17° Dia - 5 Escritores e Histórias

11 2 0
                                    

Titulo: Lembrança

Autora: Alanis Carvalho


Acordei em meio o caos, minha única saída foi sair para pedir ajuda estava tonta e confusa sem saber ao certo oque havia acontecido minha cabeça doía muito não se lembrava de nada, sai sem rumo pela floresta andando com dificuldade a urgência era grande me fez perder o medo acho que a adrenalina faz coisas incríveis, pois eu tinha consciência do meu estado lastimável, mas mesmo assim continuei seguindo em meio à mata fechada.

Aos poucos a imagem de Philip foi voltando e assim revivi o dia em que o conheci, naquela lanchonete no centro da cidade onde eu sempre me sentava sozinha pra tomar meu café forte e sem açúcar, quando ele entrou quase cai da cadeira meu coração literalmente parou, fiquei encantada com aquele homem lindo aparentando uns quarenta anos com a pele escura e cabelos grisalhos, seus olhos eram tão atraentes que eu me perdi naquele instante, quando ele sentou ao meu lado no balcão imediatamente travei, afinal sempre fui tímida e bastante séria, mas logo começou a puxar assunto e sem saber direito como agir fui indo.

A conversa rendeu tanto que ficamos a manhã todos juntos meu cafezinho de todo domingo virou uma aventura, ele me encorajou a experimentar os mais inusitados sabores, eu me sentia uma princesa em sua companhia Philip me tratava de maneira tão especial, nunca em minha vida eu havia me sentido tão à vontade com alguém.

Nosso encontro durou bastante, mas mesmo assim ficamos de nos encontrar novamente à noite, me arrumei como nunca à felicidade e a expectativa eram tantas que se me concentrar posso sentir aquele frio na barriga ate hoje, Philip me levou em um barzinho bem frequentado, a noite foi mágica continuei sendo sua princesa, pois era assim que me chamava, ele me olhou nos olhos e sem dizer uma palavra tirou uma mecha de cabelo do meu rosto e me beijou a partir desse momento me rendi estava oficialmente apaixonada.

Estava tão absorvida que nem vi a noite chegar, acabei me desesperando, pois sempre tive muito medo de escuro ainda mais sozinha e ferida como estava, quando avistei uma imensa árvore logo imaginei que ali poderia ser um abrigo contra o frio e os possíveis moradores nativos da floresta, sempre gostei de programas do tipo que ensinam técnicas de sobrevivência e isso me ajudou a construir um abrigo com os recursos que consegui recolher, depois de pronto me encolhi em seu interior apavorada deitada com frio, fui transportada novamente a aqueles momentos felizes, seu cheiro voltou e me levou junto, voltei a nossa primeira noite em como me senti completa a amada meu corpo pediu seu toque fechei meus olhos de lágrimas e pude ver meu amor me fitando, nossa como eu o amava, minha vida era ligada a dele tinha certeza éramos almas gêmeas e só ao seu lado me tornava inteira, essa sensação me fez adormecer e sonhar, em meus sonhos pude vê-lo, estava bem ali do meu lado estávamos dormindo abraçados como um só.

O dia amanheceu e continuei minha jornada, com a luz pude ver meu estado, estava suja e machucada, mas mesmo assim sabia que não poderia parar, não sabia direito, mas tinha que encontrar ajuda o mais breve possível, a mata foi ficando menos densa assim a caminhada rendia mais, encontrei um riacho e parei para beber água, pois estava extremamente desidratada e faminta, o barulho suave da água trouxe de volta o meu casamento, ai soube o porquê do vestido, mas ainda estava sem lógica à memória afetiva dominava trazendo a música novamente aos meus ouvidos e a dança ao meu coração, lembrei que havia me tornado oficialmente a esposa daquele homem maravilhoso.

Assim tive força pra prosseguir, queria minha vida de volta, e segui até encontrar uma estrada e por ela andei várias horas, minha barriga começou a doer e com as dores vieram às lembranças, da viagem de lua de mel, da felicidade de estarmos juntos naquele local maravilhoso, mas deserto, da chuva, do animal na estrada, do acidente, do carro indo montanha a baixo, do meu amor morto em meio aos destroços, da urgência em pedir socorro, da minha gravidez e finalmente a dor foi aumentando e trazendo com ela um sangramento nesse momento o pânico tomou conta de mim, pois no fundo eu sabia que meu bebê estava morto assim como meu marido, nesse momento toda minha força se esvaiu e ali mesmo fiquei me entreguei.

Antologia 2Where stories live. Discover now