Capítulo 11

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Por fim, ele se voltou para ela. Cait não sabia o que esperava ver em seus olhos. Diversão, ao se perceber observado, um olhar sarcástico diante da frase clichê, um resto de desejo. Mas o olhar dele só mostrava a deliberada compostura de quem antecipava o que viria a seguir.

– Acho que deveríamos.

Certo. Tudo bem. Ela se enrolou no lençol.

– Muito bem. Eu não quero tomar uma decisão importante sem saber o resultado dos exames, mas sei que, se o teste der negativo, eu quero ter o bebê. – O silêncio caiu sobre os dois. Ele não disse nada: esperou que ela falasse mais alguma coisa. O simples fato de que ele soubesse que ela tinha mais algo a dizer já era enervante. – Eu não quero que essa criança tenha um pai de meio expediente. Ou você participa totalmente ou não participa.

Ele franziu a testa.

– O que a faz pensar que eu não vou participar?

– Eu não quero que você resolva baseado no que eu quero. Se você não quiser se envolver, não se envolva.

Ele abafou um gemido de frustração.

– Você não pode me dizer uma coisa dessas, você sabe que eu quero me envolver.

– Eu só estou lhe dando a opção para se afastar de toda essa confusão.

– Você não pode estar falando sério. - Disse ele irritado

Ela passou a mão pelos cabelos.

– Eu só... Eu não quero que você se sinta preso.

– Há quanto tempo nos conhecemos?  perguntou ele.

Ela calculou.

– Há 10 anos.

–Exato, e durante todo esse tempo, você já me viu fazer algo que eu não quisesse fazer?

_ Não.

_ Aí está.- disse ele se levantando e vestindo a calça

_ Mas...

_ Caitriona, Pare por favor. - Ele acabou de se vestir e olhou pra ela frustrado._ Se você vai me igualar aos seus antigos relacionamentos eu prefiro e tomar um banho.

– Ótimo, Vá.

– Então é isso? Você disse tudo que precisava?

– Aparentemente, sim. – Ela se arrastou até a beirada da cama com a dignidade que lhe restava, mas furiosa. Assim que ele saiu, ela se jogou de volta sobre o colchão. Poderia ser mais desagradável? Em apenas um dia, eles tinham passado de melhores amigos a amantes que brigavam. Para ela, era um recorde. Não era aquilo que ela queria. Como poderia consertar a situação?

Sam Pov:

Droga, Caitriona era muito teimosa.

Sam estava na cozinha, fazendo mais barulho do que o necessário ao pegar os utensílios para preparar o almoço, Ela estava tão determinada a tomar suas próprias decisões, a não considerar uma opinião diferente, que ainda não tinha lhe ocorrido...

Claro que as suas longas ausências de casa eram inconvenientes. Às vezes ele pensava que brincava de esconde-esconde com a vida das pessoas. Mas ele amava o que fazia, ele amava a música e amava aquela mulher teimosa, sorriu, e tinha certeza que já amava aquele ser que se formava no ventre dela, será que era tão difícil pra ela ver isso?

Quando a carne já estava quase pronta, a atenção dele foi despertada por um movimento. Ele se virou e, viu ela parada no meio da sala, prestando atenção à televisão, e levou um choque. Ela estava descalça e muito sexy, os cabelos presos em um coque mal feito e vestida com uma camisa dele que ia até a altura de suas belas coxas. A lembrança do que haviam feito no quarto o atingiu,

Ele praguejou. Nunca esperara tão ansiosamente pelo resultado de um exame. O resultado iria mudar a vida dos dois para sempre, para melhor ou pior. Naquele momento, ele compreendeu por que Cait tinha resolvido não querer saber. Precisava ser uma pessoa muito forte para querer saber, mas também precisava ser muito forte para viver a vida plenamente, carregando sempre o peso da incerteza. Ela era mais forte do que ele pensara.

Zangado ele voltou a atenção para a carne na panela e esperou que ela se aproximasse. Não demorou muito.

– Posso ajudar em alguma coisa? - perguntou ela, parando perto do balcão dá cozinha

– Se quiser colocar a mesa.

– Claro.

Ele ficou olhando enquanto ela dava a volta e ficava na ponta dos pés para pega os pratos na parte de cima do armário. Belas pernas, pensou ele.

Ele a viu sentar à mesa, dar uma olhada para ele e concentrar a atenção no prato. O momento de descontração se fora. O que havia de errado com... Tudo bem. Ele sentou, sem deixar de olhar para ela. Ela estava nervosa. Por quê? Ele brincara com ela centenas de vezes a respeito de coisas muito pessoais. Sim, mas quem brincava era o Sam melhor amigo, não o Sam amante. As coisas haviam mudado, e ela parecia estar... constrangida.

– Cait – falou ele em voz baixa.

_ Hein? - respondeu ela sem ergue a cabeça.

_ Não é estranho?

– O quê, especificamente?

– Você e eu.

– É...? – Ela engoliu em seco. – Não existe você e eu.

Não existia? A pergunta flutuou no ar. Os segundos se multiplicaram, até que ele percebeu que franzira a testa e ela voltara a olhar para o prato.

_ Então, nós somos apenas parceiros ocasionais de cama?

Ela deixou o sarcasmo passar batido.

– Eu não acho que essa seja uma boa ideia.

Ele ficou olhando para ela, até que ela olhasse para ele. E então ele conteve um gemido quando se lembrou da curva da sua cintura, de seus seios, do seu corpo estremecendo de excitação e dos gemidos dos dois ao atingirem o clímax.

Ela arregalou os olhos ao vê-lo contrair as narinas, e voltou a olhar para o prato.

_ Você é meu melhor amigo, eu não quero estragar isso.

– Ela não foi estragada, só... – Ele procurou uma palavra. – Está diferente.

– Diferente... – Ela fez uma careta.

– Eu não quero que seja diferente.

_ Você deixou isso muito claro.- ele respirou profundamente. _ Mas negar tudo é estupidez.

Ela ergueu a cabeça bruscamente.

– Você está me chamando de estúpida?

_ Não Cait, claro que não.

Ela se levantou da mesa.

_ Cait, por favor.

Ela não disse nada e desviou o olhar. Sam engoliu um gemido de frustração. Aquele olhar de “você tem razão, mas eu não vou admitir” o irritava.

– Era bom do jeito que era – falou ela, fitando o prato.

O golpe o atingiu como um tiro. Ela não o queria. Não: ela não queria ninguém. Deixara claro. Ele não deveria levar para o lado pessoal. Mas como conseguiria fazer isso, se já tinham estado juntos três vezes e ela sempre dizia que queria que fossem amigos? Ele sabia o que ela estava fazendo. A situação estava ficando emocional e ela tentava afastá-lo. Fora o que ela fizera quando sua mãe morrera, e estava fazendo de novo. Só que, desta vez, ela precisava lidar não apenas com os hormônios da gravidez, mas também com a expectativa do resultado do exame.




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