Antologia 2

#PODCAST 1 - Arbítrios

Narrado por: Rozemar Messias 

Título: Arbítrios

Autor: Paulo Vitor Alves( Rex-Reus )

Lucas continua tossindo na palma da sua mão, com cada vez mais violência e desconforto, arranhando demais a garganta e cuspindo saliva, acompanhada de rajadas de sangue.

Ele levanta desesperado por ajuda, derrubando a cadeira e a mesa com violência.

O mesmo aciona seu dispositivo de comunicação localizado no ouvido, enquanto Fábio ri com frieza da desgraça acontecendo.

— Senhor? — disse a voz.

— A... a... ju...

— Desculpe, pode repetir?

Lucas escorrega e ao espatifar o rosto no chão, uma rajada imensa de sangue esvoaça de sua boca, deixando os pulmões e a garganta em chamas. Seus batimentos estavam tão intensos que em segundos ele teria uma parada cardíaca.

— Lucas! Está tudo bem? Lucas?

— A...

Fábio se levanta de sua cadeira e caminha lentamente enquanto Lucas tenta soletrar "ajuda". O irmão do homem de jaleco pega o dispositivo e coloca em seu próprio ouvido, com um sorriso em arco no rosto... e seus olhos... eles brilhavam o dourado.

— A gente quer pedir um favor.

A voz de Fábio era completamente idêntica à de Lucas. Talvez fosse uma habilidade, alucinação, não importa... o rosto do pobre homem estava perplexo e muito assustado. Ele queria escapar daquele sofrimento, daquele inferno de vômitos consecutivos. A porta estava bem à sua frente. Ele só precisava chegar nela, se apoiar e abrir. Era sua última esperança.

— Então, tipo, gostaríamos que chamasse o Dwight, para tratarmos do assunto sobre um experimento que eu e ele estamos fazendo. Diga para que bata à porta antes de entrar; Fábio não gosta de pessoas impacientes.

— Claro senhor.

Lucas começa a rastejar usando as mãos, esperando que seu irmão não percebesse a movimentação. Ele estava a poucos centímetros da porta, ele só precisava do apoio.

— Mais alguma coisa?

Lucas pôs seus dedos na parede e estava pronto para levantar, mas seu irmão forçou lenta e assustadoramente o pé sobre sua coluna, fazendo o mesmo desistir e apagar num sono profundo, sendo seu sangue manchando o chão a última visão antes de isso acontecer.

— Não. Nada.

O dispositivo é desligado.

Dwight está sentado na grama, admirando o dia do lado de fora do prédio. Enquanto isso, Cássio parece tentar encantar um rato enquanto lê um livro sobre, chamado "Caixa de Ratos". Cássio havia dito que não era realmente relacionado aos ratos, mas existia uma crítica por trás de tudo aquilo.

Cássio nunca chegou a explicar qual era.

O rato cinza de olhos verdes parecia inocente e confuso, vendo Cássio fazer movimentos engraçados com as mãos, quase o pegando. Ele estava tendo ajuda de mais três colegas, que já haviam pegado cinco cada naquele dia. Mas o cientista tinha uma certa dificuldade com essas coisas; assim, tornando aquilo mais uma conquista pessoal do que realmente uma simples caça.

Cássio fez um movimento meio brusco com a mão, e o rato fugiu para a água, apavorado.

O cientista suspirou, e caiu na grama também.