⊱ CAPÍTULO XXIII ⊰

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Episódio: Sorcier

Harry era alguém um tanto quanto persistente.

Em toda a sua vida, sempre que ansiou por algo, conseguiu o que desejava, inclusive no exato momento em que queria.

Bem, naquela noite, estando vestido com roupas quase decentes e finalmente limpo, Styles se sentia como se fosse ele novamente e isso significava que necessariamente conseguiria o que desejava – dadas as circunstâncias seu maior desejo atual não poderia ser outro que não recuperar sua liberdade. Em verdade, quando se tratava de sua independência, a persistência nata do jovem de olhos verdes crescia até beirar a teimosia e, uma vez tendo colocado em mente a ideia de que fugiria, Louis descobriria, em breve, que mais fácil era arrancar a cabeça de Harry dele, do que aquela ideia.

De fato, sua tentativa inicial de conseguir respostas falhara, mas talvez ele não precisasse conhecer o inimigo para manipulá-lo. Isto porque sua arrogância já havia classificado o comandante como uma criatura previsível – talvez não tanto quanto imaginou, afinal o homem surpreendeu ao reconhecer uma obra da filosofia grega, bem como não havia se deixado manipular tão facilmente. Ainda assim, aos olhos verdes, Louis era um bárbaro, retrógrado, literalmente um grosseirão: Harry se considerava superior e, até presente momento, haviam inúmeras situações nas quais ele comprovara tal premissa.

Pois bem, enquanto o comandante escrevia em seu caderno de couro negro até que as vistas azuladas perdessem o foco em decorrência do sono, Styles planejou cada mínimo detalhe de sua nova tentativa de fuga – era, na realidade, um bom plano, então, se executado por ele com cautela, seria infalível.

Quando o comandante finalmente retirou a faixa negra que lhe cobria o rosto e deitou o corpo sob seu leito, sempre de costas para Harry, era o momento do espetáculo final e, felizmente, Styles estava com roupas melhores para tal.

– Não está se esquecendo de nada, comandante? – Harry proferiu casualmente, se referindo à segunda aposta que firmaram naquela manhã. – Eu escolho as correntes dos pés. Elas me incomodam mais, pois atormentam meu sono – ele balançou desajeitadamente os tornozelos enquanto falou, fazendo as correntes tilintarem uma única vez, mas o outro não lhe deu atenção. – Você me deu sua palavra de honra.

A última parte de sua fala fez com que o homem virasse o corpo em sua direção, de forma que pudesse analisá-lo silenciosamente por alguns instantes. Em seguida, o comandante levantou-se de seu leito e caminhou até ele com as safiras apertadas em desconfiança. Por fim, abaixou sobre os próprios tornozelos para que seu olhar ficasse na mesma altura que o de Harry, que, por sua vez, precisou de cada gotícula de controle emocional existente em seu ser para não recuar diante da proximidade indesejada – aquele homem certamente desconhecia o significado de espaço pessoal.

– Me dê, então, sua palavra de honra de que não irá fugir.

Harry internamente gargalhou de forma maldosa – é claro que ele fugiria. A escolha quanto à corrente dos pés era bem autoexplicativa, afinal; contudo, pensou consigo mesmo, "não era como se um ignorante pudesse perceber o óbvio"

– Tens minha palavra de honra, Luke – cruzou os dedos remeter à sua honra em vão e, por fim, fez sua jogada de mestre: se valer do nome do comandante, o qual ouvira Angus proferir na noite anterior, para transpassar confiança ao outro.

Louis, em nenhum momento, cessou a atividade de analisá-lo de forma silenciosa – Harry estava ciente disso, motivo pelo qual não permitiu que sua expressão casta vacilasse. De toda sorte, parecendo satisfatoriamente convencido, o comandante desacorrentou seus pés vagarosamente e o interior de Harry exultou em vitória: ele venceria essa noite e isso sequer exigiu dele muito esforço – o erro dos supersticiosos é que eles acreditam, ainda que tendo todas as razões para não fazê-lo.

Mystical (l.s)Where stories live. Discover now