Capítulo XII

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Emoções. Nunca fui muito dado a elas. Claro não contando o momento da morte de papai, nem dos momentos seguintes a sua morte, mas essa palavra irritante eu consegui manter distante por um tempo, mas agora... Tudo parece mudar.

Beijo, princípio do fim, prenúncio do apocalipse, está é uma boa definição para o que aconteceu neste mesmo escritório um dia atrás. Aquele não foi um beijo comum, nem de maneira nenhuma foi igual aos milhares de outros que já experimentei. Aqueles lábios irritantes despertaram coisas que julguei estarem trancadas, inalcançáveis, inexistentes...Levando-se em consideração que tenho experiência no que se relaciona a beijos e intimidades , eu jamais classificaria os beijos da Srta Sheffield igual aos tantos outros, com ela foi diferente.

Não quero me ater a tal significado, uma vez que não quero em absoluto chegar a raiz do problema, mas ainda sim seria tolo se não percebesse que algo mudou. E não foi só em mim, ela também foi abalada. Ainda que não devesse tê-la atacado- isso é imperdoável-mas ela não soltou-me, atacou, ou atirou algo em minha cabeça. Ela pareceu...receptiva, ávida, interessada.

Sua respiração a denunciou mais do que ela desejaria mostrar, tenho certeza que abalei seus sentidos, e para ser sincero comigo mesmo, ela também abalou-me. Nunca senti nada parecido por outra mulher, o desejo que ardia em mim poderia ser capaz de rivalizar com o fogo dos nove círculos do inferno de Dante. Ela possui uma combinação inebriante e incendiária ao mais santo dos homens: lírios, língua afiada, lábios altamente beijáveis e um corpo glorioso. Como os outros homens não percebem tamanha combinação? PARVOS todos eles .

Assim como seu beijo, a imagem de seu rosto tomado pela ira me atormentou a cada minuto do dia. Minhas atitudes reprováveis fizeram com que sua raiva transparecesse em seus olhos, ela realmente não deseja que eu corteje sua irmã. Não sei como até alguns minutos antes de nossa discussão eu pude imaginar que ela tivesse ciúmes de Edwina. Uma mulher tão fascinante e tão transparente permitiu que eu percebesse a verdade, ama sua irmã com intensidade, e me quer longe pelo que já sabe, e pelo que aconteceu noite passada.

Porém ainda que não deseje, ou não entenda realmente o que desejo, eu preciso e vou casar-me ao final da temporada, e para o bem de minha sanidade, e da dela, a escolhida continua sendo Edwina. Por ela não tenho nutrido sentimentos contraditórios- ora raiva, ora desejo ensandecido-, por ela meu sangue não ferve nas veias, e por ela não tenho possibilidade de desenvolver sentimentos maiores. Com Edwina não sofrerei, nem passarei noites em claro imaginando o "se". Com ela será calmaria, sossego, com isso eu posso acostumar-me. Não posso é reviver os sentimentos desenfreados de meu encontro clandestino com Kate, se fossemos pegos a essa hora já estariam planejando nosso casamento, experimento a sensação de terror.

O que leva-me a divagar... Será que os pensamentos dela também estão turvados?
Será que ela também sentiu tanto desejo quanto eu com as carícias e os beijos? De fato uma Dama jamais poderia conversar sobre essas liberdades, mas gostaria de ser telepata para desvendar os pensamentos da Srta Sheffield neste exato momento. Temo que em sua briga interna, a raiva esteja vencendo o desejo, pois em se tratando de Kate, sua mente opera de maneira contrária à todas as outras. Como gostaria de tê-la receptiva e quente em meus braços nesse exato momento... De onde veio isso?
Diabos, sou um caso de internação! Estou começando a ficar maluco!

Wisky este será o meu remédio!

#AnthonyBridgerton

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