8- No Pressure

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“O verdadeiro homem quer duas coisas: perigo e jogo. Por isso quer a mulher: o jogo mais perigoso.”
    – Friedich Nietzsche

   Quando pensamos em morte, geralmente torcemos para que seja uma morte rápida e indolor. Morrer dormindo é a opção mais viável para as pessoas que refletem sobre o último suspiro. No entanto, Bella Gonzalez não teria muito tempo para pensar nisso, muito menos quando se tem uma pistola apontada para ela.

— Para onde você pensa que vai, Bella? — o tom inquisitivo de Antony deixou-a estática, a sacola caiu em seus pés quando fez um sinal de rendição. — Vire-se lentamente.

Sem responder e sem muito tempo para pensar, Bella fez o que Antony pedira enquanto todo seu corpo estava em alerta.

— Quem é você? Duvido muito que seja apenas um cozinheiro famoso. — Gonzalez conseguira indagar, deixando a adrenalina tomar conta de si.

— Não é muito inteligente fazer essas perguntas quando se tem uma arma apontada na sua direção, Bella. — Mesmo com o tom de voz passivo, o moreno tinha um brilho sagaz em seus olhos âmbar.

— Você vai me matar? Se fosse com certeza já teria feito isso, desde o dia que me trouxe até aqui. É você, não é? A pessoa que queria me matar? Mas eu nem te conheço... — a morena suspirou fundo olhando para aqueles olhos intensos.

— Não vou te matar, apenas achei que tinha uma visita indesejada e também quando te escutei, pensei que estivesse em perigo. — Ele respondeu apenas uma de suas perguntas, deixando Bella curiosa quanto a outra.

— Agora? Estou... Só me assustei por você ter uma arma, fiquei com medo e resolvi ir embora. — Confessou.

— Não vou te machucar, Bella. Pode sair, a porta está aberta, a arma está abaixada. Você pode ir embora quando quiser, não é a minha prisioneira. — Ele deu de ombros e sentou-se no sofá, abaixou a arma e Bella olhou rapidamente para o corredor vazio que dava acesso ao elevador, antes de fechar a porta e suspirar fundo.

— Você tem razão. Não tenho para onde ir. E não tenho ninguém de confiança, talvez eu devesse ligar para o meu pai, ou a minha irmã... Mas não consigo fazer isso. Tenho medo de pôr todos eles em perigo. — Bella passou as mãos no cabelo escuro e fechou os olhos rapidamente, mas logo voltou sua atenção para Antony. — Desde quando você aprendeu a atirar?

— Meu pai. Ele me levava para caçar com uns amigos enquanto minha irmã, aquela da foto, cozinhava com a minha mãe. Keyla nunca teve talento com a cozinha, enquanto papai dizia que ela como mulher deveria aprender a cozinhar e eu tinha que caçar como um homem. — Antony suspirou fundo, brincando com a arma em mãos. Por alguma razão, Bella não sentia mais o medo de antes.

— Então... Você aprendeu a cozinhar com a sua mãe e atirar com o seu pai? Quando na verdade ele não aprovava um homem na cozinha. Que rebelde. — Bella esboçou um sorriso descontraído, quase fazendo o medo anteriormente ter se tornado uma vaga lembrança.

— Sim. Inclusive, tenho uma ótima pontaria. Você nem imagina... — Tony brincou com um sorriso malicioso nos lábios. — Bem, podemos terminar o jantar com uma sobremesa ou já está satisfeita? — indagou curioso.

— Sabe cozinhar, atirar, é rico e bonito.  Tem alguma coisa que você não saiba fazer? — Bella debochou enquanto cruzava os braços. O medo tinha sido substituído por outra coisa...

— Pão. Odeio fazer pão. Os meus nunca ficam bons o bastante. — Ele suspirou fundo e por segundos parece ter escutado somente agora o que ela disse. — Então você me acha bonito? É melhor pararmos por aqui, antes que isso vire uma síndrome de Estocolmo — provocou.

Hard To Resist | CompletoWhere stories live. Discover now