CAPÍTULO XVIII

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04/01/2014

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04/01/2014

DESPERTO COM meu irmão a me chamar, ao que tudo indica, Juliet havia "desaparecido" pois não estava atendendo suas ligações. Eu disse-lhe que deve-se dar espaço às pessoas que magoamos, elas voltarão para nós se assim desejarem, caso contrário, devemos seguir  nossas vidas apenas desejando o melhor um para o outro.

Todavia, nada disto surte efeito em meu irmão mais velho, ele jamais me dá ouvidos; tal como na vez na qual lhe disse que era muito melhor contar à Juliet o erro que cometera, Elton pôs-se a rir de minha face e me disse que nunca havia ouvido uma ideia tão idiota antes. Nas olha só à que ponto chegamos agora.

— Que horas são? — o som sai abafado, devido à presença do travesseiro sobre meu rosto

— Dez e vinte. — a resposta vem rápida, quase me soa desesperada

— Por que, cargas da água, acordaste-me à estas horas da madrugada? — pergunto, ainda com o travesseiro sobre o rosto — Sabes que eu cheguei tarde ontem, não é?

Mesmo estando — temporariamente — impossibilitado de ver-lhe as feições, sou capaz de vislumbra-lo a rolar os orbes acastanhados; ato que ele concretiza todas as vezes nas quais é contrariado ou questionado.

— Qual parte do "Juliet sumiu" você não entendeu? — Ele pergunta de forma ríspida e sinto seu peso ser jogado contra minha cama, que range em desaprovação

Por isso que quando crescemos nos afastamos de nossos irmãos... eles só nos trazem problemas; sinceramente, não sei porque a remota possibilidade de isto dar certo chegou a passar por minha mente.

Rolo os olhos no exato momento em que conto — mentalmente — até dez, na vã tentativa de não dizer um "eu te avisei" à ele.

— Qual parte do "você deve dar espaço à ela" você não entendeu? — Pergunto, a ironia presente em minha voz era quase palpável — Você a magoou muito, dê um tempo para ela pensar no que fazer, se for pra ser, será. Não adianta sufoca-la com inúmeras ligações.

— Vou ligar no serviço dela. — Ele grita, tal como se a ideia tivesse surgido como um estalo em sua mente

Nego com a cabeça uma, duas, três vezes. Às vezes — não muito raramente — pego-me a perguntar como posso ser irmão de Elton. É surreal o quanto divergimos um do outro; a começar por esse comportamento nada saudável de eu-não-posso-ser-rejeitado-mesmo -tendo-feito-merda que ele vem apresentando.

Ouço-o discar os números e, segundo após levar o celular ao ouvido, Elton levanta-se e deixa meu quarto. Não seria hipérbole dizer que até mesmo o ar ficou mais leve após sua saída.

Cartas para RomeuWhere stories live. Discover now