Capítulo 37 - Amor

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Capítulo 37 - Amor

Sua cabeça doía imensamente, parecia que alguém havia perfurado seu crânio com uma adaga de prata e a rodado atingindo também seu cérebro que demorava a processar as imagens diante de seus olhos semicerrados. Seus pulsos estavam rasgados pelas cordas que os prendiam juntos e pelas inúteis tentativas de se soltar que só fez com que ficasse mais apertada. Havia uma mão em seu cabelo puxando-o com força quase arrancando-o de seu coro cabeludo. Sabia que era um dos sequestradores, pois ele fedia a suor, sujeira e sangue, seu sangue.

Um gemido ao lado o informou que Hermione acabara de levar um tapa na cara, foi bem forte devido o estalo que ouviu, provavelmente cortou-lhe o lábio perfeito e fez o sangue sair. A raiva esquentou dentro de si por isso. Hermione, sua querida Hermione, presa, machucada e visada por Belatriz que em sua loucura desejava arrancar-lhe a alma se fosse preciso para saber sobre a espada. Rony estava muito quieto, mas era possível sentir seu nível de magia de longe, estava muito intensa devido sua raiva e preocupação com Hermione. Sabia que não havia nada mais do que isso na mente dele e que não poderia contar com ele para pensar em um plano para fugir daquele lugar, muito menos com Dino ou Grampo. Era tudo por sua conta, estava tudo em suas mãos e na de Draco que evitava o olhar enquanto seu pai insistia que ele deveria reconhecê-lo.

Os olhos cinzentos estavam tão confusos, tão lotados de ressentimentos e medo enquanto analisava seu rosto evitando seus olhos verdes. Draco sabia que era ele, o reconheceu no momento em que o levaram para aquela sala, então por que não falava logo que ele era Harry Potter? Eles estavam com o grande alvo de seu mestre, o maior empecilho para que Voldemort vencesse, por que Draco nada dizia?

Foi então que se recordou do dia no alto da torre, Draco estava lá, diante de um Dumbledore machucado, fraco e vulnerável sem sua varinha e, no entanto, ele não tivera coragem, seu braço estaria baixando, aos poucos o menino loiro que carrega em seus ombros o fardo dos Malfoy deixaria sua varinha cair e então Dumbledore acabaria conseguindo vencer os comensais que estavam ali, porém antes que o menino se entregasse a sua fraqueza eles chegaram e arrancaram de si a possibilidade de terminar aquilo de outra forma. E então chegou ele, caminhando firme e com o rosto duro até diante do diretor. Harry se lembrava muito bem daquele andar e daquele rosto, pois o assustava todas as noites em seus pesadelos e agora que estava novamente diante dele parecia que estava dentro de um horrível e vívido pesadelo que caminhava em sua direção com olhos profundos e vazios, tão negros quanto a própria morte.

Os olhos de Harry não conseguiam se distanciar daquela visão, não conseguiam disfarçar os batimentos cardíacos que se aceleravam a cada passo que o homem dava para dentro da sala, devagar com passos tão silenciosos como somente ele sabia dar. Todos se calaram no momento de sua entrada, mas para Harry isso era indiferente, pois mesmo que uma guerra estivesse acontecendo ao seu redor, tudo o que conseguiria ver ou ouvir seria Severus Snape.

Hermione se mexeu inquieta ao seu lado, o medo dela passava para seu corpo como uma brisa congelante. Queria dizer a ela que se acalmasse, que nada iria acontecer, mas não conseguia abrir a boca, somente olhá-lo entre as fendas de suas pálpebras inchadas. Draco se afastou indo para uma poltrona no canto da sala aproveitando a distração de todos para se esconder e ser esquecido. Esse ato fez Harry ter uma melhor visão do corpo masculino em pé na sua frente. Ele estava bem, em perfeito estado na verdade, o mesmo Snape de sempre, o mesmo comensal que conhecia, seu marido. Harry balançou a cabeça, não podia pensar nessas coisas, não podia permitir que alguém soubesse disso, acabaria pondo tudo a perder, Voldemort não conseguiria ler sua mente, mas os outros sim e bastaria uma pequena olhada de Belatriz para que tudo estivesse acabado naquele mesmo instante. Precisava pensar em outra coisa, mas quanto mais tentava, mais pensava nos momentos dos dois juntos. Não podia, tinha que se acalmar.

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