Capitulo XI - Parte II

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Tentei ser o mais cordial possível com Maria uma vez que meus sentidos estavam todos centrados na outra mulher embaixo de minha mesa. Ela não poderia ser vista e eu não poderia transparecer desconforto, mas não imaginava que ela poderia ser tão abusada a ponto de morder-me, isso mesmo morder. Quando poderia supor que além de ter uma mulher sob minha mesa, ela ainda seria capaz de morder-me? Essa mulher claro só poderia ser a Sheffield errada, porque colocaria toda a minha fortuna nisso, a Srta Sheffield certa, jamais seria capaz de tal atitude.

Não que eu esteja completamente inocente em sua escolha por usar os dentes, creio ter tido uma atitude execrável para com ela, acabei pisando em sua mão de propósito, isso não me trouxe orgulho, mas um prazer momentâneo, e agora ao escrever me envergonho. Onde estava com a cabeça? Essa mulher tira-me do eixo, aflora o que há de mais primitivo em mim. E este não foi o pior, pois após cravar-me os dentes eu ainda chutei-a. Tento agora evocar que o motivo para tal atitude tenha sido o meu senso de defesa, que não estava consciente quando fiz isso, pois se envolvesse consciência no ato, eu não poderia me considerar um cavalheiro. Não, em absoluto.

Uma vez que levei Maria até a porta, já tinha traçado meu plano, ela iria se arrepender de ter invadido meus domínios, de estar me espionando, e por se colocar em meu caminho até minha futura esposa. Iria amedrontá-la, para que nunca mais se metesse em assuntos que não são seus.

Ordenei que saísse dali, quando não fez rápido o suficiente, e com a raiva correndo rápido por minhas veias puxei-a de seu esconderijo. Coloquei-a de pé e me preparei para o que estava prestes a fazer: assustá-la. Questionei o por quê de estar ali, escondida. E sua resposta não foi satisfatória, avancei em sua direção, a raiva dominava meus sentidos. Quem ela pensa que é para invadir o santuário de um cavalheiro, espionar uma conversa íntima com uma antiga amiga, e sair ilesa?

Diminuí ainda mais a distância entre nós, queria assustá-la, mas seu cheiro, me assaltou novamente, e fui impelido para frente, senti sua respiração acelerar, e fui mais uma vez levado a me aproximar dela. Deixei claro que uma Dama não deveria invadir os domínios de um cavalheiro, menos ainda de uma pessoa que ela tão claramente diz não gostar. Olhei para seu peito que subia e descia, e minha mente começou a mudar, não estava mais sentindo raiva, minha mente estava nublada pelo desejo, e ao passar o dedo pelo queixo dela, já numa distância indecorosa, meu sangue estava em chamas.

O fato de ter invadido o meu escritório já não me trazia ira, e sim vontade de agradecer aos deuses, porque de fato ela era um presente, um presente trêmulo, com os olhos brilhantes e as bochechas coradas, ah um presente com o cheiro enlouquecedor de Lírios.

Aproximei-me mais e dei a opção a ela de negar-me, de empurrar-me, não que quisesse que ela de fato fizesse, mas se não deixasse que me repelisse estava perdido enquanto um cavalheiro. Impor-me a ela, JAMAIS. E percebi, que o meu desejo estava refletido nela, que se eu a beijasse ela iria gostar, mesmo sem ter a consciência do que deixava transparecer com seu corpo, afinal é inocente nessas questões.

Imprensei seu corpo com o meu, e beijei-a, ou melhor me apossei de sua boca. Não tenho lembrança de ter sentido tanto prazer em um beijo como quando provei o gosto de Katharine Sheffield. Os lábios mais deliciosos, tenho absoluta certeza. A respiração acelerada dela, só me fazia desejar ainda mais acariciá-la, um ponto distante de minha mente, aquele percentual ínfimo de consciência que se mantinha alerta foi o responsável por não levar a cabo o que meu corpo freneticamente desejava, tê-la ali, em meu escritório, saber se de fato combinávamos para além dos beijos.

Passei minhas mãos por seu corpo, apertei-a contra minha protuberante anatomia, o desejo aumentado, e quando ela retribuiu minimamente, mas ainda sim retribuiu, o desejo foi elevado a um nível alarmante, não creio que aconteceria com qualquer mulher, a minutos atrás estava com Maria no mesmo escritório, e não estava nem um pouco ansioso para tê-la entre meus braços. Por mais que não goste nem um pouco de admitir, Kate, é a mulher que despertou esse sentimento desenfreado, e alucinante. Agora não tenho dúvidas de que minha sanidade de fato está comprometida!

Sem perceber, ainda confuso e com ela em meus braços verbalizei aquilo que meu corpo já havia percebido, que seu gosto era maravilhoso, e senti seu corpo se retesar sob o meu. Em minha experiência sabia que o momento mágico havia acabado, e ela de fato empurrou-me. E temo não ter sabido lidar com a rejeição. Será que ninguém entende o quanto é difícil para o homem parar quando os picos do desejo estão além de qualquer entendimento, pelo amor de Deus? Fui rude, e me arrependo disso, e cheguei a uma atitude descabida, que no momento tomado pela raiva pareceu plausível, mas agora tenho receio até de colocá-la no papel.

Assustado com o momento que compartilhamos, e sem querer nomear a confusão de sentimentos aos quais fui tomado, optei por negar tudo e assumir a postura rígida e distante, discutimos, nos insultamos e em um momento superei todos os insultos que já havia feito a ela, e me arrependi assim que o fiz. Joguei a chave do escritório a seus pés, estou sendo atormentado pela imagem de seu rosto decepcionado, e em seguida tomado pela raiva quando disse que ainda iria me casar com sua irmã. Mamãe ficaria estarrecida diante de minha atitude tenho certeza, mas não entendo o que se apossou de mim, queria feri-la, machucá-la e em seguida ajoelhar-me a seus pés e pedir desculpas. Uma confusão.

Após a sua saída do escritório, me senti drenado, exausto, ela levou a minha sanidade. Como irei me retratar diante de tais atitudes? Ela entenderá o meu descontrole, uma vez que nem mesmo eu entendo? E que beijo...pela primeira vez, ela me pareceu a Srta Sheffield certa. Diabos! Prevejo sonhos ainda mais tórridos, agora sei qual o seu gosto, e ainda quão delicioso é sentir o contorno de seu corpo sob o meu...Só posso estar louco!

#AnthonyBridgerton

Diário do Visconde Bridgerton - COMPLETA Where stories live. Discover now