CAPÍTULO XVI

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06/01/2014

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06/01/2014

ESTOU SENTADO na sala de espera de meu mais novo empresário, que coincidentemente é o mesmo da banda The Capulleto; aguardando o fim de sua reunião. Batuco meus dedos na mesa de centro, um velho hábito de minha adolescência.

Algumas pessoas diriam que isto é um tique nervoso, outros que sinto falta de ser baterista, que sinto falta da French 75. Não cuspirei no prato que comi por algum tempo, dizendo que foi a pior época da minha vida, foi ótimo estar junto com os garotos; todavia o tempo passa para todos e as pessoas amadurecem.

A verdade irrefutável é que eu estou mais feliz do que nunca, parece-me que todos os meus sonhos estão sendo alcançados e o estão fazendo de forma rápida e crescente.

Levanto-me do sofá bege e caminho até a bancada marmoreada, onde a máquina de café se encontra.

De certa forma, este lugar me passa a sensação de nostalgia, pois representa tudo o que um dia sonhei para mim; clichê, eu sei. Pego o copo de café e torno a sentar-me no sofá.

Minhas baquetas da sorte não estão junto de mim hoje, elas são as baquetas que usei durante toda minha estadia na French e, por algum motivo que desconheço, pus na minha cabeça que me dão sorte. Não estão junto a mim pois sai de casa com demasiada pressa; afinal, segundo meu despertador, estava atrasado para a reunião, o que não é — nem de longe — verdade.

Superstições nunca foram meu forte, mas é como eu sempre digo, cada um tem suas próprias superstições nomeadas de outras formas.

A recepcionista me encara, ela está me olhando desde o momento em que botei meus pés aqui, talvez não tenha ido com minha cara ou seja uma fã perdida da F75. Nego com a cabeça, na tentativa de afastar a banda de meus pensamentos; realmente não entendo o porquê de tudo estar me lembrando à ela.

Concentro-me em batucar os dedos em minhas pernas enquanto acabo meu café, talvez ter vindo para a Itália não tenha sido a minha melhor ideia; digo, de todos os países que falam inglês, eu vou escolher justo o que não fala.

Em meio às batucadas, um ritmo surge em minha mente que, automaticamente; começa a juntar todos os sons ambientes em um único palco. Fecho os olhos, deixando o ritmo nostálgico e envolvente tomar conta de meus pensamentos; meus dedos continuam a batucar minhas pernas e um sentimento muito bom toma conta de meu ser.

Tenho um bom pressentimento sobre esse ritmo, sobre esse som. Há muito potencial nele então, com esse pensamento em mente, pego meu caderno e uma caneta; começando a anotar tudo para não correr o risco de esquecê-lo.

A porta do escritório é aberta, tirando-me a concentração; volto meu olhar para ela apenas para constatar que Eliot, o empresário, saia de lá junto com os integrantes da banda.

Cartas para RomeuWhere stories live. Discover now