Perfectly Wrong

cap. 9

Enquanto eu dirigia pro trabalho, pensava no jantar que tive com o Dave noite passada. Ele realmente era lindo e engraçado, a comida do restaurante era uma delícia e o papo com o Dave fluía bem, mas eu não conseguia tirar a conversa que tive com o Shawn da cabeça.

Ele era tão irritantemente alto e forte, e achava que o fato de ser o “Shawn Mendes” era o suficiente pras mulheres caírem aos seus pés. Tão convencido.

Dave percebeu que eu estava distante e eu dei a desculpa de que estava cansada.

Perdi a chance de desenvolver algo com ele, tudo culpa do idiota do Shawn.

Cheguei ao prédio e estacionei o carro, quando estava passando pelo hall de entrada vi que o Shawn estava sentado em um dos sofás de espera, conversando com seu segurança, mas continuei andando.

“Bom dia, Ella” ouvi a voz dele, enquanto ele andava rápido pra me alcançar. “Como foi o seu jantar com o Dave ontem?” perguntou, revirando os olhos.

“Bom dia, foi bom, a comida era excelente” respondi e entrei no elevador, ele entrou logo atrás de mim.

“Quero te pedir desculpas” ele falou, olhando pra mim e mexendo no seu cabelo.

“Por qual motivo?” eu tava chocada com o fato dele estar pedindo desculpas.

“Fui invasivo com você ontem, não sou um babaca, só que tive um sonho com você e desde então você não sai da minha cabeça... Tá me matando” ele falou como se fosse a coisa mais normal do mundo falar que sonhou comigo assim do nada.

“Um sonho? Comigo?” gaguejei.

“Sim” ele respondeu, sorrindo.

Eu queria saber como tinha sido o tal sonho mas estava com medo do que ele iria me falar, então ele pegou minha mão.

“Almoça comigo hoje? Prometo me comportar” e sorriu.

“Almoço” não consegui negar, e a ideia do almoço tinha sido minha no dia anterior, então...

Descemos do elevador e eu fui pra minha sala, o Shawn ficou sorrindo dentro do elevador enquanto eu andava o mais rápido possível. O que tava acontecendo comigo?

A manhã demorou uma eternidade para acabar, porém, meio dia em ponto o Shawn estava em pé na minha porta.

“Tá preparada pra uma experiência gastronômica sem igual?” ele perguntou, sorrindo.

“Ai meu Deus” sorri, ele realmente se achava.

O Jake dirigiu o carro do Shawn e nós fomos conversando, ele parecia interessado na minha vida de Londres e até agora não tinha feito nenhum comentário irritante. A comida do restaurante era uma delicia, melhor do que a do jantar de ontem.

“Gostou mais do jantar de ontem ou do almoço de hoje?” parece que ele lia a minha mente.

“Minha ética não vai me permitir responder a essa pergunta, meu jovem rapaz” respondi, sorrindo.

“Você só é 5 anos mais velha que eu, não sou tão jovem assim” ele falou, passando a mão no cabelo, sério, qual era a dele com esse cabelo? E como um cabelo podia ser tão lindo? Era injusto.

“Mas sou mais velha” falei, ainda sorrindo.

“Isso nunca foi um problema pra mim antes” ele sorriu e piscou.

Senti meu corpo queimar. Eu sabia que não devia ter tomado aquelas duas taças de vinho. O que eu respondo diante dessa afirmação? Nada, não tem o que falar.

“Olha só, consegui te deixar sem palavras!” ele comemorou e eu ainda não sabia o que falar.

“Meu horário de almoço já está acabando” falei quando consegui encontrar a minha voz, eu realmente precisava voltar pro escritório.

“Ainda bem que você está com o seu chefe e eu posso te perdoar agora mesmo” ele sorriu.

“Engraçadinho” falei, chamando o garçom para pedir a conta. Shawn não deixou eu pagar nem a minha parte.

“Que tipo de cavalheiro você pensa que sou? Eu jamais deixaria a senhorita pagar a conta do nosso encontro” ele falou tentando ser formal.

“Isso não foi um encontro!” eu respondi séria.

“Então deveria considerar ir em um encontro comigo” ele não parava de sorrir.

“Quem sabe no seu aniversário de 21 anos!” pisquei, e ele revirou os olhos.

“Eu não esqueço das promessas feitas, Ella” e levantou para podemos ir embora.

“E não desiste. E também não faz amizades com mulheres. Estou fazendo uma listinha de coisas que você não faz” brinquei.

“Seria mais interessante uma lista com as coisas que eu faço!” falou baixinho enquanto eu passava por ele para sair do restaurante e quando eu olhei pra ele pra responder, nossos rostos estavam muito próximos, não consegui me concentrar em falar alguma coisa, o hálito dele era uma mistura de vinho e menta, o cheiro do seu perfume invadia cada poro do meu corpo. Por um minuto cogitei a ideia de ceder. Era o vinho falando por mim, só podia ser.

“Vamos, Ella” ele correu a mão pelas minhas costas, me incentivando a andar, e então eu saí do meu transe.