CAPÍTULO XXV

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09/01/2014

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09/01/2014

CHEGUEI EM Colleferro há alguns dias, minha agência inglesa, por algum motivo, até então, desconhecido por mim, resolveu que seria interessante que eu fizesse um ensaio fotográfico na pequena comuna romana. Segundo meu agente, que não é a pessoa mais confiável do mundo para se obter informações deste porte, eles tomaram a decisão em cima da hora pois a comuna se mostrou um local no qual a antiguidade se mescla, perfeitamente, com a atualidade... palavras dele, não minhas, afinal, até o presente momento; eu nem ao menos possuía conhecimento da existência de tal comuna.

Serei sincero ao admitir que, quando se diz respeito à antiga — e à moderna — Roma, eu sou um completo leigo. Mas não é como se eu tivesse focado meu tempo em estudos sobre a cidade ou, até mesmo, sobre a Itália propriamente dita.

A vida de modelo é extremamente gratificante, mas, em contrapartida, é extremamente cansativa. Um modelo é obrigado a seguir as regras mais absurdas possíveis para que se mantenha dentro dos padrões exigidos por sua agência e pela mídia. Confesso que, por diversas vezes, pensei em desistir, em abrir mão deste sonho e procurar um outro sonho para realizar, é cansativo estar longe da família em datas importantes... cansativo e triste, ousarei admitir, contudo, em todas as vezes nas quais cogitei desistir, me esforcei para lembrar daquele garotinho de classe baixa que sonhava em dar uma vida melhor para a família.

A modelagem, as passarelas e os holofotes me propiciaram isso, foram eles os responsáveis pela compra da nova casa de meus pais, tal como são os principais responsáveis pelo dinheiro que deposito todos os meses na conta conjunta deles. Além de tudo isso, a modelagem me propiciou a oportunidade de conhecer partes do mundo que eu nem ousava acreditar que algum dia seria capaz de visitar e pessoas incríveis; é exatamente por causa disso que eu ainda não desisti, é isso o que me faz amar o meu trabalho.

Parado em frente ao espelho do quarto de hotel, observo minha imagem, as roupas são extravagantes, eu admito, mas também serei sincero ao dizer que eu sempre gostei de extravagância, isso está impregnado em meu ser, amo misturar estampas e cores diferentes, creio que esta seja minha verdadeira identidade visual. Pode parecer um pouco louco falar desse jeito, contudo, todos os modelos são possuidores de sua própria identidade visual, independentemente de suas agências ou as grifes e estilistas para os quais desfilam.

Tranço os meus cabelos que, depois de dois anos sem serem cortados, estão a alcançar minha cintura e passo um gloss em meus lábios, Marcos, meu agente, disse-me que estarei de folga nos próximos dias, sendo assim julguei deveras interessante aproveitar a oportunidade para conhecer a cidade.

Assim que chegamos ao hotel ouvi pessoas a conversar no saguão sobre um parque itinerante que está passando pela comuna, quando criança tudo o que eu mais almejava era poder ir à um circo itinerante ou à um parque de diversões, contudo meus pais tinham seis bocas para alimentar e pouquíssimo dinheiro para tal; não sobrava dinheiro para coisas frívolas. Essa é a principal razão pela qual eu acabei por decidir ir ao parque: para mostrar àquele garotinho o que ele se tornou, tudo o que ele conquistou.

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