Tempo fora de lugar - Drarry - FINALIZADA

Vozes do Passado

Harry acordou lentamente enquanto sentia Draco espreguiçando ao seu lado. Ele lembrou da noite interior, de seus pensamentos e suas ações. Sentiu uma ponta de nervosismo ao pensar que um confronto ia acontecer quando o loiro descobrisse a proximidade em que haviam dormido, dessa vez sem uma visão como desculpa. Ele abraçou Draco, sem se levantar para sair de perto dele como havia feito na última ocasião. Se era pra ele dizer o que sentia para Draco, o faria propriamente.

Ele imaginava o que sentia exatamente. Não amava Draco, ainda não. Entretanto, tinha certeza que estava apaixonado pelo garoto.

Draco se sentou, parecendo desorientado. Seu olhar pousou em Harry e os olhos cinzas demonstraram confusão.

"Bom dia," disse Harry docemente. "Dormiu bem?"

Draco franziu a testa. "Sim," disse. "Muito. O que você está fazendo?"

Harry sorriu para ele. "Eu estava dormindo."

Houve um leve levantar de sobrancelhas; as orbes cinzas ainda pareciam confusas. "Harry..." ele disse como aviso.

"Tudo bem, tudo bem," disse Harry se sentando também para ficar cara a cara com o loiro. "Eu estava pensando ontem."

"Oh? Essa deve ser a quin..."

"Shh," disse Harry tocando a boca de Draco. "Não diga isso, não agora."

Draco contemplou os dedos que apenas encostavam em seus lábios, e então olhou nos olhos verdes de Harry.

"Eu te trouxe pra cá ontem anoite. Não sei se você se lembra," Harry recomeçou. "Quando te coloquei na cama, comecei a pensar sobre...tudo. Eu provavelmente não deveria entrar em detalhes, porque isso seria uma viagem, e você não entenderia nada porque eu mesmo mal entendo..." Parou, tentando organizar seus pensamentos novamente. Ele não podia divagar agora.

"Eu pensei sobre você," disse finalmente. "Suas palavras, suas ações – você me beijando. E eu – eu percebi que – que foi bom. E que eu gostei. E que eu gosto de você."

Draco ainda o estava encarando, como se não estivesse acreditando no que ouvia. Naquele momento, nenhum sinal do veneno poderia ser visto nele; apenas nervosismo, curiosidade, medo, esperança – Harry não conseguia dar nomes a todas as emoções que ele via transparecer naquela face pálida.

"Não vou dizer que te amo," disse Harry, sua voz quase tão suave quanto um sussuro. "Eu não sei se te amo, ainda não. É muito cedo. Mas...eu acho que estou apaixonado por você...Em algum momento, não sei exatamente quando ou onde, mas eu acho que..."

Ele parou novamente, dando um tempo para Draco processar as palavras que haviam saído de sua boca. Quando o loiro não disse nada, ele perguntou, "Draco?"

O Sonserino então balançou a cabeça para clarear a mente e encontrou os olhos de Harry novamente.

"É só que – quero dizer," ele disse, sua voz não muito mais alta que a de Harry. "Uau."

Harry sorriu pra ele, e Draco sorriu de volta. "Que tal tentarmos aquilo de novo?" Perguntou Harry.

"Aquilo o que?" o loiro perguntou, franzindo a testa mais uma vez.

"Beijar," Harry disse se inclinando para frente.

Seus braços envolveram a figura frágil de Draco, puxando-o para mais perto. Seus lábios se encontraram, um pouco desajeitados e inéptos a princípio, mas eles aprenderam rápido. Se Harry havia pensado que o primeiro beijo havia sido bom, esse era simplesmente maravilhoso. Sua cabeça girava enquanto ele puxava o loiro para os seus braços, Draco seguindo sem romper o contato.