Saúde!: Prólogo - Autor: Paulo Vitor Alves - (@Rex-Reus)

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CAPÍTULO - I

Flauta  


— Te ajudar a pegar ratos?

— Sim, por favor... é ajuda para uma pesquisa. — pede Cássio, passando levemente a mão pelo cabelo.

— Ainda é a primeira semana de aula. — Estranha Henrique.

— Eu sei, não é ótimo?!

O garoto dá um suspiro alto e preguiçoso.

— A gente já tá no gramado mesmo. — relutantemente, ele aceita. E logo em seguida, anda em direção à ponte que liga a floresta e a área em que fica o prédio. — Isso não quer dizer que eu seja seu amigo. — ele põe as mãos no bolso e adentra aquele matagal.

Era início da tarde, eles acabaram de ter a primeira aula com Lucas, que foi sobre as principais doenças genéticas dos quatro Reinos.

Henrique era um bom aluno, então ele prestou bastante atenção e observou que ninguém de sua família jamais havia tido alguma daquelas doenças, tanto física quanto mentalmente.

Enquanto andava, percebeu uma movimentação na grama. Ele estranhou ter achado um rato tão rapidamente. Talvez fosse seu dia de sorte.

Então, ele puxou sua flauta de dentro das mangas do casaco e impulsiona as notas com a sua boca. Henrique inicia uma canção antiga de seu reino, que no original, fala sobre uma sociedade onde as pessoas estão presas dentro de uma caixa de vidro. Elas não fazem nada para sair daquele bloco, e apenas sobrevivem usufruindo do que tem ali.

Aos poucos, elas constroem leis, cidades, tecnologia, matemática... e simplesmente ignoram o fato de estarem presas.

A canção penetrante, suave e melancólica atrai um rato cinza de olhos verdes. Ele não fedia, tampouco carregava doenças... assim como todos os animais das florestas desse Reino.

E como se estivesse enfeitiçado, o animal caminhou até Henrique, que se abaixou e mostrou sua mão.

O rato a usou para escalar até seu ombro, um tanto curioso com o novo amigo humano.

— Espera! Quantos preciso pegar? E onde devo colocá-los?

Com o dedo, ele acariciou o bicho.

O flautista deu de ombros e disse a si mesmo para perguntar mais tarde.

Ele pôs a flauta de volta nas mangas e caminha de volta para o gramado do prédio. Ele avistou Cássio tendo uma conversa com um homem de cabelos escuros e olhos claros, brilhantes como estrelas.

O flautista percebeu que eles estavam tendo um tipo de conversa casual, talvez já se conhecessem. O que o levou a pensar isso é que Cássio não parecia tão formal quanto foi quando fez o pedido.

Henrique os deixou lá e foi pro seu próprio quarto dentro da universidade.

Ele cumprimentou Firmino na recepção, que estranhou o rato, mas não falou nada; e Carol, que só deu um oi e parecia ocupada demais para observar ratos no ombro das pessoas.

Carol foi uma amiga que fez durante o teste para entrar na universidade.

Trocaram uns "que saco de pergunta idiota", e uns "espero que possamos nos encontrar lá dentro".

Não foi tão legal quanto ele esperava.

Ao entrar no seu quarto, Henrique pegou sua flauta e tirou o casaco e a camisa, jogando-os na cadeira, perto de uma escrivaninha. O rato saiu de seu ombro e começou a andar pelo quarto como se fosse seu, indo logo pra cama de solteiro.

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