Capítulo VII

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As noites de carteado e prazeres mundanos já não são mais tão animadas quanto antes. Não que tenha perdido o vigor ou o interesse, mas analisando minha idade e meus deveres para com o título, percebo que de fato minha querida mãe tem razão... É hora de casar-me e gerar meus herdeiros!

A sensação de admitir tal fato, deixa-me um gosto ruim na boca, e um tremor no corpo. Enfim, Lady Violet ficará exultante, e tenho a mais absoluta certeza que me presenteará com seu mais brilhante sorriso e tão rápido estarei com mais uma lista de possíveis Viscondessas na mão. O que fazer? Absolutamente nada! Como negar algo a minha preciosa mãe? Não há essa possibilidade.

Porém terei meus próprios critérios para escolher minha futura esposa, e com completa convicção: amor não estará envolvido em nossa relação. Tenho que cumprir o que é esperado de mim, e desvincularei as outras questões.

Meu pai sucumbiu por uma abelha, um inseto... Um homem forte, grande e saudável derrotado por uma abelha. Para mim seu filho mais próximo _ não que ele fizesse alguma distinção entre nós_ mas para mim sua morte teve um impacto muito forte, me senti e ainda me sinto perdido sem ele. Seus ensinamentos permanecem e permanecerão comigo até o fim dos meus dias, que de maneira nenhuma será maior que o número dos dias que ele teve, como eu sei esse fato? Não sei explicar, mas tenho absoluta certeza disso, por isso tenho que me casar.

Colocarei critérios e analisarei de perto as que se encaixem no perfil que eu traçar. Ela deve ser inteligente obviamente, não passaremos todos os dias e todas as noites na cama, dessa forma preciso de uma esposa que tenha o quê conversar _ não que não tenha algumas ideias sobre como passar as noites _ deverá ser atraente, despertar desejo, mas jamais amor. O amor está fora da equação, terei um casamento tranquilo, com uma mulher que não amarei jamais.

Umas das coisas que mais me marcaram nos dias após a perda de nosso pai, foi o fato de observar minha mãe a cada dia depois disso. Sua felicidade foi drenada, não que ela tivesse se tornado amargurada, mas em cada momento que tocamos no nome de nosso pai a tristeza voltava a seus olhos, algumas vezes após o nascimento de Hyacinth ouvi seu choro, ela sentiu e sente até hoje a falta dele. Como submeterei minha esposa a tal situação? Como poderia tranquilizar-me, sabendo que daqui a alguns anos estarei morto e minha família sofrendo?!? NÃO, já está decidido, amor não fará parte de nosso enlace. 1814 é o ano em que o Visconde Bridgerton escolherá sua esposa.

Tratarei de estar em todos os bailes, dançarei com o maior número de debutantes e quem sabe analisarei com mais afinco a maldita lista de minha mãe. Ela com toda certeza compilou boas indicações para dar-me, que mal há em fazê-la participar de tal processo? Casar não deve ser de forma nenhuma algo doloroso, terei uma mulher disposta e feliz a minha espera em casa, e ainda farei feliz a minha queridíssima mãe. Argh!! Nunca imaginei estar tão satisfeito em sossegar.

Perguntarei a meus irmãos sobre sugestões de potenciais pretendentes, eles devem ter algum nome a sugerir. Depois da coluna de Lady Whistledown, as matronas e suas filhas debutantes estarão em desespero para fisgar-me como possível marido, confesso que ainda não entendo esse desejo das damas em regenerar os libertinos. Não que me considere digno de tal título, já fui um, muito mais ativo, hoje com a maturidade, estou mais consciente. Evidente que não me tornei um santo, em absoluto, mas não tenho o apetite de outrora.

Casarei e lhe darei assunto para umas duas semanas de periódico. Mantendo distância de minha futura esposa, conseguirei proteger a ambos. Farei Benedict e Colin prometer que estarão sempre ao lado de minha futura esposa, e dos herdeiros que teremos. Não me imagino partindo sem que esses pontos estejam definidos e arranjados. Ela sobreviverá, não irá sofrer... Disto tenho certeza.

#AntonyBridgerton

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