16° Dia - 6 Escritores e Histórias - Textos inspiradas em músicas

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Titulo: Amor de mentirinha

Autora: Virginia Dal Bo Ribeiro (@vivi_dalbo)

A cada dia Milena estava pior. Ela era minha melhor amiga desde o Fundamental II. Contávamos quase tudo um para o outro. E eu sabia o quanto ela estava afundada naquela depressão. Por isso fiz uma coisa complicada, mas pensei em sua integridade física e emocional. Eu li o diário dela escondido enquanto ela tomava banho um dia desses.

Foi aí que descobri que a depressão da Mih era pior do que eu pensava. E descobri, também, que ela tinha uma quedinha por mim. Eu achei engraçado. Mas, nos víamos todos os dias. E quando não estávamos juntos, trocávamos mensagens pelas redes sociais. Ela conhecia tudo sobre mim. Menos uma coisa. Que até eu estava tentando entender.

De uns tempos para cá percebi que sentia atração por garotos. E tinha um em particular que chamava muito a minha atenção. Rodrigo era lindo. Cabelos castanhos médios e olhos de um verde intenso. Bom aluno. Destacava-se principalmente nas ciências exatas. Eu o considerava um gênio da física. Já que essa era a matéria que eu tinha as piores notas. Tinha um físico de dar inveja e quando entramos no Ensino Médio seus músculos ganharam um destaque ainda maior. Não perdia nada para os atletas da turma.

Já eu era o que se considera, um cara comum. Nem alto nem baixo. Cabelos castanhos. Olhos castanhos. Nem gordo nem magro. Alguém invisível na multidão humana. Tinha um certo destaque em literatura e história. E parava por aí.

A Milena era linda. Super popular na escola. Não era muito alta. Magra. Cintura de pilão. Olhos verdes claros e cabelos ruivos. Era uma ruiva natural. Saca. Que tem sardinhas no rosto e olhos verdes. Inteligente. Simpática. E..... Deprimida. Eu não conseguia entender a depressão. Eu era ignorante sobre o assunto e confundia depressão com tristeza. Como a maioria das pessoas. Mas, pela minha amiga eu fui pesquisar sobre o assunto.

Estávamos no quarto dela. A decoração era bem menininha ainda. A cama estava coberta com uma colcha rosa de babados. Ela tinha alguns ursinhos de pelúcia numa prateleira em cima da cama. Uma escrivaninha daquelas de fechar. Devíamos estar estudando para a prova de matemática. Mas, resolvi falar com ela sobre a depressão.

- Gu.. Para de se meter na minha vida. Eu já estou indo no psicólogo. Graças a sua traição de ir contar pra minha mãe. – Ela sorriu sem alegria.

- Mas, Mih... Dá pra perceber que não está adiantando muito. Será que não é o caso de mudar de psicólogo ou procurar um psiquiatra. Li que muitas vezes a depressão tem causas bioquímicas. Às vezes precisa tomar remédios.

- Nem vem Gustavo. Eu não vou andar por aí parecendo um zumbi dopado. Pode tirar seu cavalinho da chuva.

"Mas, você já está parecendo". Pensei, mas não falei.

- E você não larga esse celular. O que foi? Tá me escondendo alguma paquera? Eu conheço. Pode ir falando senhor Gustavo.

- Não é nada. Só estava pesquisando a matéria da prova. Nada de mais.

Não sei como começou. Eu e o Rodrigo estávamos trocando mensagens. Fizemos parte do mesmo grupo de história e todos compartilhamos o número de celular. Assim, otimizamos as tarefas para a apresentação do trabalho. Logo depois do seminário apaguei os números, mas deixei o dele. E buscando uma coragem que não era minha comecei a mandar textos sobre banalidades. Tipo. "E aí, como foi seu dia". E o mais impressionante foi que ele respondeu e assim chegamos ao ponto de algumas vezes estudar juntos na biblioteca da escola. Eu era um pouco tímido. Aos poucos fui contando coisas minhas; comida favorita, filme favorito, cor, livro... Essas coisas. Coisas de começo de namoro. Sim... Isso martelava na minha cabeça. Mais cedo ou mais tarde teria que conversar com Rodrigo sobre meus sentimentos.

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