6. E essa é a história do Homem Mascarado

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Brian

Nunca pensei em um nome para super-herói, mas talvez Homem Mascarado tenha sido o melhor que a garota que invadiu os meus piores pesadelos por mais de 14 anos poderia me dar...

Com uma mochila nas costas, e a assistente social do meu lado, me lembro de ter colocado os pés pela primeira vez no Orfanato Três Corações. Nunca achei aquele lugar amistoso, apesar de nunca ter tido muito luxo naquela época. Meus pais eram de classe média, morreram em um acidente de carro. Aquela foi a primeira vez que eu quase perdi a minha vida, depois, vieram outras. Sem nenhum parente próximo, o que me restara era ser encaminhado para o orfanato.

O céu estava acinzentado aquele dia, as nuvens densas pareciam me acompanhar em todo o trajeto, como um preludio de tudo o que iria acontecer, era esperado por um dia de chuva, mas ela não veio.

Não fizeram nenhuma cerimônia com a minha chegada, eu era apenas mais um deixado ali.

Meus pensamentos estavam todos focados em meus pais. Eu estava sentado na velha escada de madeira. Eu era um garoto tímido, e estar em um orfanato composto apenas por garotas me deixou deslocado. Eu não tinha feito nenhuma amizade ainda. A solidão caiu mais uma vez sobre meus ombros.

Me agarrei a imagem que eu tinha da minha mãe. Eu nunca me acostumaria com a ideia de que eu passaria um bom tempo no orfanato. Não acreditava que uma criança de dez anos de idade poderia ser adotada. Ainda mais eu, que não tinha os quesitos favoritos para ser adotado. Eu era quase raquítico. Mas tinha ela... quais as razões que levariam uma criança da beleza de Sara ainda não ter sido adotada? Ela sim, tinha todos os quesitos preferidos pela maioria dos pais adotivos. Seus olhos me fascinaram desde a primeira vez que eu os vi. Sara estava um pouco agachada, suas mãos apoiadas em seus joelhos, bem na minha frente. Sorriu para mim, me pegando desprevenido.

— Quero te mostrar uma coisa. — Ela correu para trás do orfanato. Olhei em direção aonde ela foi, me sentindo confuso. Olhei para as outras garotas, estavam todas concentradas nas suas próprias brincadeiras. Então a seguir. Apesar de uma força enorme tentar me deixar parado onde eu estava. Aquele seria o início do meu fim.

Umas das coisas que eu mais escutei das outras pessoas do orfanato, era que eu me afastasse de Sara. Como eu queria ter feito isso, antes daquele caótico dia.

O chão se encontrava um pouco lamento devido à chuva do dia anterior, mas eu me encontrara sentado sobre ele brincando com um dos velhos brinquedos do orfanato. Um carro azul que só possuía duas rodas, o azul dele me fazia lembrar-se do gelo de Sara. Era divertido quando ela usava seus poderes escondido.

Uma sombra de uma menina me cobriu, levantei levemente o meu olhar, era Sara que estava ali. Sorri para ela, que não retribuiu o meu sorriso. Havia algo de diferente nela. Algo que fez um arrepio percorrer por todo meu corpo. Ela estava com um olhar determinado, diferente de todos os outros que eu me lembrava de ter visto. Engoli em seco quando Patrícia se aproximou com um grupo de meninas. Seus lábios se abriram levemente e logo em seguida um coro se formou.

— Sopra! Sopra! Sopra! Sopra! — Não precisaram me dizer mais nada para eu entender o que aconteceria em seguida. Mas eu confiava em Sara, tentei acreditar firmemente que ela não faria aquilo comigo. Nós éramos uma família. Nós dois e tia Mariana. Nós não machucamos a família, mas Sara me provou o contrário aquele dia.

Meu coração batia em um ritmo frenético, eu tentava dizer que ela não fizesse aquilo, mas algo paralisou a minha voz, todo o meu ser, da minha boca não saiu nenhum som. Eu tinha a opção de correr, mas meus pés pareciam chumbo. Sara aproximou seu rosto do meu, sem muito esforço soprou seu gelo em minha face, senti o impacto de imediato. No começo só foi uma sensação refrescante, mas breves segundos depois, meu corpo foi tomado por contrações e tremores. Os espasmos vinham ainda mais fortes e frequentes conforme o tempo ia passando. O gelo feria cada camada da minha pele, até chegar aos meus ossos, meus membros endureceram até que senti todos o ar sendo roubado dos meus pulmões, então minha vista escureceu e eu fechei os olhos...

(Completa) Sopro Congelante (Todos os passados)Where stories live. Discover now