56.Condições

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Mell

        Acordei assusta minha respiração ofegante e logo que vi onde estava me lembrei de tudo o que tinha acontecido.

― Ainda bem que acordou Mell, estava preocupado com você. ― procurei a voz aflita de Daniel pelo quarto do hospital, mas não foi preciso muito, ele estava do meu lado. Seus dedos afagando o meu cabelo e encontrei seus olhos azuis e tristes.

― Eu perdi o bebê? ― minha voz saiu rouca, minha garganta ardia. Eu já sentia as lagrimas vindo, minha visão ficou até embaçada.

― Não querida. ― passou a mão de leve no meu rosto. ― O bebê está bem, só foi um susto. ― riu e eu acreditei em suas palavras. ― Mais o que aconteceu com você Mell? Você tem marca de dedos no pescoço, seu rosto ta inchado. Eles estão pensando que eu te bati. ― Olhou na direção da porta. ― Não queriam nem me deixar entrar no quarto com receio.

        Ele estava levando a culpa por algo que nem tinha feito. Meu Deus!

― Eles sabem que você entrou aqui?

― Estão me vigiando, toda hora um enfermeiro vem aqui. Me fala Mell, o que aconteceu?

― Foi a Lívia. ― desviei meus olhos dos dele. ― Ela descobriu a verdade e veio atrás de mim.

― Ela invadiu seu apartamento e fez isso com você? ― perguntou indignado. ― Com você nesse estado Mell? Foi ela quem te empurrou?― agora estava irritado, tinha até saído de perto de mim.

― Não. ― alterei a voz. ― eu tropecei e cai.

        Era a verdade, não que eu estivesse defendido a Lívia.

― Mas ela te bateu, tentou te estrangular. ― cerrou os punhos. ― Eu vou atrás dessa mulher Melyssa. ― esbravejou.

― Não, você não vai.

― Hãm??? ― arregalou os olhos me encarando.

― Não Daniel, ela só estava com raiva, já passou.

― Eu não entendo, ela te agride e você ainda quer poupar a raça essa mulher. Você sabe que quase perdeu o filho por causa dela. ― voltou a ficar ao meu lado, segurando a barra de ferro da cama com força.

― Vejo que acordou. ― olhamos junto para o lado, era o médico. ― Seu marido já deve ter dito que você não perdeu o bebê? ― olhou para Daniel indeciso.

― Sim ele disse. ― respondi. Os olhos do médico não eram nada amigáveis para Daniel. ― Ele não é meu marido. ― Ponderei. Nada de confusões aqui.

― Mais ele disse que era o Pa...

― Ele é, mas não somos casados.

― Tudo bem. ― maneou a cabeça e olhou a prancheta na sua mão. ― Melyssa? ― falou meu nome e olhou pra mim. ― O seu bebê está bem, mas você sofreu uma ameaça de aborto. ― seu olhar era duro, eu não entendi o porquê. ― Terá que ficar de repouso absoluto. Aqui está a lista de medicamentos e já pode ir para casa.

        Médico estranho aquele. Foi frio a todo o momento, eu não sei se ele pensou que eu estava defendendo Daniel ou não. Não perguntou o que tinha acontecido nem nada, masis agora só o que me deixava feliz era saber que o meu filho estava bem.

― Doido ele não? ― ainda olhava desconfiada para a porta que ele tinha saído.

― Eu disse que eles acham que eu te agredi. Devem achar que você esta me defendendo.

― Rumm. ― dei de ombros. ― Você me leva pra casa? ― olhei para Daniel agora. Ainda estava com a carranca na cara.

― Vou te levar lá pra você pegar as coisas que você precisa. ― falou serio.

― Como assim?

― Vou levar você pra minha casa. ― pegou uma bolsa na poltrona ao meu lado e me entregou. ― Não vai ficar mais naquele apartamento sozinha com essa mulher doida solta por ai. ― não olhou para mim em momento algum enquanto falou. ― E quero me certificar que você vai ficar de repouso. ― olhou pela janela apoiando as mãos na parede.

― Não Daniel, ela não vai voltar e eu vou ficar de repouso. ― abri a bolsa que tinha roupa minha dentro.

― Não Melyssa, você não vai ficar na sua casa. ― virou o rosto e me olhou duramente. ― Ou você vem para minha casa comigo, ou eu vou até a delegacia e denuncio aquela mulher.

        Deixou a proposta pairando no ar. Desviei meus olhos dos dele e me levantei indo para o banheiro mudar de roupa. Eu não queria que Lívia fosse presa, apesar de tudo o que ela fez, eu tinha certa culpa e acho que no lugar dela eu faria o mesmo.

― E então? ― perguntou assim que sai do banheiro.

― Eu vou pra sua casa, mas com minhas condições. ― cruzei os braços.

― Diga. Veremos se eu poderei atingir a suas exigências. ― falou com certa petulância cruzando os braços também. Eu quase ri daquilo.

― 1° Não vai ficar me regulando o tempo todo. 2° Assim que eu estiver boa, eu volto pra casa. E 3° Vamos dormir em quartos separados. ― enumerei tudo que disse som os dedos.

― Vamos. ― pegou a bolsa da minha mão e saiu andando na frente sem nada a me responder.

        Aquilo me deu a maior raiva. Eu odiava quando Daniel agia daquele jeito prepotente e controlador. Ele caminhou até a metade do corredor, mas me esperou e assim que eu me aproximei me agarrou me abraçando pela cintura. Seria difícil ficar em uma casa com Daniel por muito tempo era bom esse sentimento de proteção. Eu sorri, mas ele não viu. 

Lembranças - CONCLUÍDO (SEM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora