rato de laboratório

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Meu coração acelerou e eu tive certeza que cairia naquele momento se não fosse por meu pai na parte da frente da mini van e por Jihyo me encarando. Lá estava ele, lindo como sempre esteve ao lado de seu amigo, e rindo para mim. Por que é tão difícil acreditar que as vezes coisas boas acontecem?

Jihyo emitiu um som questionador do outro lado:

- Você não vai mesmo me contar, senhorita Nakyung? - Ela arqueou uma sobrancelha em minha direção.

- Contar o que? Bem, não aconteceu nada demais, quer dizer ele meio que me beijou ontem... - Gaguejei enquanto tentava falar o mais baixo possível. - Mas acho que não quer dizer nada demais. - Revirei os olhos enquanto pensava na mais remota possibilidade de ser alguma coisa. - Com certeza não é nada. Ele não olharia para mim desse jeito.

Ela deu um riso fraco enquanto sentou-se em um banquinho próximo ao balcão.

- Não é bem assim, amiga. - Ela falou doce. - Ele não é assim, e também não tem nada de errado com você.

- Você não entende. - Sorri fraco.

- Não, mas eu vejo.

Ele não apareceu na mini van naquela tarde, mas me mandou algumas mensagens de texto para o celular descartável.

- essa aula está um tédio-.-'
 

                                     15h51

   - kkkk aqui não tá tanto
15h57

- eu estou sentindo sua falta :c
                                              15h57

- por que você acha isso?
16h00
-  eu tô confusa, você é alguma brincadeira?
16h00
- fala comigo
16h05

-

não é nenhuma brincadeira, eu sinto mesmo sua falta, ruiva
                                16h06
- o que vc acha?
                                16h06

  - que não mereço
16h06

Jihyo ficou em casa no final do dia e appa e eu seguimos para a nossa - Ele, estranhamente não havia bebido, bem se bebeu não dá para perceber. Quando chegamos omma estava sentada no chão chorando segurando um papel, ela gritava e dava para sentir a dor e a angústia em cada berro saído daquele garganta de quem não aguenta mais, de uma mãe desesperada que anseia pela saúde da sua filha do peito, filha essa que não sou eu e que nunca será.

Me ajoelhei diante de seu corpo e senti as lágrimas se formar em meus olhos, eu deixei que todas caíssem.

- O que aconteceu? - Perguntei sentindo o sangue esquentar meu corpo. - Cadê a Soyuk?

Ela me olhou nos olhos e eu senti a dor percorrer meu corpo, senti meus pulmões pararem de oxigenar o ar, - O meu ar. O ar que seria tirado de mim. Meu batimentos estavam agitados agora, e minha visão estara um pouco turva. Me senti vulnerável. Um nada. Um rato preso e criado em um laboratório apenas esperando para ser a cobaia.

eu aceitei,

minha mente aceitou,

e agora meu coração não bate mais por mim, mas tudo bem por que desde o início

ele nunca bateu por mim,

ele sequer foi meu.


    

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⏰ Last updated: Dec 09, 2020 ⏰

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Lapso De ResignaçãoWhere stories live. Discover now