Capítulo XVII

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Escolhi o jantar para anunciar as eminentes bodas, fazê-lo me proporcionou um prazer muito maior que o esperado, pois assim que proferi as palavras a tornei minha para todos os convidados ali presentes. Eles se mostraram surpresos, obviamente por terem imaginado que a escolhida seria Edwina, todos tolos, minha escolha - ou melhor dizendo a escolha da abelha se provou muito bem feita - o encontro no gazebo ainda estava entranhado em cada fibra de meu corpo. Kate Sheffield seria a próxima Viscondessa Bridgerton em uma semana, e como gostaria que o tempo passasse rápido, mas.. Tendo coisas a resolver decidi que permaneceria em Aubrey Hall depois que os convidados partissem.

Chamei meu advogado a Kent, deixaria todos os documentos prontos, o contrato de casamento, o testamento, são detalhes práticos que não poderiam deixar de serem resolvidos. Dali a uma semana ela estaria respaldada pelo meu sobrenome, sob a minha proteção pelos laços do matrimônio. Estaria enfim casado, daria prosseguimento ao nome e título e isto era o que realmente importava, as circunstâncias do casamento seriam esquecidas.

Mamãe apareceu em meu escritório após o jantar para parabenizar-me mais uma vez, seus olhos estavam resplandecentes. O que casar um filho não faz, não é mesmo?! Tivemos uma boa conversa sobre os recentes acontecimentos, deixei claro que mataria a Sra. Featherington caso aquela harpia comentasse sobre as circunstâncias de meu noivado, e acredito que mesmo que ameaçasse matar a mulher Lady Violet não se oporia. Sua felicidade genuína diante da minha aprovação para quaisquer gastos com minha noiva, somada ao fato de que já contabilizava quantos possíveis netos eu lhe daria, fizeram com quê eu desejasse ter sucumbido a seus intentos de casar-me antes. Deus como a amo! Só pedi que não me deixe pobre antes mesmo de casar-me, sua risada encheu a biblioteca, e aqueceu-me.

Quando verifiquei a correspondência e os jornais, para meu desgosto lá estava a coluna de Lady Whistledown , se já havia desejado matar a Sra. Featherington com requintes de crueldade, a esta infame mulher – se é que era esse o caso - desejava esfolar. Como em nome dos deuses ela sabia e publicara tais infâmias? Ela parece antever tudo que nos acontece, foi assim com Daph , o duelo , Simon e todo o resto, minha herança pela cabeça da Lady W. Toda Londres, melhor dizendo toda a Inglaterra especularia sobre como fui apanhado. Oh céus!

Com o contrato nupcial pronto, todas as questões resolvidas em Aubrey Hall, parti para Londres, sentia-me inquieto. Acreditava que os dias longe seriam fáceis, que o fato de estar pondo em marcha todos os assuntos, falando com os administradores das outras propriedades apagariam - ou ao menos diminuíram - quantas vezes meus pensamentos se voltavam facilmente para ela. Seu sorriso, seus olhos, suas respostas inteligentes, sua postura altiva, a cada fio de pensamento lá estava Kate Sheffield a entranhar-se. Ansiava por ver Kate, sabia que estava ocupada com os preparativos para o casamento, mas o desejo voltou a inundar-me diante das lembranças de seus beijos, de como havia reagido a mim. Sua graciosa forma de arfar, seus suspiros, a leve confusão diante de minhas atenções ...Manteria as coisas assim, permeadas e embasadas pelo desejo, não juntaria a equação o amor. De nada serviria a ela ou a mim que assim acontecesse, o amor no nosso caso só traria dor, mandei um bilhete a sua casa solicitando uma audiência.

A cada passada de meu cavalo senti meu pulso acelerar-se, diabos, se esse não era um sintoma de enfermidade, não sei o que era. Deveria ser honesto com ela, colocar os termos de nosso casamento as claras servia para anular possíveis pretensões e enganos. Na sua porta o mordomo recebeu-me e indicou a sala de estar, parecia que haviam passados eras desde a última vez que ali estive levando flores para elas.

Sua beleza afogou-me, respirei pesadamente para obter tranquilidade, vê-la provoca-me uma sensação diferente. Ali bem diante de mim estava minha noiva, minha, minha Viscondessa. Acreditei que o pronome era o causador de tamanho prazer, não tinha tempo e nem disposição para analisar os possíveis sentimentos ali embutidos. Tomamos o chá, e incitado por ela introduzi o assunto, especifiquei que seríamos marido e mulher e que em nossa união ela não deveria esperar amor, que teria minha dedicação e exclusiva atenção se não me colocasse para fora de nosso leito marital. Sua postura se tornou rígida, acaso mantinha ilusões sobre o amor? Deixei claro que a amizade seria o sentimento predominante em nossa relação, e ela não protestou diante dos argumentos, inicialmente quis conquistá-la , convencê-la até para obter acesso a Edwina, mas não seria justo deixá-la ter esperanças vãs.

Entreguei-lhe o anel de noivado, um dos tantos que estão em nossa família a gerações, todos os outros pareciam adornados demais, o escolhido se assemelhava a sua atual dona, simples , prático e lindo, deslizei-o em seu dedo, sua mão tremia, a observei admirá-lo. Ali estava aninhado em seu dedo a prova de nosso compromisso. Beijei seus dedos finos e graciosos, solicitei um beijo para selarmos o acordo, ela já se preparava para fugir, mas fui mais rápido.Puxei-a para meu colo, e fui transportado ao paraíso, havia esquecido o quanto doce era tê-la em meus braços, uma mínima interferencia de seu cão impertinente e voltamos ao ponto crucial: selar o acordo. A intenção inicial era apenas beijá-la , mas somou-se o fato de sua mãe não estar em casa ao fato de estar maravilhado em tê-la em meu colo, os beijos se intensificaram, e a razão abandonou-me.

Em sua sala de estar, provei sua pele, a beijei sem reservas, e fiz o que a muito desejava, pois se não aproveitasse aquele delicioso momento iria com a mais absoluta certeza pôr-me louco: desci seu vestido matinal, e contemplei seus seios , eram gloriosos. Segurei-os nas mãos testando seu peso, estava no sétimo céu. Seus protestos ficaram esquecidos, toquei sua pele de porcelana, e a venerei com minha boca...Maravilhosa, suas proporções perfeitas para minha mão, seu gosto um deleite para o paladar, suguei com suavidade. Sua respiração se tornou ainda mais errática, ofegava meu nome, e ouvi-lá chamar-me em meio aos carinhos tinha um efeito mil vezes mais potente que o mais fino brandy. A razão voltou com esplêndida rapidez, não poderia correr o risco de sermos pegos, beijei-a com ardor uma vez mais, e me despedi, já tivemos o suficiente de escândalos para toda uma vida. Anunciei que nos veríamos no sábado, mais uma das reivindicações de mamãe, em absoluto iria contraria-lá. Ainda que adoraria naquele mesmo momento levar Kate com uma licença especial a primeira igreja, e torna-lá minha esposa de uma vez por todas!

#AnthonyBridgerton

P.s. Começo a odiar muitíssimo essas convenções e regras sociais antiquadas. Sábado parece-me muito distante.

Diário do Visconde Bridgerton - COMPLETA Where stories live. Discover now