CAPÍTULO XIV

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03/01/2014

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03/01/2014

A VIDA é cheia de surpresas, jamais pensaria que eu, a garota tímida que era zoada no colégio e nunca foi considerada a melhor em algo, estaria em uma banda famosa e seria dona de uma das editoras mais famosas da Itália.

Era tudo muito soberbo. Apesar de toda a felicidade e gratidão que eu sentia, não a poderia compartilhar com a minha família. Afinal, eu sempre seria o patinho feio em meio à todos os outros.

Por mais que eu obtivesse sucesso em algo, todos se centralizariam no sucesso de meus primos que, desde sempre foram os garotos prodígios, com uma educação rebuscada e bons modos de etiqueta. Sempre agradavam a toda a gente.

Eu, por minha vez, sempre fui a desengonçada e a desastrada, que nem ao menos um "oi" conseguia dar à estranhos. Nem nas notas escolares eu superava os meus primos. Nada fazia sentido para mim. Eu sentia-me extremamente sozinha.

Ainda me sinto, para dizer a verdade, apesar de agora ter amigos a me apoiar e a ser meu porto seguro, não tenho o apoio de quem mais me importa: meus pais.

Eles estão sempre a apoiar meus primos, os filhos de seus amigos e a se esquecerem de mim; a própria filha deles. Admito que talvez isso tudo aparente ser demasiado exagero de minha parte à um observador externo, todavia, garanto-lhes que não é.

Sempre que fico só, ponho-me a pensar no que eu fiz de errado para que eles não consigam se orgulharem de mim. Lembro-me, especificamente, de uma vez em que estávamos no jantar de natal, a família toda estava a conversar e contar seus feitos.

Animei-me e disse-lhes que meu livro havia sido publicado por uma editora internacional e eles apenas fizeram rir de minha cara.

"Escrever não dá dinheiro, Diana." — mamãe disse-me

"E mesmo se desse, tu não tens o dom." — papai retrucou

Os primos riram, vovó disse-me que estava desapontada, que eu deveria seguir a profissão da família; ou seja, advogar.

Lembro-me de ter batido as mãos na mesa com toda a força, em um leve surto de raiva que tirou-me a timidez por alguns instantes, depois levantei-me e sai. Corri para meu quarto e tranquei-me lá, fiquei a chorar em minha cama na noite que; supostamente, deveria ser uma das mais felizes do ano.

Ainda do quarto conseguia ouvir os risos exagerados de meus primos.

Tenho orgulho em dizer que nunca mais botei os pés naquele ambiente tóxico novamente e nem botarei; cortei relações com todos eles após ver que estavam errados, que meus sonhos dariam, sim, bons frutos. Mas não me orgulho tanto assim em dizer que, por vezes, desejava estar a manter contato com meus progenitores.

Cartas para RomeuOnde histórias criam vida. Descubra agora