Capítulo V

3K 165 12
                                    

Maio de 1813

Vigilância nunca, NUNCA , é demais. Sinto-me entorpecido pela fúria que consome todas as partes de meu corpo. Traição, Simon aquele verme sem escrúpulos me traiu. Um baile longe da cidade, já havia deixado meus sentidos em alerta, todos voltados para a proteção de Daphne, mas não poderia acreditar que ele trairia nossa amizade.

Um homem evidentemente pode esquecer-se de suas promessas quando está envolto na bruma do desejo, mas vê-lo nos jardins de Lady Trowbridge, ignorando o decoro de tal maneira que poderiam ser flagrados por qualquer um, enfureceu-me. E ainda ver os ...de Daff me transtornou, naquele momento queria que meus olhos queimassem, tomado pela fúria avancei em meu amigo com o único desejo de aniquilá-lo.

Como ousou tocar minha irmã?Como pôde se entregar ao desejo sem lembrar que ela é uma Dama? Não interessam os sentimentos, amizade, companheirismo, NADA? Sendo o chefe da família, meu papel é fazê-lo pagar, com meus punhos inicialmente e depois levá-lo pelo colarinho ao altar.

E aquele demônio ainda negou se casar com Daphne, é um idiota, nunca imaginaria que sua disposição contra o casamento fosse tão arraigada a ponto de negar honrar a mulher que a poucos instantes estava em seus braços. Fúria animal, era o que estava sentindo, se Daff não estivesse ali, arranhada pela cerca viva, e enrolada em meu casaco, o mataria com minhas próprias mãos, sem sequer notar a festa, os convidados e toda a sociedade a alguns metros de distância.

Diante de sua negação em reparar todo o dano à reputação de minha irmã, a mim só restou desafiar meu melhor amigo a um duelo. Naquele momento não havia outra opção, de maneira nenhuma poderia deixá-lo seguir sem que fosse punido. Ela estaria arruinada mas ele estaria jazendo numa tumba fétida, disso eu me certificaria. Ninguém mancha a honra dos Bridgertons e fica impune, nem faz minha irmã sofrer e fica sem igual situação.

Benedict se juntou a mim em meu escritório, conseguimos lidar com mamãe e suas infinitas perguntas sobre Daphne e Hastings durante o baile, e voltamos sem que ela percebesse nada. Eu já estava suficientemente transtornado, não havia necessidade de deixá-la nervosa e decepcionada por tais eventos, ao amanhecer ela saberia, eu teria de ser o portador das notícias claro.Por hora a deixaria dormir, mamãe não aguentaria tais informações.

Com pistolas, e um humor de cão, seguimos até o local combinado, não duvidei nem por um minuto que ele estaria lá nos esperando. Ainda tentei argumentar com aquele que um dia foi meu melhor amigo, mas claro, o asno, negou-se, disse-me que teria que morrer, pois não se casaria com Daff.

Quando já íamos bater em direção ao ponto de onde atiraríamos, Daphne apareceu cavalgando aos gritos. Solicitou-me conversar com o idiota, o mesmo que ainda a rechaçava, não tenho capacidade mental para entender as mulheres. Como em nome de Deus, ela pode achar que se uma pistola não o fez casar-se com ela, umas meras palavras o fariam? Tive que controlar mais uma vez minha cólera, e deixei que conversassem, com uma pequena esperança que tudo se resolvesse.

A distância observando-os percebi, ou melhor, fui forçado a ver que Daff realmente gosta de Simon, e diante de suas atitudes, não deve ser pouco. Ele pareceu-me resignado, derrotado, senti um pouco de pena dele, só um pouco, e logo este sentimento me abandonou. Ali era minha irmã, membro do meu clã, estava sob a minha proteção, e eu com absoluta certeza enfrentaria o exército espartano para salvá-la. Me dirigi ao ponto onde estavam conversando e recebi a contra gosto a notícia de que se casariam, uma parte do problema estava resolvido.

Minha carga estava um pouco mais leve, agora trataria de cuidar de tudo para que Daff tivesse tudo que merece em seu casamento. Ainda terei uma conversa com Hastings, e não deixarei que fiquem sozinhos por muito tempo até que estejam na frente do vigário.

Em meu escritório na Casa Bridgerton, já com praticamente tudo acertado, sinto-me velho, cansado, esgotado. Acredito que nem vários copos de Whisky trariam alívio a minhas inquietações. Proteger Daff não se provou algo fácil, ainda que me mantive alerta, sinto que falhei. Poderia ter sido outra pessoa a vê-los... Estremeço só de imaginar. Ah meu querido pai, como sinto sua falta. Serei a partir de agora ainda mais implacável na tentativa de protegê-las. Primeiro vem a família. SEMPRE!

#AntonyBridgerton

Diário do Visconde Bridgerton - COMPLETA Onde histórias criam vida. Descubra agora