24. Sombras

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O Narrador

O clima na cidade estava tenso e estranho para alguns, mas para André e Vanessa já era esperado que as Forças Especiais tomassem reações drásticas. Eles eram assim quando o assunto era os mutantes que agiam fora da lei.

André colocou a taça de vinho vazia em cima da mesinha ao lado da janela. Descumpriu as ordens do doutor Michael em relação as bebidas alcoólicas. Doutor André foi proibido de beber enquanto estivesse tomando remédios. Fazia pouco tempo que ele tinha voltado de um coma, e apesar de ele estar aparentemente forte, tinha que tomar certos cuidados, embora as vezes ele ignorava alguns deles.

Fechou a cortina quando um helicóptero sobrevoou a área da mansão. Sabia que tinha que fazer algo, antes que um dos seus conhecidos saísse machucado. Mas tinham que ser cautelosos.

Foi em direção a Vanessa que se encontrava na sala com a TV ligada. Zapeava o canal, e parecia não ser decidir nunca o que iria assistir.

André estreitou os olhos e cruzou os braços. Vestia um traje branco, que a muito tempo ele não usara. Vanessa voltou sua atenção para ele, não quis perguntar sobre o traje, pois sabia para que propósito ele o vestira.

Não me peça isso, pensou Vanessa ao olhar para ele. Mas André nada disse, ficou em pé, parado, observando a mulher que ele gostava. Amar ele amou só uma, e apesar de ela ter ido embora há muito tempo, sabia que tinha que fazer de tudo para salvar o que restara dela, então não tinha que pedir Vanessa para ajudá-lo.

André sabia como Vanessa se sentia por causa de seus sentimentos não serem tão recíprocos aos delas. André gostava muito de Vanessa, faria muitas coisas por ela, bem, aquelas que estivessem ao seu alcance, mas estava disposto a deixar ela para trás caso não viesse com ele. A escolha é dela, ele não iria forçá-la a nada, embora em seu interior pensasse ao contrário.

— Vanessa, — chamou por ela, apesar de ela estar bem ali, o encarando. — tenho que ir, mas não sei se volto. Agatha e os outros estão em grande perigo. Estão sendo atacados pelas Forças Especiais nesse exato momento. Não posso ficar aqui, apenas assistindo tudo.

Vanessa não disse nada. Mas seu coração estava sangrando, sabia que se deixasse André passar por aquela porta, seria a última vez que iria vê-lo. Pensou que conseguiria aguentar essa perda, mas se lembrou dos últimos sete anos. O tempo que André passou em coma. Ela poderia muito bem ter optado por ir embora, mas não foi. Permaneceu ao seu lado durante todo esse tempo. Leal. Ela só queria que ele fosse assim com ela por pelo menos uma vez, e essa seria a vez perfeita. Mas tinha outros sentimentos ali. Ela até o entendia, embora não concordasse.

André abandonou a garota na porta de um orfanato há vinte três anos. E depois de alguns anos resolveu aparecer, e a proteger a qualquer custo. Vanessa suspirou. Estava cansada. Só queria que André a protegesse apenas uma vez.

André permitiu que os calafrios percorressem seu corpo. Não gostava de ver Vanessa assim, tão para baixo. E quando ele estava usando os seus poderes, era tão mais fácil sentir as suas lutas interiores.

Ele deixou-a. Rumou em direção a porta. Sabia que deveria ser cuidadoso, a qualquer momento poderia ser parado por um deles. Então optou por deixar o carro na garagem. Não sabia quanto tempo levaria para chegar lá, mas esperava que fosse rápido.

— André! — Vanessa o chamou. — Espere! — Completou, ativando o chip, atrás do seu pescoço. Deixou ser coberta de preto dos pés até a sua face. — Você não vai conseguir atravessar a cidade sem mim. – Envolveu André com seus poderes, transformando seus corpos em sombras.

(Completa) Sopro Congelante (Todos os passados)Where stories live. Discover now