51.Siga em frente

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Mell

Eu não poderia continuar meu relacionamento com Lucas sabendo que ele não era o pai do filho que eu carregava em meu ventre. Como combinado eu liguei pra ele e marquei dele vir até aqui para conversarmos. Eu não queria agrada-lo então coloquei uma roupa qualquer. Um vestido soltinho vermelho, uma sandália rasteira e o cabelo prendi em uma meia-lua. Eu estava parecendo uma grávida mesmo sem ainda ter barriga.

Pedi para Lucas que viesse de noite, mas não tinha dito uma hora exata. Já eram 20:30 quando meu celular tocou. Era ele.

― Oi amor. ― sua voz transbordava carinho.

― Oi.

― Já está pronta.

― Pronta pra quê?

― Estou te esperando aqui em baixo. Desce.

Lucas me esperava encostado eu seu carro com um sorriso. O sorriso dele sempre me encantou, mas hoje por algum motivo me irritava. Assim que me aproximei me puxou e me beijou. Estava usando uma camisa azul marinho, calça jeans e sapato de couro preto. Estava arrumando de mais para apenas uma conversa, o que eu ia dizer poderia ser dito até mesmo aqui na frente ou dentro do carro. Bem eu pretendia dizer lá em cima que seria bem melhor para termos uma conversa.

― Morri de saudades. ― beijou meu pescoço. ― Vamos?

― Vamos pra onde? ― Ele já abria a porta do carro para que eu entrasse.

― Dar uma volta. ― falou. Uma volta!

Entrei relutante forçando um riso. Eu não queria ir para lugar nenhum.

― Então, como foram os dias em que eu estive fora? ― iniciei um assunto qualquer.

― As mesmas coisas de sempre. Só trabalho. ― respondeu.

― Humm. ― murmurei vagamente sem tirar os olhos dos carros a minha frente. Lucas pegou minha mão e entrelaçou na sua a beijando em seguida. Todas as vezes que saiamos ele fazia isso.

Ficamos em silêncio até porque eu não estava querendo muito conversar e não me liguei para onde Lucas estava me levando até chegarmos ao lugar. Estamos em frente ao restaurante que almoçamos uma vez, na orla.

― Você não disse que íamos dar uma volta Lucas? ― olhei pra ele perplexa. ― Restaurante! ? exclamei.

― Vem. ― abriu a porta e saiu.

Como eu ia dar início a uma conversa com Lucas em um restaurante. Era como se tudo se repetisse novamente e restaurantes já começavam a me dar medo. O segui obrigatoriamente, sentamos em uma mesa que dava para ver os carros passando na rua e toda a movimentação da orla. Eu esperava o jantar acabar ou diria logo? O quanto ele iria se irritar? Me perguntei.

― Alguma coisa errada Mell? ― acho que ele percebeu minha inquietação.

― Ahn... Nada é que... Lucas eu não posso continuar. Eu espero que você não tenha conversado com a Lívia ainda.

― A Lívia volta amanhã amor, eu vou resolver tudo com ela e não precisamos mais continuar nos escondendo. ― riu pegando minha mão em cima da mesa.

― Eu não posso continuar. ― já sentia as lagrimas vindo.

― Continuar o quê? Ahh a Lívia? ― soltou o ar. ― Você sabe que ficamos de falar sobre isso quando ela voltasse Mell.

― Não precisa falar mais nada com a Lívia.... Eu... Essas ultimas... semanas.... ― Comecei a gaguejar. ― Eu refleti no que eu realmente sinto por você e...

Doía dizer aquilo.

― Onde você está querendo chegar Mell? Você refletiu e o que, se cerificou de não gosta mais de mim. ― riu com ironia. ― Nós vamos ter um bebê. ― arfou.

Pela primeira vez aquela noite eu o olhei em seus olhos negros como a noite, profundos e um pouco magoados.

― Sinto muito. ― Meu coração batia alucinado enquanto Lucas me olhava com os dentes trincados.

― Sente muito o que Melyssa? ― suspirou. ― Vamos ter um filho, como assim não gosta de mim mais? ― É por causa da Lívia? Você sabe que eu vou falar com a Lívia, agora se você quiser. ― começou a fazer perguntas repetindo tudo novamente..

Eu estava tentando fazer com que ele sentisse raiva de mim, mas ele tentava achar uma saída pra tudo.

― Não é nada disso. É que esse filho que eu estou esperando não é seu Lucas. ― disse com pesar.

― Como assim. ― uniu as sobrancelhas.

― É do Daniel. ― minha voz saiu fraca e seus olhos se arregalaram.

Depois de anos eu reconhecia o estado de humor de Lucas em qualquer situação, mas ali eu não sabia o que ele estaria sentindo realmente.

― Mais você tem certeza, pode ser nosso. ― sua voz era calma.

― Tenho Lucas. Eu estou grávida de dois meses e só estamos juntos há um mês e meio por ai.

― Pode ser do Ethan. ― soltou a mão que segurava a minha e passou a mão pelo cabelo ― Vocês ficaram juntos lembra, foi na mesma época.

Ele preferia que o filho fosse do Ethan?

― Nunca vai poder se do Ethan. ― eu ri pela hipótese. - Ele nem era meu namorado. ― soltei e me arrependi assim que disse. Droga falei de mais.

― Como?! ― perguntou confuso.

― O Ethan na verdade sempre foi namorado da Ângela, aquela amiga minha. ― eu tinha que explicar já que eu falei mais do que deveria. ― Aquilo foi só pra te fazer ciúmes, eu nunca tive nada com o Ethan.

― Céus Melyssa. Eu nem sei o que falar. ― ele virou o rosto passando a mão na nuca novamente. ― Então você está esperando um filho do Daniel? ― soltou o ar cansado olhando para algum ponto na mesa.

― É. ― minha voz fraquejou. ― Você não sabe como eu queria que fosse nosso, mas não aconteceu assim, me desculpa. ― abaixei os olhos eu não conseguia encara-lo. ― Por isso que eu não quero que você termine com a Lívia, quero que você siga a sua vida com ela, vamos esquecer o que aconteceu entre a gente.

― Simples assim. ― alterou a voz. Todos nos olharam. ― Você está fazendo o mesmo que fez comigo há dois anos atrás Melyssa, você sabe disso não é?

― Lucas, por favor, a única errada aqui sou eu, por isso estou abrindo mão de tudo pra você continuar com a Lívia.

Doía dizer aquilo, eu não queria que ele ficasse com ela, mas não seria justo continuar comigo depois disso.

― Você fala como se fosse fácil eu seguir a minha vida assim, eu não gosto mais da Lívia Mell.

― Mas gostava dela antes Lucas, é só fingir que nada aconteceu. Eu sinto muito. ― minha voz estremeceu.

Ele olhou para mim com olhos cansados, parecia um recém-chegado de guerra.

― Para de falar que sente muito! Se você não quer mais, tudo bem é seu direito de escolha, mas para de dizer que sente muito, porque você não sente.

Ele se levantou rápido deu as costas pra mim, depois voltou apoiou as mãos na mesa e se inclinou bem perto do meu rosto.

― Então isso é um adeus? ― perguntou e assenti com a cabeça porque eu não conseguiria falar, as lagrimas já desciam.

― Talvez não era pra ser Lucas, desculpa.

Sem falar mais nada ele deixou o restaurante, me deixando lá sozinha.

Lembranças - CONCLUÍDO (SEM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora