seria nossa convivência depois daquilo, depois de tudo o que vivemos ter sido apagado por ela. O pior de tudo era que eu não podia simplesmente contar para ela. A garota não se lembrava de nada, portanto seus sentimentos por mim não eram mais os mesmos. Se eu contasse ela não iria ficar comigo por quê sente o mesmo que eu. Vê-la todos os dias e não poder falar com ela sobre nós era a coisa mais dolorosa do mundo. Lisa agora não era mais a minha Lisa, a minha Lisa ainda está dormindo desde a noite do acidente, e eu, deveria me conformar com isso.

Apesar de tudo, vê-la bem, recuperada e saudável, valia por qualquer coisa. Eu daria tudo para ver Lisa bem outra vez, mesmo que eu não pudesse tê-la do jeito que queria.

Passavam-se os dias e a nossa convivência era sempre a mesma, eu não aguentava a vontade de chorar perto de Lisa e já ela não demonstrava nenhum tipo de lembrança, nenhum resquício de sentimento. Nada. Ela me tratava como uma colega mas ainda assim uma estranha, o que me fazia sentir como se parte de mim estivesse faltando, como se um pedaço da minha vida estivesse com um borrão enorme, bem na frente. E eu não podia apagá-lo.

•••

Eu estava em meu quarto, fitando o teto agora com luzes amareladas brilhando sobre ele por conta da claridade do lado de fora da janela. Eu havia acabado de chegar da escola e não tinha almoçado nada ainda, fui direto para meu quarto e me joguei na cama. Eu sabia que Lisa ainda estaria no trabalho à essa hora, então decidi voltar andando para casa para pensar um pouco, respirar também, já que não consegui me concentrar em nada das aulas.

Fechei meus olhos uma vez. "Só ver você sorrir já está de bom tamanho." Visualizei o meu momento com Lisa na varanda, no dia do meu aniversário. "Eu gosto de você Jennie." Agora minha mente voou para o dia em que fomos ao parque, juntas. "Você é o melhor que existe em mim." A garota disse para mim com o forte brilho em seus olhos quando estávamos na praia em Busan. "Você é linda." Lisa olhava para a pele desnuda dos meus seios na nossa primeira vez juntas. Me recordei de cada momento, cada segundo daquela noite. Lembrar-me que aquilo não passavam de memórias que não iriam se repetir me dilacerou por dentro. Não notei que estava chorando na cama. Me sentei e sequei meu rosto, com força.

"Não chore moça" a voz de Lisa no dia em que ela acordou, soou pela minha mente.

- Droga!- eu gritei dando murros na cama. Quanto mais eu chorava, mais minha raiva aumentava. Raiva de tudo. Da vida, do destino, de mim.

- Não, não, não! Droga, droga, droga!- peguei um travesseiro e o joguei em uma direção qualquer, mas estranhei quando não o ouvi cair no chão. Me virei e levei um susto.

- Calma!- Lisa estava parada na porta e levantava suas duas mãos para cima, com o travesseiro em uma delas.- Eu não fiz nada!

Fiquei em silêncio e apenas olhava para ela. Me lembrei que eu devia estar com o rosto cheio de lágrimas por conta do choro, o que me fez virar de costas para ela e secar minhas bochechas molhadas. Não me virei de volta, e tentei disfarçar minha voz levemente marejada.

- O que faz aqui?- eu disse tentando um tom de voz rígido.

- É que... eu cheguei e você estava gritando.- ela deu uma pausa na fala.- Imaginei que algo grave tivesse acontecido.

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