61. O tiro saiu pela culatra

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        Lucas

― Nós já vimos que com morenas você não teve sorte. ― Marcos zombou de mim se referiando a Melyssa.

        Ele e Fernando basicamente me arrastaram para esse bar no final do expediente.

― E a Mell deixou isso bem claro. E duas vezes! ― provocou Fernando.

Eles eram meus amigos do trabalho e de alguma forma descobriram tudo. É como dizem, fofoca se espalha rápido. Eu não dizia nada, eles estavam certos e aquilo nem me abalava mais, eles não eram os únicos que tiravam sarro de mim por conta disso.

― Loiras então, nem se fala. ― a voz de Fernando saiu meio esganiçada e os dois começaram a gargalhar.

― A Lívia quase matou ele. ― Marcos bateu nas minhas costas.

        “Lívia?” Essa se tornou uma incógnita, foi embora sem deixar nenhum vestígio de sua presença. Eu sabia que Lívia me evitou, ela esperou eu não estar em casa para ir pegar suas coisas e não esqueceu nem um fio de cabelo se quer para no caso de se lembrar que esqueceu e voltar para buscar. Ela quis deixar bem claro para mim que nunca deveria ter estado ali. Eu a entendia, eu fiz o mesmo com Mell na época. Lívia depois daquele dia não apareceu mais no escritório e em mais em nenhum lugar; conclui que ela voltou para Minas. Eu queria ter esclarecido mais as coisas, mas se ela sumiu deixou claro de que não queria isso e eu merecia todo esse desprezo, ela que não merecia o que eu fiz com ela. Agora eu só torcia para que ela seguisse a sua vida, me esquecesse totalmente e fosse feliz com quem ela encontrasse a partir dai.

        O que me restou era isso. Ficar completamente sozinho e sendo zoado pelos amigos, enquanto uma construía uma família nova com outro e a outra tinha sumido do mapa para refazer a sua vida como achasse que deveria fazer. O que eu tinha para falar? Nada! Comecei a rir também era só o que eu podia fazer depois de constatar que minha vida amorosa estava totalmente fodida.

― Vocês estão me saindo duas ótimas mexeriqueiras. ― zombei dando de ombros. Meu corpo já relaxado com a quantidade de álcool em meu sangue, esse era o único conforto que tinha. ― Estão sabendo mais da minha vida do que eu mesmo. O que eu comi ontem? ― perguntei irônico.

― O que você comeu eu não sei, mas sei que não comeu ninguém. ― Marcos disse e os dois começaram a gargalhar de novo.

        A noite ia ser longa. Dei mais um gole na bebida, não que eu fosse começar a beber para esquecer dos problemas, mas já que hoje eu estava em um bar e tudo na minha vida já estava arruinado eu ia afogar minha “magoas” aqui na bebida, com meus colegas de trabalho.

― Ta vendo aquela gostosa ali? ― Marcos apertou meu ombro e fez um gesto com a cabeça para o lado. Olhei na direção da mulher a qual ele se referia.

        De início eu não via ninguém. Ele insistiu e vi a mulher que estava de costas para mim. Isso não me deixava ver nada totalmente apenas ela tinha um belo corpo, belas pernas uma bela de uma bunda pele escura e cabelos cacheados que iam até a cintura.

― O que têm? ― sibilei.

― Já olhou para cá duas vezes. ― respondeu.

― E?

― Será que você tem alguma chance com ela? ― seu tom era desafiador. Então era um desafio?!

― Não quero nada com mulher. ― revirei os olhos e voltei a beber minha cerveja.

        Eu não tinha sorte com o sexo oposto então para que voltar a me envolver com ele. Ou melhor, com elas.

― Não me diga que vai virar gay? ― os dois me olharam horrorizados apesar da pergunta ter sido feita por Fernando.

Lembranças - CONCLUÍDO (SEM REVISÃO)Where stories live. Discover now