Capitulo 41 Vossa excelência Flávio Ventura

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*CENAS DE VIOLÊNCIA.

Enquanto Bianca e meus filhos estão naquela comemoração ridícula de inauguração não sei das quantas, eu estou saindo daqui direto para pertinho deles no Rio de Janeiro.

Cheguei com o dia clareando, porém não pude ficar no casebre em São Conrado. Paulão, o carcereiro. Avisou que lá poderia ser arriscado pois viu uma viatura rondando o local, então agora estou em Campo Grande, zona Oeste do Rio, na casa de um amigo dele. O lugar é um chiqueiro, mas ao menos estou entre amigos que o dinheiro compra. Os quatro ex detento estão comigo e Bianca não imagina o que a aguarda.

O dinheiro move o mundo e amanhã à tarde quando ela deixar aquele pulgueiro que chama de Centro de ajuda. Os dois seguranças dela, muito bem pago por mim, a trará ao meu encontro.

Na fuga da cadeia fui dado como morto no incêndio e aqueles ingratos de merda dos meus filhos não derramaram uma lágrima e ainda foram comemorar minha morte no tal evento. O repórter perguntou o que eles sentiam com a minha morte e ambos disseram que alívio, alívio vou sentir eu, quando mandar para eles picadinho de Bianca. Isso sim será uma vingança que se come fria. Depois vou para a Suíça e lá reconstruirei minha vida, gastei quase todo o meu dinheiro pagando esses miseráveis, porém tenho certeza que valeu muito a pena. Queria ser uma mosca para assistir aquele atorzinho recebendo minha encomenda daqui a três dias no máximo. Porque primeiro, vou servir Bianca na bandeja para meus fiéis amigos de presídio, escolhi bem quem fugiu comigo, peguei os piores e mais fortes elementos. Assistirei à tudo de camarote, filmarei e guardarei de lembrança.

Estou tão ansioso com o dia de amanhã que quase nem durmo. No espelho, vejo as marcas em meu rosto. Meus dentes provisórios são uma porcaria que logo irei trocar, porém minha costa não teve encherto que desse jeito e muitas das minhas feridas ainda doem. Prefiro nem pensar no resto. Tomo uma morfina, um calmante e apago.

Nunca um dia demorou tanto a passar como o de hoje, mas felizmente a hora se aproxima.

O segurança já me ligou e está a caminho com minha mulher e hoje a noite será divinamente longa.

Escuto o carro se aproximar. Minha ansiedade é tanta, que vou à varanda esperar.
O carro para bem em frente a mim, ninguém sai. Ansioso caminho apressado até ela. Bato no vidro fumê e o motorista destrava as portas, a abro com um sorriso no rosto e não acredito no que vejo...

-Boa noite Vossa Excelência Senador Flávio Ventura!

Minhas pernas tremem, dou dois passos para trás e grito aos meus capangas:

-PEGUEM ELES.

Ninguém se mexe e ao mesmo tempo escuto a risada de Luke, seguida pela do seu cão de guarda e namorado de Flavinha. Me proveito deles ainda estarem no carro e corro para dentro de casa. Porém, sou agarrado por Paulão.

-ME SOLTE INFELIZ, MATE ELES AGORA.

Ele olha para o carro. Luke saí do veículo vindo em minha direção, os outros homens aparecem tranquilamente ao lado de Paulão. Sem entender bem o que está acontecendo, sou arrastado para dentro de casa. As correntes que preparei para ela são atadas em meus braços e pernas.

Agora me encontro deitado na mesa de jantar.

-O QUE PENSAM ESTAR FAZENDO, SEUS INÚTEIS? -Como resposta, Luke me olha é sorri.

Quero arrancar-lhe esse sorriso miserável no dente. O tal de Douglas tira um cacetete da cintura. Não quero acreditar que esses miseráveis vão fazer tudo novamente.

-ESPERO QUE DESTA VEZ ME MATEM OU ENTÃO EU VOLTAREI. -grito entre os dentes.

-Calma vossa excelência, não viemos te fazer mal, só queriamos ver essa sua cara de decepção. Você realmente achou que em uma cadeia como aquela seria tão fácil assim de sair? Achou que depois de tudo que fez a minha mulher viveria livre por ai! Se fosse esperto teria me denunciado e pago a sua pena, mas não, como um tolo a vingança lhe consumiu, ainda deixou provas de DNA naquele pobre presidiário que morreu de tuberculose e que foi torrado em seu lugar, achou que estava livre -ele sorri. -sabe Senador, tudo o que o senhor fez foi com o meu consentimento e de muitos que mesmo na cadeia queriam o seu pescoço. A começar por Paulão, sabia que Paulão era tio da pobre criança que você matou?

Olho para Paulão que agora sorri.

-Foi difícil Luke manter minhas mãos longe dele até hoje, mas saber que o teria apenas para mim, sem ninguém para incomodar, me ajudou na espera. Ah senador! Lhe garanto que iria preferir ter morrido queimado na cadeia. -fala Paulão.

Ele se aproxima para tirar minhas calças e ai que me desespero mesmo, ele a corta com uma tesoura e tira minha cueca. Preferia à morte do que ver a satisfação naqueles rostos.

-Caralho chefe! Foi o senhor que fez isso? -questiona um dos detentos a Luke.

-Eu não, foram os ratos. -sorri. -necrosou, aí os médicos tiraram tudo fora. Confesso que nunca vi médicos ficarem tão felizes como naquele dia.

Minha vergonha supera qualquer coisa, o cretino sabia de tudo o tempo todo.

-Que bonito, para me matar liberou esses assassinos? -questiono tentando não demostrar meu abalo.

-Que nada senador, saímos com autorização do diretor e assim que resolvermos o seu probleminha, voltamos. Fomos escolhido a dedo, como o senhor bem gosta de dizer, fomos presos por fazer com estrupadores o que faremos com a vossa excelência e depois voltaremos para cumprir o resto de pena que nos resta. Ainda bem que na cadeia passei a curtir um homem de quatro e vou me divertir bastante com você. -late o branco careca.

-Doente, você é um doente.

-Bom, o papo está divertido e tudo mais, mas tenho que voltar para minha família. Até nunca mais vossa excelência, Bianca mandou os pêsames pelo seu pintinho. -fala o desgraçado do Luke.

-Há Flávio, vou me casar mês que vem com Flavinha e saber que até lá, já estará no colo do capeta é um ótimo presente de casamento. -Douglas  cospe em meu rosto e saí com Luke.

Já estou sendo estrupando a quatro dias, já implorei pela morte, mas Paulão exige saber onde escondi o corpo da menina. Preciso morrer, não aguento mais e por isso conto que a enterrei no meu porão. Explico e espero minha a sonhada morte.

Morte essa que ainda não chegou. Os detentos já se foram há dois dias e agora estou na casa apenas com os tios da criança, os irmãos de Paulão vieram.
Maldita hora que encostei naquela menina, maldita hora que conheci Bianca. Espero que um dia ela me perdoe, espero que Deus tenha misericórdia da minha alma.

Não como nada além de um pedaço de pão e um copo d'água a três dias, desmaio e volto muitas vezes. Sempre sou acordado com choque, meu corpo já não se move, minhas pernas e braços foram quebrados. Estou esperando o alívio trazido pela morte.

Já perdi as contas de quanto tempo estou assim, minhas feridas deram bicho e creio que o cheiro é insuportável, eu ja não o sinto mais. Com os olhos semi-fechados, vejo uns ratos me roer, já não sinto dor, tudo fica escuro, mas não à calma, escuto gritos sem fim e as minhas dores voltam.
Gritos e dor, gritos e dor é somente isso que encontro nessa escuridão sem fim.

*Autora

Flávio morreu um mês depois de chegar ao Rio de Janeiro para sua tão planejada vingança. No entanto sua alma não encontra sossego e paz e tudo o que lhe reta é dor e gritos sem fim.

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💋beijo da Aline💋💋.

Como ela me mudou. 🔞 Where stories live. Discover now