67. Eu tinha planejado tanto.

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Mell

Todas as coisas do meu bebe já estavam compradas, mas mesmo assim eu não resisti quando vi um macacãozinho azul pela vitrine. Eu o imaginei usando aquela roupinha e no quão fofo ele ficaria dentro dela. Agora minha imaginação já estava quase se tornando realidade, daqui a três dias eu estaria indo para a maternidade para ter o meu filho. As imaginações eram tão reais que eu o sentia no meu colo.

― Nossa sua barriga está enorme. ― a vendedora disse amistosamente. E estava mesmo. ― quantos meses?

― Nove. ― respondi rindo.

― Deve nascer a qualquer momento. ― me passou a pequena sacola de papel, onde ali dentro estava o macacão azul e um par de sapatinhos de crochê branco com fitilhos azuis-clarinhos da mesma cor da roupinha.

― Daqui a três dias.

― Boa sorte. ― me entregou o cartão de crédito.

― Obrigada.

Sai da loja e me dirigi para o estacionamento, daqui eu iria até escritório de Daniel de lá iríamos jantar e depois iríamos para casa. Já era noite e pelo que parece eu fiquei mais tempo dentro da loja do que me pareceu, estava atrasada e não demoraria muito para que Daniel começasse a me ligar preocupado.

Andei o mais rápido que podia depois que sai do elevador, o carro não estava muito longe, mas também não estava perto.

Sabe aquela sensação de que tem alguém te observando? Era essa que eu estava tendo agora, mas assim como você sente que tem, você procura a sua volta e nunca vê ninguém. O estacionamento estava lotado de carros, mas ninguém a vista.

― Você esta imaginando coisas, Mell. ― disse rindo para mim mesma.

Mas agora eu comecei a ouvir passos, passos apressados que pareciam vir atrás de mim, mas ao olhar para trás eu não via ninguém. Não tinha nada a minha frente disso eu sabia, mas ainda assim eu trombei em algo, ou mais precisamente em alguém.

― Ora, ora, ora. O que temos aqui. ― eu nunca esqueceria aquela voz. ― Aonde vai com tanta pressa? ― Lívia me perguntou sorrindo, não pude ver seu rosto muito bem, mas em um reflexo de luz pude ver seu sorriso. Suas mãos envolviam meus braços fortemente e o medo percorreu todo o meu corpo. Senti o frio percorrer minha barriga e toda a minha espinha. ― Vejo que sua vida perfeita não desmoronou. ― me afastou um pouco e olhou para minha barriga com desdém. ― Que droga, eu falhei. ― arfou.

Meus olhos tinham se acostumado agora com a escuridão, pude ver que ela estava diferente, eu não sabia dizer se ela tinha tingido os cabelos ou se aquilo era uma peruca.

― Me deixa... em paz Lívia. ― minha voz saiu tremula e eu tentei me soltar.

― Que horror Mell. ― soltou meu braço, sua voz ressentida, mas eu sabia que aquilo era parte do seu teatrinho. ― Também senti saudades.

Desviei dela, eu não ia entrar em uma conversa com ela agora, tudo o que eu queria era sair de perto dela o mais rápido possível. Tinha apenas dois carros depois do meu e depois que eu entrasse dentro dele eu iria embora e tudo ficaria bem.

― Sua mãe não te ensinou que deixar os outros falando sozinho é feio não. ― vinha atrás de mim. ― volta aqui. ― deu um puxão no meu braço o segurando com força.

― Você está me machucando Lívia. ― fitei seus olhos e tentei me soltar.

Me desequilibrei como da última vez em que ela me segurou, mas dessa vez eu não cai.

Lembranças - CONCLUÍDO (SEM REVISÃO)Where stories live. Discover now