Capítulo 15 - Antes do Natal

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Capítulo 15 – Antes do Natal

Apesar de ter passado o dia sem se alimentar por estar ocupado demais para pensar em comer, naquele momento o que menos tinha era fome. Seu corpo estava tenso demais para sentir os incômodos de coisas tão banais e comuns. Sua mente o privava de pensar em qualquer outra coisa além do menino na ala hospitalar. Nem mesmo o andar duro e firme de Dumbledore à sua frente, indicando que o ancião estava nervoso, o incomodava. Naquele momento tudo o que importava era Potter e seu estado deitado naquela cama fria e desconfortável da enfermaria. Nem mesmo soube como chegou à gárgula de fênix, seus olhos não observaram o caminho, seus pés apenas seguiram andando no mesmo ritmo como se pudesse chegar ao fim do mundo. Não se lembrava de ter descido escada ou virado em corredores. Apenas caminhou sem parar até que teve que esperar a escada de mármore aparecer.

Devagar subiu atrás de Dumbledore e entrou no belíssimo escritório fechando a porta atrás de si. O diretor se adiantou e sentou-se em sua cadeira de shintz indicando com o olhar severo que deveria sentar-se na cadeira de sempre em frente a ele. Snape não se negou, apenas arrumou a capa e se sentou cruzando as pernas e encarando os olhinhos azuis como o próprio oceano, porém mais profundo e misterioso do que as cavernas imersas nos confins dos mares. A princípio ninguém falou. Snape permaneceu esperando que Dumbledore dissesse algo, mas o diretor parecia querer apenas observá-lo.

- Me chamou aqui para ficar me olhando? – Perguntou Snape azedo incomodado com o olhar duro que recebia.

- Não, mas às vezes observar é muito mais construtivo do que falar.

Snape apoiou o queixo na mão e permaneceu parado. Dumbledore mexeu-se um pouco e olhou para Fawkes que abriu as asas e soltou um grito agudo e acolhedor. O mestre de poções nunca entendia o que acontecia entre os dois, mas sabia que Fawkes de alguma forma lhe passava algo que somente ela poderia sentir ou saber. Foi dessa forma que Dumbledore o olhou de volta com um pouco mais de calor em suas íris.

- Diga-me, Severus, até quando vai negar a si mesmo o que sente por Harry?

- Não sinto nada além da obrigação para com ele. – Rebateu Snape sem demonstrar qualquer reação.

Dumbledore apenas sorriu e se levantou indo até a janela. Fawkes voou de seu poleiro até o ombro do ancião e apertou suas garras de leve no homem.

- Harry está doente, Severus, e é por culpa sua.

- Explique.

- Bem. – Começou Dumbledore soltando o ar e virando-se para o mestre de poções. – Harry é o descendente da princesa da vida. Ele é, em toda a sua existência, a personificação do amor e da bondade. Por mais que tenha seus defeitos e suas outras qualidades, o que mais predomina em sua existência é a vontade de amar.

- Como sempre o amor. – Ironizou Snape.

- Sim, como sempre o amor. Pois é isso que Harry é. Sua alma é pura e necessita de amor sincero para permanecer vivo. A carência que vimos é puramente natural nele.

- Então não deveria tê-lo obrigado a se casar comigo, pois isso é o que ele não conseguirá.

- Meu caro, ele já conseguiu.

Snape estreitou os olhos e os endureceu ao olhar para Dumbledore.

- Sabe por que te escolhi para se casar com ele e ser o pai da herdeira?

- Ainda me pergunto o que se passou por sua cabeça para tomar tal decisão insana.

Dumbledore voltou a se sentar ainda com a ave em seu ombro. Lançou um olhar intenso à Snape e depois sorriu.

A Lenda (Snarry)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora