Tempo fora de lugar - Drarry - FINALIZADA

Construindo Pontes de Amor

Era sorte que Harry estava apoiado na mesa quando Draco sussurrou as palavras, porque senão ele não estaria mais de pé.

- Você... o quê... como... hein...?! – ele perguntou, tentando processar a afirmação – Pode repetir pra mim?

- Eu estou apaixonado por você. – Draco disse baixinho, voltando a estudar suas mãos – Eu disse que você não queria saber.

Finalmente se decidindo por uma pergunta, Harry falou: – Por quê?!

Olhos cinzentos se chocaram com íris verdes. – Eu acabei de te dizer tudo o que sei, Harry. Exatamente por que eu me apaixonei por você, eu não sei. Simplesmente aconteceu.

- Mas... você é um garoto... e eu sou um garoto... – Harry começou.

- Mas que atencioso da sua parte de ter percebido. – Draco disse secamente.

Eles ficaram quietos por alguns minutos. O único som na cozinha era dos segundos clicando no relógio de parede trouxa. Nenhum dos dois sabia o que dizer; Harry estava completamente sem palavras. De todas as razões para Draco trocar de lados, Harry jamais esperara que ele mesmo fosse a resposta. E ainda assim lá estava o loiro, o observando com aqueles malditos olhos prateados, implorando por aceitação.

Como ele pudera não ter reparado? Como não vira os sinais, ele imaginou. O jeito que Draco não se importava de ficar perto de Harry depois das visões, nem depois que estiveram bebendo com Sirius, Remus e Rony. Da vez em que o sono de Harry fora amaldiçoado por pesadelos. Ou... Harry podia pensar em muitas mais ocasiões quando Draco não se importara nem um pouquinho em ficar nos braços do Garoto-Que-Sobreviveu.

E Harry se importara?

Ele se esforçou para se lembrar de algum momento em que aquilo lhe parecera errado ou desconfortável. Quando os dois tinham caído no sono no Castelo Weasley, com Pérola no colo de Draco, alguns dias atrás... Tinha sido estranho no começo, quando Draco pusera sua cabeça em seu ombro; mas então eles tinham caído no sono, então não podia ser tão esquisito assim.

De fato, Harry não se importava de ter que ficar perto de Draco nem um pouco. No mês passado, Harry aprendera a se sentir seguro com ele por perto. Eles tinham deixado que um entrasse na mente do outro, então havia de ter um certo nível de confiança entre eles até ali. Eles passavam tempo na companhia um do outro sem serem forçados a fazê-lo, e Harry sabia que se fosse apresentado com a escolha de passar um tempo com Hermione e Rony ou Draco, a escolha não seria mais tão óbvia quanto pareceria antes.

- Diga alguma coisa, por favor. – Draco implorou, sua voz pouco mais que um sussurro.

- Eu... eu não sei o que dizer. – Harry disse, acordando de seus pensamentos.

A expressão de Draco despencou, mas ele continuou em silêncio.

- Eu não sei o que sinto por você. – o Garoto-Que-Sobreviveu continuou – Eu sinto alguma coisa por você, mas eu não sei o que é, ao menos não agora.

O loiro lhe ofereceu um sorriso miúdo. – É o suficiente por agora, eu suponho. – ele disse. Então adicionou, baixinho: - Me diga quando descobrir, entretanto.

Ele pôs a água de volta no fogão, já que ela tinha esfriado demais agora. Alguns minutos depois, ele presenteou Harry com uma xícara. Ele a aceitou sem uma palavra e entrou no corredor rumo à sala de estar, sua mente ainda rodando com as revelações da última hora. Um pensamento era constante em meio à tempestade de emoções: isso não era o que ele estava esperando.

Ele continuou fazendo uma lista mental de prós e contras numa relação de verdade. Desafortunadamente, havia uma pancada de contras e só alguns prós.