57.Não me provoque

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Mell

Quem disse que com a passar dos dias Daniel me deixou voltar pra casa. Ele levou tão a serio o que o médico falou que todas as vezes que me via de pé vinha com um blá, blá, blá sem fim.

― Não sou um bebê sabia. ― resmunguei. ― Eu só ia buscar um copo de água Daniel.

― Mais está carregando um. E o meu filho ainda por cima. ― me segurou pelos ombros e me guiou de volta para o quarto que ele me obrigou a ficar. De frente para o dele ainda por cima. Veio com um papo de que se eu passasse mal de noite, eu estaria mais perto para ele me socorrer. Como se os outros fossem muito longe. ― Quer água pede pra Maria. Maria? ― gritou a empregada.

― Eu não tenho empregados em casa, não fui acostumada a ter tudo na mão como você. ― me deitei na cama contra minha vontade emburrada. ― Daqui a pouco você vai querer me dar um sininho para eu chamar sua criada. Isso é ridículo.

― sabe que não é uma má idéia. ― passou a mão no queijo pensando sobre o que eu tinha falado.

― Se você me aparecer aqui com um sininho eu jogo ele na sua cara.

― Meu Deus, como ela está agressiva. ― recuou dando passos atrás cessando as mãos. ― Preciso dizer a médica para passar um calmante para você na próxima consulta.

― Não seja ridículo. ― sibilei.

― Chamou Daniel? ― Maria apareceu na porta do meu quarto. Já era uma mulher bem madura. Pelo que Daniel me disse ela cuidou dele desde quando ele era pequeno e quando ele disse em casa que ia morar sozinho a mãe só o deixou sair de casa se ele trouxesse Maria junto pra tomar "conta" dele. A meu ver a mãe dele só queria que ele continuasse sendo mimado e paparicado.

― Não é nada Maria, pode voltar. ― falei rispidamente para ela.

― Como nada? ― cruzou os braços e me olhou de soslaio. ― Você disse agorinha mesmo que queria água.

― Eu queria beber a água que eu fosse buscar. ― olhei furiosa pra ele.

― Trás algo pra ela comer também Maria, veja a carinha feia dela, está com fome. ― zombou de mim. Riu e a empregada também.

― Não traga nada, eu não quero. Podem me deixar sozinha, por favor. ― eu disse mais como uma ordem do que como pedido.

Maria logo se foi, mas Daniel permaneceu e eu sabia que só estava fazendo aquilo pra me irritar.

― É para você sair também. ― fui mais direta caso ele não tivesse entendido.

― Vou ter que trancar a porta ou você vai me obedecer ficando quietinha aqui dentro?

― Se você não quiser que eu pule a janela, eu acho bom deixar a porta destrancada. ― a casa dele tinha três andares e estávamos no segundo, então tinha uma certa altura.

― Rum, você não seria doida. ― começou a rir e saiu do quarto. Mais eu ainda disse um "você não me conhece" e eu sabia que ele tinha ouvido, porque eu fiz questão de falar alto.

Já se fazia um mês que eu estava aqui e praticamente todas as minhas roupas e algumas das minhas coisas já estavam aqui. Nós só descobrimos e sexo do bebê no quinto mês de gestação. E agora estávamos em guerra por qual nome colocar no nosso filho. Eu queria Miguel e ele Arthur que ele, queria que fosse porque a mãe dele ia colocar nele e não colocou porque o pai registrou como Daniel no cartório.

― Você não tem cara de Arthur. ― fiz uma observação quando ele terminou de contar a história louca dele.

― E tenho cara de que?

Lembranças - CONCLUÍDO (SEM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora