20. Eleanor Flynn

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Diana

As máscaras servem para isso. Esconder a identidade. Esconder a expressão do rosto das pessoas quando são pegas completamente desprevenidas diante de uma revelação. Mas eu sabia que eles estavam céticos diante do que Stephenie tinha dito. Eu também não acreditaria nela, se dissessem por exemplo, que John entregou um dos seus amigos para as Forças Especiais.

A máscara metade preta e metade branca que Stephenie me deu, era um dos sinais que ela sabia do meu segredo. Era como se ela dissesse que sou metade luz e metade trevas, não posso discordar dela. Pois sou levada o tempo todo para os dois lados.

Tiro a máscara, meu cabelo antes preso pelos meus próprios fios, caem em cascata sobre meu ombro. Não preciso mais usá-la, nem essa e nem a outra máscara, aquela que usava em segredos, aquela que eles chamam de Diana. Deixo a máscara escapar de minha mão, e ela cai no chão, dentro da água que escorre porta afora, como um rio fluindo.

A água é uma boa aliada nesse momento. Com apenas um piscar de olhos, transformo tudo em um campo de energia elétrica, e de repente, bum, acabo com todos eles.

Eles sabem disso? Já se deram conta disso? Ou ainda estão pensando que Max pode estar delirando e que Stephenie pode estar querendo me jogar contra eles, e que ela é realmente a traidora aqui?

Agatha se põe de pé. Tem os punhos cerrados. Sei que está muito zangada. John ainda está perto de mim, um passo na minha frente, sobre sua prancha. Acha mais seguro assim, mas nãos sabe ele, se eles quiserem todo esse lugar pode minar água.

— Max. — Agatha o chama, quer uma confirmação vindo da boca dele, não acredita em Stephenie. — Ela não seria capaz.

— Você não imagina do que ela é capaz. Tem muitas coisas que você não sabe.

A resposta foi o gatilho para acender a fúria de Agatha. Ela era assim, se alguém a magoasse profundamente, machucaria sem pensar. Inconsequente era uma palavra que a definia bem.

Um raio de gelo brilhou em sua mão, fraco, inconstante, apontou-o na minha direção, John saiu da minha frente, tinha os músculos tensos, mas também iria atacar. Suas mãos estavam em chamas, mas ele parecia hesitar. Éramos quase amigos. E isso que o impedia de fazer algo logo.

Stephenie com o pé ferido, flutuava, tão leve como uma pena ao vento. Tinha o rosto debochado.

— Você não vai dizer nada para se defender? — Indagou Agatha, não conseguindo esconder sua fúria por trás da sua voz robótica.

Levei minha mão para trás das costas, deixando eles alarmados. De dentro do bolso do meu jeans, escondido por minha camiseta grossa e comprida, tiro o que decretara o fim do que éramos de uma vez por todas.

— Agente Eleanor Flynn, vocês estão detidos. — Mostro o meu distintivo das Forças Especiais para eles, o silêncio se espalha pelo local. Eu só queria ver por trás da máscara de cada um deles, e para minha surpresa, Agatha é primeira a tirar. Lágrimas rolam por sua bochecha, caindo em gotas na água.

Decepcionada. Vai além dessa palavra o que ela sente por mim nesse momento.

— Me diga que isso é mentira. — Disse ela entre lágrimas. Deu um passo adiante.

— Não de um passo a mais. — Ordeno, tento parecer firme, mas a verdade é que dói, não dá para fingir sentimentos. Por um momento eu pensei que aquilo tudo fosse real, que Agatha fosse minha amiga. Mas ela era só mais um trabalho. Assim como Max, assim como John. E tudo começou por ele.

Alguns anos antes

Quando entrei para academia das Forças Especiais, prometi a mim mesma sempre dar o meu melhor, por dois motivos:

(Completa) Sopro Congelante (Todos os passados)Where stories live. Discover now