CAPÍTULO DOIS

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CAPÍTULO DOIS

Naquela tarde de sábado, um clima agradável, dando o prenúncio da primavera, perpetuava por toda a cidade, influenciando no ânimo de Amélie para encontrar Ísis, sua melhor amiga, no shopping.

Embora elas conversassem quase todos os dias por aplicativo de mensagens, fazia quase um ano que não se viam. Toda vez que tentavam combinar algo, as datas não eram favoráveis e, por isso, viviam adiando.

Após receber uma mensagem da amiga informando onde a aguardava, Mel logo a avistou. Ísis assumiu um visual diferente da época da graduação: os cabelos estavam compridos, tingidos em uma tonalidade acastanhada, contrastando com a pele negra.

Após trocarem acenos eufóricos, Amélie aproximou-se e se abraçaram, dando gargalhadas. Em seguida, foram para a praça de alimentação.

A princípio, papearam sobre trivialidades enquanto escolhiam em que local pediriam uma porção de filé com fritas, como nos velhos tempos.

— Hum... — Ísis murmurou ao se sentarem, após fazerem os pedidos. — Fiquei sabendo que você virou colega de trabalho da professora Beth, hein?

Mélie franziu as sobrancelhas e deu uma risada.

— Meu Deus, cara! Como você sabe disso, Isinha?

— Ah, amiga, digamos que as novidades voam lá na faculdade, né?! Ainda mais entre a gente, os preceptores de estágio. Os alunos são fofoqueiros. — Mordiscou os lábios volumosos. — Quando ia me contar isso, hein?!

— Uai, então... É que, por enquanto, estou apenas substituindo uma professora. Comecei essa semana e tal — explicou após suspirar, recordando-se do reencontro que teve com Zimermam. — Foi o Thiago quem me indicou. Mas pra falar a verdade, amiga, pensei que eu nem fosse conseguir, já que terminei o mestrado há pouco tempo...

— Ah, você sempre levou muito jeito pra isso — Mel agradeceu com um sorriso. — Mas me diz, como foi esse reencontro de vocês?

— Bem, olha... — deu uma gargalhada. Os dentes alvos harmonizavam-se com o batom carmim — Ela que me viu e veio falar comigo, acredita? A gente se abraçou, conversou um pouco e tal... — Isinha elevou as sobrancelhas delineadas. — Mas a Beth ainda namora aquele cara — franziu as sobrancelhas.

— Ué e daí? — a outra deu de ombros. — Mélie, isso não quer dizer nada, não. Penso que esse reencontro vai ajudar a desenrolar esse lance de vocês. Estão mais maduras, enfim...

— Hã... Não sei, não. A Elizabeth sempre lutou muito contra o que sente, Isinha. E ontem, apesar de ela ter ficado feliz, ainda a vejo resistindo.

— Continuo apostando que ela gosta e não é pouco, amiga. E tipo, eu estou totalmente por fora do lance atual de vocês, mas na época da faculdade, cara, mesmo com medo, ela te correspondia.

— Pois é, é isso que não entendo. Se ela gosta, porque não se entrega? Fica fazendo "cu doce".

— Ah, ué... Ela tem os motivos dela, cara, por mais que a gente não entenda — Ísis deu de ombros, meio incerta sobre a justificativa. — Assim... Não sei muito sobre a Beth. Mas, se não me engano, ela tem quase cinquenta anos. Vem de uma geração bem conservadora e... Você é nova pra caralho, Amélie! Pensa! De repente, você chegou e bagunçou tudo dentro dela!

— Mas Isinha, tem quase uma década que estamos nessa palhaçada! Já perdi a conta de quantos e-mails mandei falando dos meus sentimentos, dos chocolates, presentes, das flores que mandei entregar no aniversário dela, bilhetes e... — Suspirou, hesitando por uma fração de segundos. — E até enviei a droga de um conto erótico que fiz pra ela!

Inesquecível Para Amar (COMPLETO)Where stories live. Discover now