Lapso De Resignação

hq e música

Capítulo seis

Appa gosta quando tomamos café da manhã todos juntos, coisa que raramente acontece. As vezes ele tenta nos acordar cedo mas nunca dá certo, e para ser sincero, não ficamos contentes com isso. Hoje não foi diferente, ele certamente pensou que acordar às seis da manhã seria a melhor escolha que tomaria por toda a família. Tão boa que é possível ouvir omma e Jungki resmungar na cozinha.

Ele contudo, estara radiante cozinhando alguma coisa inodora no fogão. Appa costumava cozinhar bem, e ele gosta de o fazer, porém recentemente suas comidas não passam de pastas que serviriam tranquilamente para rebocar uma parede. Saí pela porta dos fundos e caminhei para a casa da pessoa que o tempero nunca muda e que isso nunca é um ponto negativo. Minha avó estava sentada à mesa junto ao meu avô. Sentei-me com eles e me servi de algo aquoso e ao mesmo tempo cremoso.

- Onde estão seus pais? - Meu avô perguntou me encarando. - Você sempre vem para cá durante as refeições...

- Eles estão cozinhando, mas eu não posso esperar. - Expliquei e o mais velho assentiu. - Tenho que chegar mais cedo na escola, acho que alguém quer falar comigo sobre os jogos.

Minha avó levantou as sobrancelhas e pareceu concluir alguma coisa internamente:
- Você sabe que seu pai adoraria que você participasse, não sabe? - Murmurei um "sei" e ela respirou fundo. - E também sabe que não precisa participar, não sabe?

C

oncordei com a cabeça e ela assentiu tranquilamente. Desde que posso me lembrar, minha avó sempre fora alguém calma e verdadeiramente correta, digo das muitas vezes que estive certo e ela procurou me ajudar e das milhares de vezes em que estive errado e ela também fez o favor de me dedurar. Ela é justa, talvez o exercito a deixou desse jeito. E foi bom, claro tirando as partes em que eu estou errado. É justo e importante falar que ela é uma daquelas mulheres, - Feministas. - e criou omma como uma também e omma por sua vez nos criou conforme fora criada. E acho que essa foi a melhor decisão da sua vida. Cresci trabalhando em casa e vendo meus pais trabalharem juntos e de maneira correta, o que me fez aprender que o mundo é de quem o quiser.

Depois que terminei de enxugar alguns pratos, beijei sutilmente a pele enrugada da mais velha e caminhei até minha casa que por sua vez estara agitada e fedida.

- Eu disse que a carne já estava boa! - Omma falou enquanto joga água em uma panela. - Que raiva, por que se mete se não sabe o que está fazendo?

- Por que eu achava que estava fazendo do jeito certo! - Ouvi appa se explicar.

Meu irmão estava penteando seu cabelo na sala, - Sorte sua omma não está prestando atenção na cena inteira. - Sentei-me no sofá e aumentei o volume da televisão. - Esse tipo de discussão geralmente não acontece, só quando acordamos cedo.

Quando percebi que iria sobrar para mim por ter saído enquanto eles preparavam o café da manhã, corri disfarçadamente até meu quarto e tranquei a porta. Pensei que talvez devesse levar mais alguns HQ's mas ela poderia nem ter lido os que lhes entreguei no outro dia. Então, resolvi não levar nenhum em vez disso baixei algumas músicas e guardei em uma pasta. Troquei algumas mensagens com Hoseok que estava tenso com o exame de linguística apesar de ser sua matéria favorita, ou a única que ele realmente assista.

Três batidas na porta, meu irmão:

- Você vai de skate? - Ele perguntou atrás da porta, suponho que já estamos atrasados.

Peguei meu celular e o fone de ouvido e os guardei na bolsa. Abri a porta do quarto:
- Vamos?

Passamos pela cozinha e o cheiro de queimado havia diminuído, omma fez questão de nos abraçar e beijar:
- Yoon, quando largar vá no salão. Eu amo vocês!

Assenti e me despedi com um aceno. Talvez as coisas se compliquem para mim quando meu irmão for para a faculdade, mas esse é o tipo de coisa que ninguém além de mim, precisa saber. As pessoas caminhando de um lado para o outro nesse corredor apertado me faz pensar que nem tudo faz sentido. Tipo o quanto aquele cara parece ser legal só por usar um casaco maneiro em um dia escaldante, ou quanto aquela garota parece ser legal por menosprezar tantas outras com a desculpa de que é simplesmente bela.

As vezes tudo também, parece passar despercebido mas eu estou sempre querendo observar e observo.

- Cara, preciso da sua ajuda! - Hoseok joga seu corpo contra o armário me fazendo levar um susto. - Nós iremos ver o jogo do seu irmão hoje, o que você acha?

- Claro que não. - O deixei para trás e caminhei me esquivando das pessoas para evitar bater em alguém.

- O que vai te custar? É o seu irmão. - Ele fez uma voz idiota e passou seu braço por meu ombro. - Tudo bem, eu só preciso que ela goste de mim. - Ele certamente falou para si mesmo.

- Hoseok, ela vai gostar. - Ele me olhou tranquilo. - Mas se acalma, não vai querer que ela ache que você é louco.

Ele balançou a cabeça negativamente e caminhou para o outro corredor, onde fica sua primeira aula. Continuei meu percurso até a quadra recreativa onde o treinador provavelmente está me esperando. E de fato está, sentado em um banco da arquibancada olhando seu time treinar.

- Queria falar comigo, treinador? - Ele me encarou e eu também o fiz.

- Sim, eu quero. - Ele tirou o bocal da caneta e escreveu um asterisco na ponta de uma linha. - Preciso que entre para o time de basquete. É simples, você veio às aulas durante anos então, sabe mais que qualquer um aqui e também sabe que é bom. Portanto, quero você no meu time.

Olhei para o time jogando ao lado e também imaginei appa sentado em um desses bancos esperando para me ver jogar:
- Não, eu agradeço mas não tenho interesse. - Sorri.