Capítulo 4 - O contrato

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Capítulo 4 – O contrato

Pânico.

Essa era a palavra que resumia o estado de Harry naquele momento. Aquela frase sussurrada com ódio reverberava em sua mente, dava eco em sua cabeça e o fazia querer vomitar.

O homem ainda o segurava firmemente pela blusa, mas ele nem ao menos conseguia vê-lo, já não sabia quem era. Seus olhos, mesmo com os óculos, não conseguiam focalizar seu rosto, parecia apenas um borrão a sua frente. O menino piscou algumas vezes, mas era inútil, nada entrava em foco, só piorava, agora tudo estava rodando.

Antes que pudesse cair Harry segurou nos braços do homem e tentou respirar, mas o ar não queria entrar, ele tentou de novo e mais uma vez o ar lhe faltou. Fechou os olhos e começou a se desesperar com a falta de ar. Suas mãos apertaram com força os braços que lhe seguravam, era seu único ponto de apoio, se soltasse aqueles braços, cairia.

Alguém chamara seu nome, mas era um som tão longe que era mais fácil ignorar do que tentar atender ao chamado. Ouviu seu nome ser pronunciado novamente, porém dessa vez foi bem próximo de sua orelha, em uma voz arrastada e baixa, ainda assim não conseguia se prender ao que era dito. Sabia que alguém comentava algo e que o tom da voz dizia que estava preocupado, talvez até mesmo bravo, mas não conseguia distinguir nada além de seu nome.

Tentou abrir os olhos, mas só o que viu foi um borrão preto.

- Concentre-se, Potter!

Harry ouvia a frase saída da boca do homem que o segurava e ele parecia estar com raiva. Mas por quê? O grifinório tentou se controlar e parar de tremer, precisava que o ar voltasse aos seus pulmões e por isso concentrou-se somente em respirar. Quando sentiu que a visão começava a melhorar arriscou olhar para cima, diretamente para os olhos negros e raivosos de Snape. O menino percebeu que suas mãos apertavam com força os braços do professor, ele por sua vez segurava Harry na altura das costelas, mas suas mãos não o apertavam, na verdade mal queriam tocar-lhe.

Por um momento Harry pensou que conseguiria manter a calma e se controlar, mas no outro a vertigem e o enjôo o atingiram com força o fazendo se inclinar para o lado e despejar seu almoço no escritório do diretor. Enquanto tentava se controlar sentiu que as mãos de Snape ainda o seguravam, dessa vez com mais força afastando sua capa da sujeira que fez.

Harry sentiu ódio daquele toque, nojo daquelas mãos.

- Tire suas mãos de mim! – Disse rispidamente levantando-se e encostando-se à parede oposta.

Somente naquele momento Harry se lembrou que estava no escritório do diretor e que havia outras pessoas no lugar. Rony e Hermione estavam ao seu lado parecendo esperar ele ter um novo ataque para poder ampará-lo, Hermione exibia preocupação, mas Rony demonstrava preocupação, surpresa e até mesmo um pouco de repulsa.

Mas Harry não escolhera aquilo, muito menos que Rony estivesse ali. Ele não tinha culpa do que lhe fora sugerido, ou melhor, imposto. Ele não desejou nada daquilo, só queria continuar a ser ele mesmo, um sextanista grifinório com preocupações simplórias e fúteis. Por que tudo tinha que ser mais difícil para Harry Potter?

Era melhor não pensar naquilo.

Olhou para as outras pessoas. O homem estranho permanecia a um canto olhando para ele sem interesse aparente. Madame Pomfrey estava com a varinha na mão e acabara de limpar a sujeira que Harry fizera. McGonagall não olhava para ele, olhava para Dumbledore e seus olhos estavam tão frios e acusativos como jamais havia visto, se a professora o olhasse daquela forma ele teria muito medo. Mas Dumbledore apenas continuava sentado olhando para o teto, suas mãos estavam apoiando o queixo. Parecia que nada de mais acontecia.

A Lenda (Snarry)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora