Mystical (l.s)

⊱ CAPÍTULO III ⊰

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Episódio: Fell's Church, part 1

Certo, então Harry havia caminhado ferido, por alguns bons metros, debaixo de uma tempestade. Ele com certeza iria até além se o objetivo fosse salvar a vida de Anne, então esse lhe era um fato crível.

Ele definitivamente podia lidar com tudo isso.

Certo, então Harry fitara aqueles que provocaram a morte de sua família e, de alguma forma, os intimidou com apenas um olhar, fazendo com que cerca de vinte homens armados com arcos e flechas fugissem como o diabo da cruz. Era algo que o jovem acreditava que, nem desejando, seria capaz de fazer.

Ele definitivamente não podia lidar com tudo isso.

A primeira coisa que o jovem fizera após recuperar tal lembrança, foi aguardar as costumeiras visitas de Zayn Malik ao hospital para contar-lhe sobre cada mínimo detalhe novo que ele tinha a respeito do acidente. Com a ajuda do jovem advogado, constatou que as flechas disparadas nos cavalos e no cocheiro eram sua melhor chance de conseguir a atenção da Coroa e uma investigação formal, pois elas comprovavam que a carruagem dos Styles capotou na estrada por provocação de terceiros.

Tamanha a decepção de Harry quando o moreno retornou alguns dias depois, informando que nenhum dos ingleses que o ajudaram na ocasião se lembrava de avistar flechas ao se dirigir aos escombros objetivando salvar a vida de Anne.

Em verdade, ele não queria questionar se sua visão da situação fora destorcida pelo trauma, pelo seu estado físico ou seu medo – talvez pelos três – e realmente não queria duvidar de nenhum detalhe de sua lembrança recém recuperada, mas independentemente se tratava-se de uma verdade ou de uma ilusão, tanto ele quanto Malik sabiam que na ausência de uma testemunha que confirmasse os fatos, era o fim daquele plano.

O jovem suspirou enquanto trançava os próprios cabelos longos e oleosos com seus dedos. Ele sabia que Liam e os demais curandeiros estavam cuidando bem dele, mas não é como se eles tivessem o óleo de baunilha de sua mãe, que Harry não tão secretamente aplicava com frequência nas madeixas. Com toda a certeza, Styles teria um ataque de pânico se alguém contasse a ele, alguns meses atrás, o estado que os largos cachos achocolatados se encontrariam. Mas, dadas as circunstâncias, seu cabelo parecia um tanto quanto desimportante por agora, fato que ele constatou melancolicamente.

Passaram-se três meses completos do acidente e, com eles, seu luto.

Harry nunca esqueceria de sua família, mas sabia que havia lamentado apropriadamente por ela, embora não houvesse comparecido ao velório dos corpos devido ao sono induzido dos primeiros dias após o acidente. Ocorre que, o tempo de chorar havia passado, então ele simplesmente se recusava a lembrar de Anne e Dan Styles envoltos em morte, mas sim em vida.

Desta forma, ele finalmente ousou preocupar-se com sua própria segurança.

Harry sabia que o segredo de seus pais estava à solta e que ele se encontrava em desvantagem uma vez não sabendo contra o que lutava. Havia, no entanto, alguém que provavelmente tinha a resposta – seu tio, Desmond Styles.

Não, Harry não recebera nenhuma visita dele nos três meses de tratamento. Não recebera cartas, recados ou sinais e, não fosse pela primeira visita de Zayn Malik, afirmaria com tranquilidade que seu tio realmente não sabia de seu paradeiro.

É claro que, após sua primeira conversa com o advogado dos Styles, o jovem notou a presença de homens robustos que guardavam a entrada dos leitos de forma ininterrupta. Eram tão elegantes quanto intimidantes. Eram, visivelmente, homens sob as ordens de seu tio, o que confirmava as informações dadas por Zayn.