15° Dia - 3 Escritores e Histórias

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Titulo: A Lanchonete do Halloween

Autora: Aline Lazzari


Uma lanchonete diferente

Estranha, mas ao mesmo tempo, aconchegante

Tinha uma caveira desenhada na porta

Dava medo antes de entrar e pedir algo

Ela era toda decorada, sempre para o Halloween

Uma menininha entrou e se desesperou

Com o desenho da caveira logo se assustou

Uma das garçonetes logo a acalmou e serviu uma deliciosa torta de

chocolate

A menina sorriu agradecendo

Pois o medo passou e a gentileza é que contou

Da linda mulher que pela menina se encantou

E que nesse dia divertido no restaurante, todos fizeram a festa

Para a linda menina com doces, brincadeiras e muita alegria

Mesmo com a caveira na porta, a festa era garantida

De um lindo dia especial e legal

Transformando a decoração de dia das Bruxas em algo feliz

Que toda a criança sempre quis.

Que toda a criança sempre quis

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Título: A cafeteria

Autora: Virginia Dal Bo Ribeiro ( @vivi_dalbo )


Essa cidade parecia parada no tempo. Por sinal, ela não lembrava como, exatamente chegara ali, nem há quanto tempo estava ali. Só sabia que vinha nessa lanchonete todas as manhãs. No começo achou que era uma cafeteria retro. Percebeu mais tarde que a cidade toda era como tivesse parado em algum lugar entre os anos 1950 e 1960.

A primeira vez que viu o homem cego entrar tateando seu caminho com a bengala retrátil e sentar em sua mesa, fiquei admirada. A garçonete chegou com um prato cheio de olhos e o homem devorou até restar um que sua saciedade largou no prato. A naturalidade com que depois disso desdobrou o jornal deu a entender que comer os olhos tinha uma certa função em sua fisiologia.

Depois do tal cego. A figura que mais me impressionava nesse looping caótico era a mãe polvo com o filho zumbi. Assim que os nomeei. O menininho foi quem primeiro eu notei por suas feições apáticas, baba escorrendo do canto da boca. Imaginei se o garoto teria alguma doença ou coisa que o valha. E quando o rapazote quase caiu à mãe estivou seu tentáculo impedindo-o de estatelar com a cara no chão. Ele deve cair muito já que sua cabeça está machucada. E deve ser um ferimento recente, sangra profusamente. Um filete escarlate se destaca na bochecha alva do moleque.

Logo que essa mãe entra uma profusão de tentáculos, semelhantes ao braço da mulher surgem do assoalho da lanchonete numa saudação. Minha mente cria a figura de um monstro, metade humana metade molusco. E esta seria sua querida família.

Peço um café com um pedaço de torta de frutas vermelhas. A bebida quente vem primeiro e quando a torta sai da cozinha, a atendente corta uma fatia como se estivesse assassinando alguém. Tenho comigo que estou presa numa dimensão paralela, como no filme Silent Hill. Um leve tremor arrepia os pelos do meu corpo. Um medo de ser o mais novo residente dessa cena ora macabra, ora bizarra. Quando esse pensamento cruzou a minha mente, várias cabeças viram me encarando. Baixo o olhar e encaro meu reflexo no líquido preto e fumegante na xícara à minha frente.

Algo me diz que já sou uma figurante dessa cena.


Titulo: A viagem

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Titulo: A viagem

Autor: Rozemar Messias (rozemar.messias@gmail.com)


Eu parei a moto atrás da lanchonete, dei a volta e entrei rápido pela porta de vidro, olhando diversas vezes para trás, nem sinal deles. Tirei as luvas, enquanto sentava em uma mesa no canto perto da janela, o que me dava uma boa visão da estrada, sem que eu fosse visto de fora.

Estava tão agitada que somente vários minutos depois, corri os olhos pelo lugar. Uma marca de sangue na parede foi o que primeiro me chamou atenção, parecia a palma de uma mão escorregando... estranho. Mas não mais do que minha vida.

Uma garçonete loira, com olhos azuis parou ao meu lado, pedi um café e uma torta, sem olhar para o cardápio. A moça sorriu e enormes caninos brilharam em sua boca, foi um pouco assustador.

Pelo canto dos olhos vi a SUV preta passar na estrada, diminuindo a velocidade, com certeza a minha procura. Soltei a respiração quando aceleraram e continuaram sentido Metrópole.

Continuei a varredura pelo local, notando um senhor com óculos escuros e bengala, o prato dele tinha restos da refeição, olhos cozidos???

Uma senhora preparava um pedido, devia ser o meu, ela cortou uma torta com uma faca de carne, o sangue escorreu pelo prato e meu estômago girou, argh!

Fui atraída pelos gritos de um menino que era puxado por uma mulher, com certeza a mãe, ela tinha grandes tentáculos e assim que ele virou, notei os grandes olhos de peixe e a pele escamosa dele. O garoto não queria sair, mas a mãe argumentava sobre o horário e que estavam atrasados para buscar a irmã dele na escola.

Meu pedido chegou, coloquei açúcar no café e mexi, mas antes de levar a xícara até a boca, ouvi uma voz que saia do vapor do café. O rosto de uma caveira me falou sobre os próximos passos. Eu deveria comer a torta, o sangue funcionaria como uma película protetora, para que eu não fosse rastreada. Segundo a caveira o café iria aliviar o sabor pastoso e grudento da torta.

Eu apenas suspirei, só precisava sair dali com vida e a garçonete me olhava como se eu fosse uma guloseima em uma vitrine. Eu segurei a pistola no bolso da minha jaqueta de couro, tentando me sentir um pouco mais segura.

A ideia dessas férias foi realmente péssima, não via a hora de encontrar Vera e meter uma coronhada na cara dela. Mas ainda faltavam 90 km para nosso ponto de encontro. Senti meu coração apertado ao lembrar de Marco e de como ele foi friamente assassinado por aqueles brutamontes que me perseguiam. Eu não teria o mesmo fim.

Engoli um pedaço da torta e dei uma golada no café, o sabor foi surpreendente, não era ruim, apenas diferente. Eu estava faminta, meus braços e ombros doíam pela longas horas pilotando. Meus olhos pareciam ter areia, já iam para 48 horas sem um cochilo sequer.

Terminei a refeição, me levantei, fechando o caderno com as anotações e seguindo para o caixa. A lanchonete me entregou a comanda para pagamento e junto um número de telefone com o horário, talvez do término do turno dela. Ela me olhava com olhos desejosos e o mesmo sorriso com caninos expostos.

Suspirei. Por que a minha vida tinha de ser tão complicada? Tudo o que eu queria era alguns dias na praia exótica que vi no folder...

Antologia 2Where stories live. Discover now