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Episódio: Lawyer
Ao revelar a Harry com o que sonhava todas as noites, Louis o confundiu completamente.
Para Styles, apenas algo cruel poderia levar a mente de um homem às crises que desencadeavam em Tomlinson a cada noite, então ele não compreendeu porque os pesadelos do homem recaiam justamente na data em que recebera o brasão dos Stuart, pois um brasão real gravado a ferro quente em pele alheia só tinha um significado naquele século: uma solenidade que declarava um homem como soldado da Coroa. O comandante então, na qualidade de estrangeiro, deveria se sentir deveras honrado com aquilo, já que nunca antes o cacheado soube de um homem que integrara as forças armadas que não fossem as de seu próprio reino.
Se Harry fizesse apenas um mínimo esforço mental naquele momento e relacionasse o motivo das crises do homem ao fato de ele nunca se referir a Charles Stuart como pai e à informação de que a família verdadeira de Louis se encontrava viva, ele conseguiria facilmente concluir que havia algo muito errado com a adoção do francês pelo outrora rei escocês; contudo, ele estava ocupado demais pintando Tomlinson mentalmente como seu vilão.
Entenda, a referência que Styles possuía de mal se limitava a um aspecto bibliográfico, o qual determinava, inclusive, que o antagonista se limitava a uma figura cujaúnica história é a tentativa de atrapalhar a história do mocinho.
Bem, eventualmente, o cacheado dormiu e, eventualmente, o comandante cansou de despertá-lo com seu pézinho, mas o homem se recusou veementemente a dormir.
Ele tinha ciência de que seu subconsciente era uma bagunça permanente e que, sem seu caderno de capa de couro negro para relembrar quem ele era, simplesmente não era capaz de se reencontrar em meio ao que era passado e o que era presente – não há como retornar a alguém que você não reconhece como sendo você.
De toda sorte, com o avançar da madrugada, suas pálpebras pareceram pesar toneladas, então preocupou-se: o sono é algo psicológico, um aviso cerebral para que o corpo descanse e recupere as energias gastas – é tudo. Então, em teoria, existe a possibilidade de ignorar a própria mente, porque, tecnicamente, você a controla e não o inverso. Louis sabia disso, pois estudou arduamente sobre todas as áreas do conhecimento humano quando criança, em prol do sonho de adentrar a Academia Francesa como acadêmico de direito ainda que desprovido de patrimônio e título nobres; contudo, na prática, a mente dele já estava sob controle de alguém, alguém que não era ele próprio.
Por todo o exposto, sua melhor chance contra si mesmo era se manter consciente, o que só seria possível se encontrasse algo no qual focar sua atenção.
Assim, certificando-se de que o bruxo se encontrava verdadeiramente adormecido, seus pés se dirigiram até suas bugigangas pessoais quase que por vontade própria, tal qual suas mãos retiraram a liga de renda oculta pelo bolso de seu uniforme.
Ao retornar ao seu leito, não hesitou ao inspirar com vontade o cheiro de baunilha que o tecido emanava, sendo novamente conduzido a uma de suas diferentes lembranças boas, embora comuns:
O pequeno Louis havia fugido de Mark naquela tarde quando este se distraiu, escapando da tarefa de escovar as crinas dos cavalos do estábulo da Academia Francesa para observar a entrada da mesma, com seus olhos azuis brilhando na direção dos estudantes de Direito que por lá transitavam e se algum deles lhe desse um segundo de atenção além do necessário, ele se apresentaria e explicaria que em breve seria um deles também.
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Mystical (l.s)
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