rato de laboratório

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Capítulo dez

Acordei antes de todos, como sempre faço mas hoje é um dia diferente, por que; 1. eu ficarei com o celular durante uma semana inteira. 2. terei uma companheira para me ajudar com o trailer e 3. finalmente vou experimentar como é ser "livre". Pela primeira vez em toda a minha vida, ficarei sozinha longe de tudo o que me atormenta, como médicos, exames, meus pais e minha própria consciência que tenho certeza, não irá me sufocar. Pelo menos, não hoje.

Omma e appa deixaram as malas inteiramente cheias na sala, tive que fazer malabarismo para não tropeçar em nenhuma. Duas horas depois minha irmã acordou e com ela appa e omma também. Eles cuidaram de exatamente tudo o que podia acontecer, por exemplo, eu tenho hora para ir vender na escola e voltar e também tenho horário para usar o celular - Só em momentos apropriados, ou seja, quando ela ligar para mim. -, e o que vai diferir isso? Ela não me deixou nada para carregar a bateria.

- Não quero ninguém aqui. - Isso chega a ser cômico por que quem estaria aqui? Eu não tenho amigos. - Obedeça os horários, - Ela veio até mim e me abraçou.

Appa ficou de longe nos observando, ele não ousou dizer uma só palavra. Eu me despedi da minha irmã, ela me disse que sentiria minha falta - O que é mentira por que ela terá tantas coisas para se preocupar que nem lembrará de mim, e eu não a culpo por isso.

- Cuide da casa! - Appa finalmente falou comigo e entrou no carro que omma havia alugado.

Fiquei parada na calçada vendo o carro partir pelo horizonte, quando ele se tornou em um simples pontinho, pôs meu corpo para dentro. Estou verdadeiramente sozinha agora, tudo o que há nessa pequena casa branca, mas arrumadinha, é meu. E obviamente não podia deixar de fazer o que sempre quis fazer, assistir todos animes possíveis na tv até o horário de ir trabalhar.

E foi o que eu fiz, quando o relógio na parede anunciou 12:15h coloquei a massa de macarrão e as verduras e legumes no trailer e dirigi até uma rua que ficara no bairro nobre da cidade, onde eu encontraria minha ajudante sentada de frente a um lindo jardim que eu acredito ser seu e me pergunto por que uma pessoa aparentemente rica trabalharia em um trailer e cheira a macarrão.

Ela se veste extraordinariamente bem, umas roupas até que diferentes para uma tarde comum, mas ainda assim extraordinariamente bonita. Ah, e sem falar que ela nem ao menos olhou para mim ou sequer falou alguma coisa, apenas desenhava alguma coisa parecido com vestidos em um bloco de notas. Provavelmente seus pais a obrigou a trabalhar.

- V-você desenha? - Ela levantou o rosto lentamente, talvez tentany decifrar o por que de eu ter feito uma pergunta tão idiota como essa. - Eu constumava desenhar também.

Olhei fixamente para a rua a minha frente e ela continuou desenhando. Dividimos algumas tarefas depois que chegamos, por exemplo, ela atenderá os clientes e eu os servirei. A escola está mais animada do que nos últimos dias, o número de pessoas que veio até nós quase triplicou, o que é ótimo. Estava cantando alguma música que eu claramente não sei a letra quando visualizei o rosto do garoto dos hq's parado de frente a garota dos desenhos.

- Ele disse que quer o sempre. - Ela me respondeu mal humodada e eu pisquei meus olhos freneticamente enquanto a olhava caminhar até o acento para voltar aos seus desenhos.

Coloquei o yakisoba na tigela e peguei os hashis ansiosa para o que ele me falaria ou se ele falaria alguma coisa.

- Não ficou com o telefone? - Ele quase sussurrou enquanto olhava para mim.

- Omma não me deixou ficar com ele... - Sorri de lado procurando alguma revistinha em sua mão, mas não havia nada nelas além dos hashis.

- Entendi... - Ele me disse ansioso. - Eu trouxe um para você.

- O quê? Não! - Olhei para trás e ela aparentava não se importar com o diálogo que claramente ficou difícil de disfarçar. - Não precisa se preocupar com isso, meu Deus, claro que não.

Ele sacou o celular do bolso, totalmente despreocupado com o que eu já havia dito:
- É descartável, depois de setenta e duas horas de uso ele para de funcionar. - Ele me entregou e sorriu. - Meu número está gravado, eu esperarei uma mensagem sua.

Ele colocou o celular e o dinheiro em cima da bancada e correu em direção a escola novamente. Virei-me para trás devagar o suficiente para não despertar curiosidade na garota mas ela já estava me encarando.

- Ele é seu namorado? - Ela perguntou sem muita importância.

- É alguém que me empresta revistas de super heróis. - Respondi caminhando em direção a um banco próximo a pia.

Ela murmurou um "hum" mas não parou de falar:
- Me deixa ver o celular?

O entreguei para a garota estranha e pálida que o pegou como se estivesse segurando as mãos do seu grande amor.

- Tem um negócio dentro dele que se você desconfigurar e reconfigurar ele passa a ser um telefone comum mas que não pode ser rastreado pela polícia... - Ela o desmontou, pedaço por pedaço e o montou, peça por peça. - Pronto.

Eu a deixei de frente a uma loja de revistas, por que ela mesma pediu por isso e voltei para casa. Na hora exata a que omma designou para isso. A casa estava silenciosa e escura, mas confortável. Liguei algumas luzes para me sentir segura e peguei o celular que omma havia me deixado, tinha uma ligação perdida e então, ela me ligou novamente:

- Annyeong...

- Como você está?

- Estou bem, omma e vocês?

- Sua irmã está dormindo, estamos bem. Iremos embarcar agora.


Lapso De ResignaçãoWhere stories live. Discover now