8. Onde ele está?

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Agatha

Amo dias ensolarados. Lembro quando Vanessa dizia isso logo quando cheguei na mansão. Era uma forma de ela me irritar com minha presença repentina na casa. Mas hoje ela acordou irritada, e essa não é uma frase que ela repetiria.

Ela tomava um gole do seu chá verde enquanto encarava André, silenciosamente, mas no fundo eu sabia que ela sentia vontade de gritar. Eles eram um casal que se davam bem, apesar da diferença gritante de personalidades que eles tinham.

Embora Vanessa tenha gritado para toda a vizinhança escutar porque ele tinha deixado a janela aberta, André nada fez. Eu tinha acordado sobressaltada, pensando que algo urgente tinha acontecido, mas não, Vanessa estava histérica porque o sol invadiu o seu quarto, a privando de mais algumas horas de sono. Mas eu também sabia que a briguinha dos dois não era somente pelo sol invasor, André estava tramando algo, e dessa vez, Vanessa não compactuava com ele.

Observei os dois enquanto colocava uma fatia de bolo de chocolate em meu prato. Queria perguntar, mas eu conhecia bem os dois para saber que nenhum deles iriam me responder.

O baque de algo caindo sobre o gramado chamou nossa atenção, viramos nossa cabeça em direção a porta que dava acesso a sala simultaneamente. Fui a primeira a deixar a cozinha. Atravessei o espaço que dava acesso a porta de entrada, a abri e corri para fora.

Vasculhei ao redor, e não notei nada de anormal, nenhum mutante ou um agente a vista. Observei o rolo dentro de uma sacola na grama.

— É apenas o jornal! — Gritei para eles.

— E você acha que fosse algo a mais alguém teria deixado você sair dessa maneira. — Vanessa respondeu, e eu ignorei a sua pequena farpada. Ela ficaria assim o dia todo. Mal-humorada.

Ler jornais não fazia parte do meu estilo de vida, não gostava de ler notícias, principalmente as ruins, por isso eu as evitadas. Mas nesses últimos dias que se passaram os jornais se tornaram um ótimo aliado para mim. Principalmente porque através dele posso ficar atenta sobre o que está acontecendo na nossa querida cidade, quem sabe as Forças Especiais já não deram algum passo em nossa direção.

Sentei no piso branco do hall de entrada, e tirei o jornal da sacola transparente que o envolvia. Passei uma olhada rápida nos títulos das páginas, procurando algo relevante, na sétima página, no canto esquerdo, uma matéria pequena, anunciava algo que me pegou completamente desprevenida. Senti um aperto no peito ao pensar em Max, em como ele estaria nesse momento.

— Isso não pode ser possível. — Disse eu num tom de voz baixo.

Li e reli a matéria, querendo realmente acreditar que aquilo não era real. Max teria me dito. Se ele não tivesse me dito por causa de ressentimentos, ele teria dito a alguém, teria dito a Diana, e ela provavelmente teria me falado.

Enrolei o jornal na minha mão, me coloquei de pé, e adentrei a casa. Bati a porta com força, e quando cheguei na cozinha, eles já estavam me encarando, com olhos cuidadosos.

— Você já sabia disso? — Perguntei a André. Ele me olhou confuso, que me fez acreditar por alguns segundos que ele não sabia de nada, mas ele era o André, e tenho certeza que ele tinha conhecimento de tudo que se passava na vida de uma pessoa que de alguma forma tinha algum envolvimento com a minha.

— Não sei do que você está falando. — Seus olhos azuis ficaram suaves.

— O pai de Max.

— O que tem o pai de Max? — Perguntou Vanessa.

— Ontem foi o enterro dele. — Um olhar surpreso cruzou a face dos dois.

(Completa) Sopro Congelante (Todos os passados)Where stories live. Discover now