rato de laboratório

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Capítulo cinco

Appa não perguntou onde arrumei todas aquelas revistas, contudo existe um motivo para isso: às escondi dentro de uma caixa embaixo da pia do automóvel. Caso contrário, me faria várias perguntas e provavelmente me proibiria de ler "besteiras" como aquelas. Nada que não fosse extremamente importante poderia desviar o foco de Soyuk, o que é legalmente compreensível. Omma fez o jantar antes de chegarmos em casa, comemos todos juntos e ela queria conversar isso ficou evidente durante toda a noite.

Ela não quis dizer com todas as palavras sobre o que era mas todos nós já sabíamos:
- Consegui agendar a cirurgia!

Omma e appa comemoraram e Soyuk e eu nos mantivemos sérias por que sabíamos o que isso significa.

- Nakyung, meu bem você está de acordo, sim? - Eomma perguntou delicadamente.

- É claro que ela está de acordo, não seja insensível! - Appa vociferou enquanto revirou os olhos.

Eu respirei fundo e concordei com a cabeça:
- Estou. - Sorri para minha irmã e me devolveu um sorriso confortável.

Omma me perguntou se estava de acordo, ela sempre fez isso por menos escolha que eu tivesse ela sempre fez isso. Sempre me deu a esperança de pode recusar mesmo sabendo que eu de forma alguma poderia recusar, está mais que óbvio que essa vida não é minha. Que esse cabelo não é meu e que a roupa que eu estou vestindo agora também não é. Que o coração que pulsa no meu corpo não me pertence. E eu me considero madura demais por que nunca recusei mesmo tendo a esperança de poder recusar.

Ambos continuaram o jantar alegremente enquanto eu mexia a comida de um lado para o outro. Quando o relógio marcou dez horas da noite, finalmente fomos para nossos respectivos quartos. Eu peguei a caixa antes que luzes se apagassem e li um primeiro HQ e o segundo, respectivamente o terceiro e o quarto. Até que acabei dormindo.

Sonhei que estava correndo em um campo de girassóis, minha roupa era nova e eu estava aparentemente feliz. Até que o céu escureceu e de um lado bem na minha frente apareceu omma e atrás de mim appa, aterrorizante. Em nossa frente Soyuk muito debilitada, tentei correr para a ajudar mas não consegui por que omma e appa agarram meu braço e enfim acordei assustada. Olhei para a beliche debaixo e minha irmã está dormindo calmamente. Está respirando bem e parece rosada.

Olhei para o relógio na parede e nele marcara quatro horas da manhã. Muito cedo. Peguei uma revista e li o mais rápido que conseguia ainda assim saboreando cada uma delas, preciso devolvê-las hoje, não quero causar incômodo ao garoto. - Omma me dizia que eu não deveria incomodar. - Faltava apenas duas quando o relógio marcou cinco horas. Levantei o mais rápido que consegui e abri a porta delicadamente evitando qualquer barulho. Ninguém havia acordando ainda e omma sempre reclamou que odiava acordar cedo para cozinhar então, eu mesma decidi fazer isso. Peguei alguns temperos que compre outro dia na mercearia e cozinhei como se minha vida dependesse daquilo.

- Nakyung, o que você está fazendo? - Omma gritou da porta de seu quarto, provavelmente acordando todos e me fazendo levar um susto. - Eu já não te disse para não cozinhar?

Ela empurrou meu corpo e se apossou do fogão:
- Me desculpe, eu não sabia que queria fazer isso hoje... Perdão.

Ela torceu o nariz para o lado e eu entendi que era hora de sair. Abri a porta estreita da rua e sentei-me no batente. Algumas crianças estavam com uniformes escolares e mochilas e suas mães segurando suas mãos lhes transferindo aquilo que existe de mais preciosa no mundo, o amor. Amor esse que nunca terei o prazer de experimentar, mesmo que me dessem mil anos de vida. O sol está forte em minha pele me fazendo sentir um calor quase que insuportável seguido de prazer, alguns médico da minha irmã falaram que os raios solares funcionam como um remédio natural contra depressão e de fato.

Mas não foi minha irmã quem esteve prestes a entrar nesse abismo, foi omma e eu lamento por isso. Por que, não foi só ela quem esteve tão mau, nós também ficamos e por mais que seja difícil não há outra maneira de lidar. Então, olhar para a lua e viver o sol foi a única maneira que encontrei de me desligar de todos a minha volta por mais difícil que tenha sido.
Agir como se não fosse nada que estivesse prestes a acontecer é complicado, nos primeiros dias, nos primeiros momentos mas depois é tudo verdade pois de fato não é nada.

E eu sempre acabo me enfiando nessa confusão, eu sempre deixo que eles me digam que sou uma garota incrível, a garota dos sonhos deles já que felizmente tenho um bom coração. E eu meio que acredito, eu sempre pulo pensando que eles me guardaram em seu peito assim como fizeram com Soyuk, assim como também deveria ser comigo mas no final não passo de vaso quebrado lançado ao chão que será consertado mas que infelizmente, não ficará inteiro.

Lapso De ResignaçãoWhere stories live. Discover now