rato de laboratório

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Capítulo doze

- meu nome não é interessante.

- tenho certeza que é!

- me dê um nome, eu prefiro que você me dê um.

- mas...

- não é justo, pensa no tanto que seus pais tiveram que conversar para o escolher.

- posso te garantir que não foi assim.

- mas me chame de
Nakyung ^-^

- agora sim posso te dizer que você tem um rosto e um nome em minha memória ×-×

- me conte, como você se sente esta noite, Nakyung?

- fantástica, eu acho. talvez solitária.

- por que solitária?

- não é por nada muito interessante.

- posso te dá a certeza de que tudo o que diz respeito a você é interessante.

Minhas bochechas queimaram e tenho certeza de que se estivesse lá, cara a cara com ele passaria a maior vergonha da minha vida para esconder meu rosto.

- eu não tenho certeza se devo compartilhar isso com vc

- quer dizer, não por ser você mas por ser algo tão pessoal

- espero que entenda T-T

- eu entendo...

- ultimamente estive separando algumas músicas para você ouvir

- pensei que como gostamos de quase todos os hqs, talvez você também se interessasse pelo gosto musical.

- eu não costumo ouvir músicas

- posso te enviar algumas, o que acha?

- Seria ótimo.

Demorou um pouco mais de cinco minutos até que todas as músicas chegassem até mim, eram músicas tristes e agitadas, um misto de ilusão com boa intuição. Algumas vezes senti meus olhos lacrimejar como se estivesse totalmente exposta ao caos. Mas eu me lembrei, eu sou o próprio caos.

Alguns - não muitos. - minutos depois eu adormeci. Acordei com o celular tocando, omma me disse que minha irmã entraria em cirurgia hoje durante a noite, o que me fez congelar por um momento. Ela seria aberta mais uma vez. Vários pensamentos não muito bons invadiram minha mente, minhas mãos começaram a suar e tremer mais do que eu pudesse controlar. Corri até o banheiro do andar de cima e lavei meu rosto. Levantei meus olhos e um pouquinho mais já estava vendo meu reflexo no espelho, meu cabelo vermelho no ombro, com cachos horríveis graças a minha genética escocesa. Meus cachos não são totalmente definidos, é evidente que não, só não é liso como o das outras garotas daqui e também não é cacheado como o das escocesas costumam ser. Por que eu sou a mistura dessas duas raças, uma mistura que claramente deu muito errado.

Omma havia deixado dois potes de iogurte natural para eu passar a semana. O primeiro pote acabou no momento exato em que eles saíram e é uma pena eu não me sentir completamente a vontade para beber o outro. É óbvio que não me sinto a vontade nessa casa nem mesmo quando estou sozinha, por que ela não me pertence em nenhum modo.

O relógio na parede já marcava 11:45h. A garota já estava me esperando na porta de casa quando passei para lhe buscar.

- Conseguiu usar o celular? - Ela me perguntou assim que entrou o que me deixou surpresa.

- Consegui... - Olhei enquanto meus olhos piscavam freneticamente. - Ahn, obrigada.

- Obrigada pelo o que? - Em suas mãos havia um caderno e uma canetinha, certamente pela ficará desenhando.

- Eu não sei. - Respondi e ela sorriu mas eu permaneci séria e confusa.

Seu rosto estava com um pouco menos de maquiagem que no dia anterior, o que me deixou ainda mais surpresa por que não vi seus olhos em um preto esfumado. Ela também cortou o cabelo, agora no ombro o que evidentemente a deixou ainda mais bonita.

- O Suga é legal. - Ela falou enquanto eu atendia nossa primeira cliente do dia. Que aliás é uma daquelas três garotas que andam juntas e ela ouviu o que Jihyo falou, tão comprovado que me olhou com desprezo.

Ela sorriu sarcástica e me olhou novamente:
- O que ruivona? Tá andando com essa aí agora? - Eu continuei olhando para seu rosto sem falar nada por que na verdade não entendi o que há de errado nisso. - Não vai me dizer que mudou de lado? Espera, você tem um lado?

- Wow, você está ficando boa hein, Gemye - Jihyo falou atrás do meu ombro. Uma voz tão segura que me fez querer ser como ela. - Agora vaza daqui.

A garota que agora eu sei o nome - Gemye. - nos olhou novamente e deu mais um sorriso, mas dessa vez se trata de um sorriso maldoso, totalmente.

- O que ela quis dizer com "mudou de lado?" - Jihyo revirou os olhos e eu entendi que não deveria perguntar-lhe sobre isso. - O nome dele é Suga? Ele se apresentou como "Min Yoongi"...

Ela sorriu e eu sorri também porque comecei a pensar na possibilidade de ele ter me dado um nome falso enquanto pediu para saber o meu.

- Suga é um apelido que deram a ele quando fazia parte do time de basquete da escola, ele te deu o nome certo, fica tranquila. - Novamente pegou seu caderninho e passou o lápis levemente em um desenho.

- Seus desenhos são incríveis, você deveria vender esses modelos. - Olhei para fora do treiler, para o campo apenas para conseguir o enxergar.

- Eu já faço isso, Nakyung. - O que me deixou mais surpresa é que ela sabe o meu nome.

- Ah, nossa... - Minhas bochechas esquentaram consideravelmente. - Isso deve ser espetacular.

Um toque estridente invadiu o ambiente, é o toque do celular descartável. - Uma mensagem. - Abri a mesma um pouco envergonhada, é do Min Yoongi.

"hey, você pode me ver? pq eu consigo te ver daqui

se não estiver ocupada, vem para cá, vc consegue me ver"

- Pode ir, eu cuido de tudo! - Levei um susto quando percebi que Jihyo estava atrás de mim lendo a mensagem, ela aparentemente também ficou tão constrangida quando eu já que seu rosto ganhou mais cor. - Quer dizer, vai lá.

- Não. - Respirei fundo e me sentei no banco que antes era ocupado por ela. - Eu não posso sair daqui.

- Claro que pode! - Ela revirou os olhos. - Eu posso ficar aqui, já disse.

- Não é isso... Meus pais me matariam se soubessem que eu saí. - Assumi mais para mim do que para ela.

- Bom, eles só ficarão sabendo se você contar, por que eu não contarei. Você vai contar? - Sua pergunta retórica e sua total confiança me fez sorrir.

- Eu vou acabar esfriando todas as expectativas dele, olha só para mim, meu cabelo é horrível! - Sorri cansada e revirei os olhos.

- Wow, calma aí. - Ela largou o caderno e foi a primeira vez que a vi fazer isso. - Pode parar, você não pode se sentir assim. Você me parece incrível, sabe quantas mulheres pintam o cabelo só para tê-lo igual ao seu? Hã? E seus cachos é uma particularidade sua, empodere-se, garota!

Lapso De ResignaçãoWhere stories live. Discover now